Supostas irregularidades na contagem dos votos na eleição para a presidência da União das Associações de Bairros (UAB) de Caxias do Sul resultaram na apreensão de urnas e documentos. A ordem da 5ª Vara Cível foi cumprida por oficiais de Justiça na sede da entidade comunitária, na madrugada desta segunda-feira. A votação ocorreu no domingo e elegeu o microempresário Flávio Fernandes, líder da Chapa 10.
A ação é movida pelo advogado Samuel Vieira Souza, representante da Chapa 20, que perdeu o pleito. Segundo Souza, fiscais perceberam que diversas cédulas estavam sem a assinatura do presidente de mesa da seção correspondente. A apuração ocorreu na sede da UAB, no bairro Panazzolo.
Pelo regimento da eleição, as cédulas deveriam ter a rubrica do responsável para evitar fraudes. Os eleitores puderam confirmar a preferência em 45 urnas eletrônicas ou 155 urnas de papel. Flávio Fernandes recebeu 9.345 votos, contra 3.681 da chapa presidida pelo comerciante Itacir Pegoraro.
- Constatamos esse problema em quatro ou cinco urnas. Comunicamos o fato à comissão eleitoral, mas não houve análise. Depois, a própria comissão mandou que os votos sem rubrica fossem considerados como válidos - aponta o advogado.
Outro equívoco envolveria número de votos bem acima do total de votantes inscritos em determinadas seções.
- Como não houve a análise da comissão sobre os problemas durante a apuração, a Chapa 20 se sentiu prejudicada. Pedimos a apreensão das urnas irregulares, de computadores e de documentos para provar as irregularidades. Provada a irregularidade, vamos pedir a anulação do pleito - adianta Souza.
O material apreendido foi recolhido para um depósito da Justiça. A quantidade de urnas e votos a serem avaliados ainda não estão esclarecidos. Também não há prazo para análise da documentação no processo.
O presidente da comissão eleitoral da UAB, Vilmar Boschetti, admite que várias cédulas não tinham assinatura do presidente da mesa, mas isso não configuraria fraude:
- Comparamos os votos com as assinaturas dos eleitores na lista. Não detectamos falsificação ou má-fé. E esses votos sem rubrica eram para ambos os candidatos. Esse tipo de confusão pode ocorrer porque boa parte da votação foi pelo método antigo, com papel e urnas de pano. Sem contar que nem todos os envolvidos têm experiência.
Ainda segundo Boschetti, a comissão foi transparente e desconsiderou nove urnas que tiveram votos acima de eleitores inscritos.
- A comissão não se mostrou omissa, talvez tenha faltado comunicação entre as partes - lamenta Boschetti.
Além da presidência da UAB, também foram escolhidos os presidentes de 204 Associações de Moradores de Bairros (Amobs). As Amobs Cruzeiro e Vila Leon não tiveram eleição.
A VOTAÇÃO:
- 13.026 votos válidos
- 718 votos nulos
- 272 votos em branco
O número de eleitores que compareceram no domingo tem discrepância. Vilmar Boschetti diz que 14.642 confirmaram voto, mas no domingo a UAB informou que foram 14.039 votantes. Segundo Boschetti, a divergência é possível pois ocorreu erro na contagem dos mesários. De acordo com o presidente da comissão eleitoral, os dados corretos serão esclarecidos em um novo levantamento.
