Enquanto Caxias do Sul cresce em ritmo acelerado, um dos principais modais de transporte parece quase parado no tempo. Entre a primeira decolagem do Aeroporto Regional Hugo Cantergiani para São Paulo, às 16h45min do dia 18 de fevereiro de 1988, e hoje, o número de voos aumentou apenas para três. Do início dos anos 1990 para cá, a população caxiense saltou de 290 mil para 470 mil, segundo o IBGE, mas o atendimento do terminal não progrediu na mesma velocidade.
Aualmente o aeroporto embarca de 500 a 600 pessoas por dia. Esse número poderia ser muito maior. Apenas a linha de ônibus do Expresso Caxiense que vai até o Salgado Filho, em Porto Alegre, vende cerca de 200 passagens diariamente. Contando apenas esse meio, mais de 70 mil pessoas ao ano viajam à Capital para pegar um avião, por preço ou segurança de que a aeronave vai decolar.
INFOGRÁFICO: o Aeroporto Regional Hugo Cantergiani em números
Para pilotos com experiência na pista caxiense, a operação aqui é segura, embora a estrutura não seja a mais moderna, se comparada a outros aeroportos Brasil afora. O Hugo Cantergiani é homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A prática de quatro anos na aviação comercial e três na executiva permite ao piloto Gabriel Marchesini alertar:
- Opera-se dentro da margem de segurança aceitável. Existem equipamentos mais modernos, e nos próximos anos vai ser exigido da prefeitura e do Estado que se faça adequação. Vai se chegar um dia à condição que ou a gente moderniza ou vamos perder a certificação.
A sala-rádio do Hugo Cantergiani, de onde partem orientações para pousos e decolagens, opera com aparelhos da década de 1980. Entre fevereiro e março deste ano, funcionou sem barômetro (altímetro), porque o aparelho, responsável por medir a pressão atmosférica, estava fora dos padrões de segurança da aviação.
Para Marchesini, o horário de funcionamento da sala-rádio é outro percalço.
Atualmente, ela opera apenas uma hora e meia além do expediente de voos comerciais.
- O aeroporto hoje opera sob regras visuais e instrumentos. Para operar por instrumentos, o aeroporto precisa da rádio. Hoje se faz um contato com a empresa responsável pela rádio, se faz extensão do horário da rádio, e isso retorna em custo. Já teve empresa (voo de táxi aéreo) que foi a Porto Alegre (pousar) porque a rádio aqui não estava ciente - relata, acrescentando a iluminação antiga e a pista estreita como outros percalços.
Sem a possibilidade de ampliação do Campo dos Bugres, como o terminal também é conhecido, os caxienses vivem em compasso de espera. Como a expansão urbana e a BR-116 cercam a área, não há para onde crescer. Enquanto o projeto de Vila Oliva não sai do papel, o Hugo Cantergiani sobrevive. E pode melhorar.
*Colaboraram André Fiedler (Rádio Gaúcha Serra) e Jean Prado (RBS TV)