Adriano Duarte
O suspeito de matar duas mulheres e jogá-las na represa do Maestra é descrito como um bom pai, trabalhador e religioso. Por esse motivo, a notícia de que ele está sendo investigado pelos crimes surpreendeu familiares em Caxias do Sul e no Paraná. O rapaz de 23 anos tem passagem na polícia apenas por uma briga, segundo a Polícia Civil, mas o envolvimento em outros delitos fora do Rio Grande do Sul ainda não foi averiguado.
Ele fugiu para o Paraná no dia 18 de agosto ao saber que era procurado pela morte de Rosângela Consoli dos Santos Alves. Abandonou a cidade levando roupas, documentos e um carro. Alegou a familiares do outro estado que estava com medo e não sabia os motivos da suspeita da polícia.
Sua relação com Caxias é recente. Natural de Santa Izabel do Oeste (PR), ele se mudou para a região há sete anos em busca de trabalho a convite de um tio. Na cidade, se estabeleceu como pedreiro. Em seguida, conheceu a atual companheira em um baile e mentiu a idade logo no primeiro encontro: garantiu ter 20 anos, mas recém havia completado 16. Da relação nasceu um menino, hoje com seis anos. A mulher é quatro anos mais velha do que ele.
Antes de ser apontado como suspeito pela polícia, o rapaz tinha o costume de sair à noite. Para a mulher e sogros, dizia ser frequentador de bares e omitia a preferência pelos bailões. Nessas ocasiões, voltava para casa alcoolizado, geralmente de madrugada. Era quando o outro lado de sua personalidade aflorava: proferia palavrões, gritava e, à vezes, batia a própria cabeça contra a parede numa espécie de martírio.
Ninguém, porém, desconfiava dos relacionamentos extraconjugais. O consumo de álcool e as explosões de raiva extrapolaram nos últimos meses, uma situação que coincide com o sumiço das mulheres e a localização dos corpos na represa. Sóbrio, retomava a imagem de rapaz tranquilo.
- Fiquei sabendo que ele estava envolvido pela TV. Na hora, eu identifiquei ele e fiquei apavorada - conta uma familiar que pediu para não ser identificada.
Ele também tratava o vício com álcool com ajuda de terapeutas e com apoio de uma comunidade evangélica. Contou para a família em Caxias que bebia desde os cinco anos, um problema não confirmado por parentes do Paraná. Antes de ser investigado, o jovem trabalhava como pedreiro em Caxias. Morava com a mulher e o filho no porão da casa da sogra, em um bairro da Zona Norte. Só deixava de comparecer ao trabalho quando escapava para as noitadas.
No dia 18 de agosto, a polícia divulgou as imagens da última vez em que Rosangela Consoli dos Santos Alves, 45 anos, foi vista com vida em Caxias do Sul.