A tão esperada passarela do Km 146 da BR-116, em Caxias do Sul, recém foi instalada e já provoca questionamentos sobre a utilidade da estrutura e a possibilidade do espaço atrair drogados e assaltantes. A prefeitura admite apresentar complementações do projeto.
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Parte dos comerciantes e moradores do São Ciro está descrente. Além da falta de muros no meio da pista para impedir a travessia de pedestres nas proximidades da passarela, eles temem a insegurança. Essa possibilidade se deve à posição das rampas de acesso, especialmente a que fica ao lado da empresa Agrale (foto abaixo).
Ali, as pessoas serão obrigados a circular por um trecho cercado por área verde e pouco visível para quem está no lado externo. Outro detalhe é a distância a ser percorrida de um lado a outro da estrutura: 225 metros. O percurso compreende 33 metros sobre a BR, mais 96 metros de cada lado nas rampas de acesso.
- Quem vai ter vontade de caminhar digamos 300, 400 metros para chegar na passarela e depois andar todo esse percurso para chegar ao outro lada pista? Pouca gente, creio - diz Sandro Bossardi, usuário habitual da rodovia.
Amigo de Sandro, o construtor Vilmo Giovani Borsoi, 38 anos, acompanhou a instalação da passarela na manhã deste domingo com ceticismo. Para ele, somente lombadas (quebra-molas) na pista trariam segurança aos pedestres porque forçariam a redução de velocidade dos condutores. O pai dele morreu atropelado na BR-116, no bairro São Ciro, em 1985.
- Aqui perdi meu pai, vizinhos e conhecidos, todos atropelados. Duas lombadas de cada lado resolveriam bastante. Se deixar, a passarela vai virar um ponto de encontro para drogas e roubos - critica Borsoi.
Dono de um comércio há 13 anos no Km 146, Diego Rizzo, 31, é mais otimista. Ele trouxe o filho Theodoro Rizzo, dois, para assistir o momento em que o guindaste içou a estrutura de 10 toneladas sobre a pista:
- É uma obra importante para todos. Tem momentos nos horários de pico que só isso vai ajudar.
O secretário municipal de Trânsito, Manoel Marrachinho, também acredita que somente muros de contenção poderão impedir a travessia de pedestres nas proximidades da passarela. O divisor precisaria ter altura suficiente para desestimular pessoas a cruzar a estrada e favorecer a adesão ao equipamento. As muretas ficariam no canteiro central e abrangeriam pelo menos 500 metros de extensão nos dois sentidos da estrada.
- A tendência é de que as pessoas passem por baixo da passarela, é assim em qualquer parte do mundo. Depois de liberada a passagem pela passarela, vamos avaliar o comportamento e decidir se é isso é necessário - anunciou o secretário.
A implantação desses obstáculos, porém, depende de negociação com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Questionado sobre a segurança, Marrachinho adiantou que haverá projeto de iluminação nas rampas. Ele admite que haverá insegurança, mas o percentual de uso dos pedestres deve ficar concentrado durante o dia, quando a presença de suspeitos é geralmente menor.
Na próxima terça-feira, se não chover, a Toni Incorporadora vai assentar as placas de concreto sobre a passarela. Essa etapa deve ser concluída em uma semana e exigirá bloqueios parciais da rodovia. A previsão é entregar a obra à prefeitura daqui a 30 dias. O município implantará corrimões e finalizará outros detalhes paralelamente.
- Felizmente a operação deste domingo foi rápida e dentro do esperado. Vamos conseguir entregar essa obra tão aguardada pela população há tempos _ disse o sócio da construtora, Luiz Fernando Toni.