O Litoral gaúcho entrou na terceira semana de veraneio, mas nem o comando da Operação Golfinho nem as prefeituras sabem exatamente quantas guaritas não têm salva-vidas. Na segunda-feira, vários pontos não tinham socorristas à beira-mar, problema admitido pela Brigada Militar. É uma situação que parece repetir a crise de 2007, quando uma em cada três guaritas estavam vazias no Litoral Norte por falta de efetivo.
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Na temporada atual, porém, as explicações variam a cada dia. Na semana passada, a motivação era o atraso na formação dos socorristas. Desta vez, a ausência dos profissionais tem relação com folga do efetivo de segunda a quinta, o que esvazia as torres de observação sempre no início da semana. É uma sistema adotado para garantir o atendimento aos finais de semana, conforme a Operação Golfinho.
Outra nova explicação: não foi concluída a manutenção de muitas guaritas, uma responsabilidade das prefeituras. Sem espaço adequado, ficaria inviável colocar um profissional de prontidão. Em Capão da Canoa, por exemplo, seis guaritas das 32 ainda dependiam de reparos e realinhamento de estrutura no auge da estação. Duas foram desativadas a pedido dos bombeiros por falta de efetivo, segundo o município.
A prefeitura de Arroio do Sal não respondeu ao Pioneiro sobre a situação das guaritas. Torres, por meio da assessoria de imprensa, informou que as 22 torres de observação estavam em dia e há socorristas suficientes.
Um novo relatório sobre a situação das 228 guaritas no Litoral Norte deve ser divulgado nesta terça-feira pela Operação Golfinho. A partir daí, será feito um novo planejamento pelo comando e a situação pode normalizar.
- Alguns municípios não concluíram a manutenção. Não tenho a quantidade. Com isso, acaba não tendo como ativar determinado posto - diz o coordenador operacional da Operação, major Julimar Fortes.
ONDE TRAVA
Manutenção precária: antes do veraneio, o Corpo de Bombeiros entregou um levantamento prévio sobre a situação das 329 guaritas do Litoral gaúcho e dos balneários internos. O relatório apontou a necessidade de reformas na maioria das estruturas, o que incluía recomposição de telhado, pinturas e realinhamento das torres, entre outros. Nem todas as prefeituras concluíram a manutenção. Até ontem, por exemplo, não havia certeza de quantas guaritas estavam disponíveis. Sem uma estrutura adequada, a Operação Golfinho diz que não tem como designar salva-vidas, o que deixa praias desguarnecidas. Um novo levantamento deve ser divulgado hoje.
Baixo efetivo: há diárias para o pagamento dos salva-vidas, mas o Estado não tem servidor sobrando para preencher o quadro no Litoral. Até o final do ano passado, quase 2 mil servidores da Brigada Militar (que abrange o Corpo de Bombeiros) entraram para a reserva da corporação. Desse total, pelo menos 120 eram bombeiros. Em contrapartida, não houve ingressos de novos servidores tanto na BM quanto nos bombeiros. Atualmente, são cerca de 21 mil homens e mulheres nos quadros da BM, sendo que cerca de 2,5 mil atuam nos bombeiros. Boa parte do quadro dos salva-vidas no Litoral é composto por soldados e oficiais que atuam em outros municípios.
Planejamento tardio: com a contenção de despesas do Estado, não havia certeza de quanto recurso seria empregado na Operação Golfinho. O dinheiro é usado no pagamento de diárias de servidores da BM e dos bombeiros, e também na contratação temporária de salva-vidas civis. Em novembro, o Estado abriu edital para o chamamento dos civis, com 15 dias de prazo para inscrição no processo seletivo, o que foi considerado tarde pelas associações de classe. O governo também reduziu pela metade o total de vagas reservadas para os civis, passando de 600 para 300. A Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul defende que o planejamento deve começar ao final do veraneio para estimular o interesse dos salva-vidas civis e garantir a Operação Golfinho.