Por mais que o número de mulheres caxienses ao volante tenha aumentado 38% nos últimos sete anos, ainda existem as que se sentem receosas na hora de pegar a direção. Enfrentar a Sinimbu em horário de pico - ou até mesmo o simples fato de arrancar o carro - podem fazê-las preferir aposentar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Mas esse público não tem motivo para sentir só: anualmente, pelo menos 300 pessoas procuram o consultório da psicóloga Stelamaris Zanatta, especialista em medo de dirigir, para pedir socorro. Deste número, 295 são mulheres. Depois de quatro meses de tratamento, a maioria dos pacientes se sente pronto para se arriscar nas ruas caxienses.
É o caso da enfermeira Néler Natali da Silva, 39 anos, que hoje se exibe em um Fiat Uno pelas ruas caxienses. Néler, no entanto, lembra que nem sempre foi assim. O carro zero quilômetro permaneceu com a quilometragem intacta por mais de um ano. Só de pensar em virar a chave do carro, começava a tremer. Quando procurou ajuda profissional, deu o primeiro passo para a grande mudança da sua vida. Além de ganhar confiança e deixar de depender de dois ônibus para chegar ao trabalho, emagreceu mais de 30 quilos - e recuperou a autoestima, sentindo-se uma mulher independente e vencedora.
- Me transformei em uma nova mulher. Viajei até a Fronteira para ver minha família nas férias, e ninguém acreditou que eu chegasse até lá sozinha. É uma superação - afirma Néler.
Além do suporte psicológico, Néler participou de aulas práticas com a instrutora de trânsito Deise dal Ri, que trabalha em parceria com Stelamaris. São 20 encontros que começam com terapia e terminam em uma volta às 18h da Sinimbu em um dia de chuva. Pode ser com o carro da condutora ou da instrutora: o ciclo só se encerra com a instrutora escoltando o carro da condutora nos primeiros dias em que sai para atividades da rotina, como ir ao Centro.
- Dirigir tem que ser prazeroso e é um direito de todas. Se organizando bem dentro do carro e tendo controle dos pedais, fica muito mais tranquilo - ensina Deise.
>> Não crie pânico*
:: Organize-se dentro do carro. Arrume os espelhos, ajeite o banco, treine os pedais.
:: Repita o movimento de arrancar o carro e pará-lo, para dar partida novamente, quantas vezes for preciso. Vá em regiões como bairro Panazzolo, Santa Catarina, e treine com paciência.
:: Caso você tenha pânico de ruas mais movimentadas, como Sinimbu ou Júlio, dirija até aquela rua em horários menos movimentados. Assim, você se habitua com a via e, quando não tiver como escolher o horário que passará por lá, não se assustará.
:: Não dê bola para conselhos de amigos ou da família quanto à forma de dirigir. Cada um tem seu jeito e seu tempo para aprender. O movimento de arrancar o carro, por exemplo, torna-se automático a partir das duas mil vezes.
* Fonte: Instrutora de trânsito Deise dal Ri
Dia Internacional da Mulher
Serviço em Caxias do Sul ajuda motoristas a vencer o medo de dirigir
Anualmente, uma especialista em medo de dirigir atende em média 295 mulheres
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