A reintegração de posse temida pelos moradores do Vila Amélia, e que motivou bloqueio de ruas na manhã de terça-feira, é movida pelos donos da área privada. O processo tramita desde 2008, segundo a prefeitura.
O temor popular aumentou nos últimos dias. O presidente da Associação de Moradores do loteamento, Dirlei da Rosa e vizinhos, relataram que supostos oficiais de justiça teriam informado a remoção de 104 famílias. Eles relataram que esses oficiais fotografaram casas e comunicaram que o desmonte das estruturas seria em algumas semanas. Essa notificação teria sido extraoficial.
Indignados, os manifestantes bloquearam as ruas Cristiano Ramos de Oliveira, Aída Ester da Rosa Del Canale e Laurindo Grazziotin por algumas horas nesta terça-feira. Quatro ônibus da Visate ficaram retidos. A Brigada Militar e a Guarda Municipal acompanharam a mobilização.
Os organizadores do manifesto, porém, rechaçam a participação de moradores no atentado contra a Visate.
- Não posso responder por quem eu não conheço, mas nossa manifestação é totalmente pacífica. Posso garantir que somos pessoas de bem e nenhum participou disso - ressalta Dirlei da Rosa.
De acordo com a ex-presidente do bairro, Izabel Cristina Weber, a comunidade pediu apoio da prefeitura para transferir as famílias para outro local. Em reunião na tarde de terça-feira, o secretário municipal da Habitação, Renato Oliveira, prometeu identificar quais moradores estão ou não cadastrados em programas habitacionais.
Isso não quer dizer que haverá distribuição de casas ou terrenos. Na prática, muitas famílias vão ter que aguardar na longa fila da casa própria: são mais de 8 mil famílias de baixa renda interessadas em imóvel.
- Um topógrafo contratado pela família dona do terreno invadido fará uma medição até o próximo sábado para saber exatamente quantas casas estão irregulares. A partir daí, poderemos trabalhar no cadastramento e encaminhar para os programas - diz Oliveira.
Em 2013, cerca de 20 famílias já haviam sido retiradas do loteamento por ordem da Justiça.
É delicada a situação habitacional de moradores do Loteamento Vila Amélia, comunidade onde um ônibus da Visate foi alvo de atentado na noite de segunda-feira, em Caxias do Sul.
Seriam cerca de 70 famílias assentadas irregularmente em área da União, junto aos trilhos da antiga ferrovia, e outras 20 em um terreno particular. A invasão fica no entorno da Rua José Perini, via onde o ônibus da Visate foi incendiado.