A Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade adiou a entrega da passarela da BR-116, no bairro São Ciro, para final de agosto ou início de setembro. Mas é grande a possibilidade do novo prazo ser protelado porque o município precisará conjugar a vontade de empresas de telefonia e internet.
A fiação de pelo menos oito serviços diferentes bloqueia o espaço onde serão encaixadas as vigas de sustentação do piso. Parece simples remover o cabeamento, mas nem prefeitura nem construtora sabem quem são os donos dos equipamentos. Não houvesse esse emaranhado pelo caminho, a estrutura poderia ser concluída possivelmente em julho como havia sido anunciado da última vez.
A ordem de início da obra foi assinada em junho de 2011 com previsão de ser finalizada em seis meses. Desde então, diversos problemas técnicos emperraram o trabalho.
Sócio da Toni Incorporadora e Construtora, empresa responsável pela passarela, Luiz Fernando Toni diz que apenas a Rio Grande Energia (RGE) respondeu aos pedidos e afastou a rede de alta tensão. O empresário garante que houve solicitação para retirar os demais cabos e nada avançou. Por esse motivo, o município concedeu mais 90 dias para a entrega da passarela.
O engenheiro Juarez Pistore, responsável pelo projeto elétrico, explica que é possível passar o piso de concreto sobre os fios no lado direito da passarela, ao lado da Agrale, no sentido Centro-Ana Rech. O desafio é o lado esquerdo da elevada, na Rua Filomena Spinatto, que obrigatoriamente exige o afastamento de fios. Pistore subiu nos postes e identificou apenas o cabeamento das operadoras Oi e NET.
- Tem fio de TV a cabo, de telefone e de fibra ótica. Fiz mais de 20 protocolos. Até agora, apenas a NET prometeu rebaixar os cabos e a Oi apenas disse que está analisando a remoção. Fizemos todos os esforços mas não conseguimos descobrir de quem são os demais equipamentos - detalha Pistore.
Ainda que as empresas resolvam atender os pedidos da empreiteira e da prefeitura, serão necessárias outras intervenções que escapam do controle público. A Oi, por exemplo, pretende levar o cabeamento daquele trecho para canos no subsolo. O serviço é caro e requer projeto, escavação e semanas de trabalho.
Essa alternativa também deve ser adotada pelas demais empresas porque a passarela coloca os postes ao alcance de ladrões, e os furtos de cabos serão inevitáveis. Também não é possível elevar a fiação por risco de acidentes com a rede de alta tensão.
Por outro lado, Pistore pesquisou na legislação e não encontrou nada que autorize o corte de fios. A derrubada à revelia deixaria milhares sem comunicação.
Contrariando a tendência de novo atraso, o secretário municipal de Trânsito promete içar as vigas da passarela do São Ciro em julho. Manoel Marrachinho imagina que o empecilho provocado pela fiação terá sido resolvido até lá. Ele prevê inclusive o fechamento do trânsito na BR-116 em um domingo:
- Após vamos colocar o pré-moldado do tabuleiro sobre as vigas. Essa é uma operação simples e fica pendente o acabamento como os corrimões, pintura e fechamento, o que deve ser realizado entre final de agosto e início de setembro.
A construtora já moldou o piso e precisa de quase um mês para curar o concreto. Nesta semana, a empreiteira iniciará a concretagem de 10 metros da mureta de proteção na Rua Filomena Spinatto.
- Se removessem todos os fios hoje, ainda precisaria de 30 dias para esperar a secagem do concreto e assentar as placas - diz Luiz Fernando Toni.
Desde 2011
Cabos da telefonia e internet travam passarela da BR-116, em Caxias do Sul
Prefeitura e empreiteira não identificaram os donos de parte da fiação
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