O suspeito de matar duas mulheres e jogá-las na represa do Maestra é descrito como um bom pai, trabalhador e religioso. Por esse motivo, a notícia de que ele está sendo investigado pelos crimes surpreendeu familiares em Caxias do Sul e no Paraná. O rapaz de 23 anos tem passagem na polícia apenas por uma briga, segundo a Polícia Civil, mas o envolvimento em outros delitos fora do Rio Grande do Sul ainda não foi averiguado.
Ele fugiu para o Paraná no dia 18 de agosto ao saber que era procurado pela morte de Rosângela Consoli dos Santos Alves. Abandonou a cidade levando roupas, documentos e um carro. Alegou a familiares do outro estado que estava com medo e não sabia os motivos da suspeita da polícia.
Sua relação com Caxias é recente. Natural de Santa Izabel do Oeste (PR), ele se mudou para a região há sete anos em busca de trabalho a convite de um tio. Na cidade, se estabeleceu como pedreiro. Em seguida, conheceu a atual companheira em um baile e mentiu a idade logo no primeiro encontro: garantiu ter 20 anos, mas recém havia completado 16. Da relação nasceu um menino, hoje com seis anos. A mulher é quatro anos mais velha do que ele.
Antes de ser apontado como suspeito pela polícia, o rapaz tinha o costume de sair à noite. Para a mulher e sogros, dizia ser frequentador de bares e omitia a preferência pelos bailões. Nessas ocasiões, voltava para casa alcoolizado, geralmente de madrugada. Era quando o outro lado de sua personalidade aflorava: proferia palavrões, gritava e, à vezes, batia a própria cabeça contra a parede numa espécie de martírio.
Ninguém, porém, desconfiava dos relacionamentos extraconjugais. O consumo de álcool e as explosões de raiva extrapolaram nos últimos meses, uma situação que coincide com o sumiço das mulheres e a localização dos corpos na represa. Sóbrio, retomava a imagem de rapaz tranquilo.
- Fiquei sabendo que ele estava envolvido pela TV. Na hora, eu identifiquei ele e fiquei apavorada - conta uma familiar que pediu para não ser identificada.
Ele também tratava o vício com álcool com ajuda de terapeutas e com apoio de uma comunidade evangélica. Contou para a família em Caxias que bebia desde os cinco anos, um problema não confirmado por parentes do Paraná. Antes de ser investigado, o jovem trabalhava como pedreiro em Caxias. Morava com a mulher e o filho no porão da casa da sogra, em um bairro da Zona Norte. Só deixava de comparecer ao trabalho quando escapava para as noitadas.
No dia 18 de agosto, a polícia divulgou as imagens da última vez em que Rosangela Consoli dos Santos Alves, 45 anos, foi vista com vida em Caxias do Sul.
Segundo familiares, o rapaz cresceu em um lar conturbado por brigas, mas jamais demonstrou comportamento anormal na infância ou adolescência. Depois da separação dos pais, morou um período no Mato Grosso. De lá, veio para Caxias.
Na igreja que frequentava havia cerca de três anos, era visto como um jovem calado e reservado. Se afastou dos cultos durante alguns meses e retornou recentemente para participar dos encontros religiosos e buscar aconselhamento. Gostara de frisar sua espiritualidade na página que mantinha em uma rede social.
- Tem uma coisa na personalidade dele: bota uma ideia na cabeça e ninguém tira. Se alguém fala ao contrário, ele vai lá e faz - conta outra familiar.
Além da morte de Rosângela, o rapaz é suspeito de ter assassinado Vanessa Gobetti Jiordani. A polícia investiga ainda a ligação com o possível assassinato de uma mulher cujo corpo foi também foi retirado das águas da represa do Maestra, em fevereiro.