Em vez de ficarem em casa, assistindo à TV ou na rua, sem ter o que fazer, 60 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Castelo Branco, de Caxias do Sul, no bairro Fátima, aproveitam o turno inverso ao das aulas para aprender e trocar experiências no Clube de Ciências Freitas Mourão. Voluntariamente, sem exigência de presença ou nota.
- Eu adoro as atividades, principalmente plantar hortaliças, fazer papel reciclado e potes com material que ia para o lixo - conta a estudante Kailaine Lopes Antunes, 11 anos.
- Esse é o segundo ano que frequento o Clube de Ciências. O que mais gostei aqui foi fazer sabão a partir de óleo usado. Eu até ensinei a minha avó e ajudo ela a preparar lá na casa dela. Se puder, vou participar no ano que vem de novo - garantiu Marcelo Rosa de Souza, 10.
Há três anos responsável pelo Clube de Ciências, a professora de biologia Paula Cristina Madalosso Monteiro se esforça para tornar as atividades atrativas para a gurizada. A sala usada pelo clube é pequena, sujeita a infiltrações, alagamentos e os móveis estão precisando de reparos. Mas nada disso tira o entusiasmo dos alunos e da mestra.
É comum os pequenos chegarem com um bichinho novo para juntar a cobras, besouros, aranhas e outros animais preservados em pequenos vidrinhos de álcool ou para integrá-lo ao bioma construído no terrário de vidro. No lado de fora, plantadas em caixas de plástico, crescem mudas de hortaliças e flores, cuidadas com carinho pelos alunos.
- Entregamos a semente quando começam as atividades e eles não sabem o que vai nascer. Depois, conforme ela vai crescendo, é que vão descobrir. É um trabalho bacana porque estimula a cuidar das plantas - acrescenta a professora.
Entre as atividades mais esperadas pelos estudantes estão a produção de artesanato, papel reciclado e a fabricação de sabão caseiro com óleo usado. Em ambas, a garotada aprende como reutilizar produtos que iriam se acumular no aterro sanitário ou que poderiam contaminar o meio ambiente.
- A ideia é desenvolver aqui, na prática, o que eles estão aprendendo na sala de aula. Por isso, em cada encontro trabalhamos um tema diferente - destaca Paula.
O sabão caseiro fabricado pela professora e pelos alunos é partido em pequenas barras e comercializado no próprio bairro, voluntariamente, pelos próprios alunos. Com o dinheiro que obtém, eles compram mais materiais para produzir novos itens: sabonetinhos glicerinados, sabonete líquido, aromatizador de ambiente...
No último dia da mães, fez sucesso a feirinha organizada na escola para vender os artigos feitos pelos alunos. Cada um deles também produziu uma peça para levar para casa e presentear a mamãe.
Os alunos disseminam as receitas em casa, dando a oportunidade de a própria família criar uma fonte alternativa de renda. Conforme a professora, com cerca de R$ 50 é possível produzir cerca de 100 barras de sabão caseiro.
Educação
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