Os peregrinos que chegam ao Santuário de Caravaggio, em Farroupilha, pedem antes de tudo a proteção para seus entes queridos. É a família, portanto, que mais interessa.
Centenas de fotos expostas na sala dos ex-votos evidenciam essa relação. A cada ano, a quantidade de fotografias aumenta, formando um mosaico da fé católica. A maioria das imagens, algumas de 50, 60 anos atrás, é de crianças. Remetem quase sempre a enfermidades curadas por intercessão de Nossa Senhora. Às vezes, pais e avós agradecem simplesmente porque a família vai bem.
A tradição de ligar fotos e outros objetos à Nossa Senhora de Caravaggio tem explicação antropológica. O teólogo e frei capuchinho Luiz Carlos Susin, 63 anos, diz que o ex-voto é uma espécie de gratidão pela graça recebida.
- É a comunhão através da imagem. Sinal de que a Santa nos escutou e precisamos ficar perto dela. Quando se trata de fotos de casais é o pedido de fidelidade, que, por sua vez, significa família. É um fenômeno humano que transcende Caravaggio e o próprio cristianismo - resume Susin.
Até alguns anos atrás, a foto 3x4 de Clademir Pasquali, 43, ficava exposta próxima ao altar da antiga igreja de Caravaggio, também conhecida como capela dos ex-votos. Dona Idelvina, mãe do metalúrgico, foi quem colocou a imagem ali no final dos anos 1970, em agradecimento por uma graça alcançada. Com a reforma do templo, o retrato e outras milhares de lembranças foram transferidos para uma sala maior.
- Minha mãe fez promessa em virtude de uma cirurgia que fiz na cabeça quando eu era bem pequeno. O procedimento era bem complicado e nunca havia sido realizado em Caxias. Deu tudo certo, e minha foto está lá como lembrança - orgulha-se Pasquali, que participa da romaria todos os anos.
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