Os temidos bondes que brigam nas ruas centrais de Caxias do Sul não seguem nenhuma ideologia ou movimento social. Na prática, essas turmas existiriam apenas para demarcar território, incentivar a rivalidade e promover brigas.
Os grupos se organizaram a tal ponto que se tornou impossível determinar quantos são e como atuam na cidade. Outro detalhe alarmante: os líderes agora arregimentam integrantes ainda mais jovens. Essas impressões são reforçadas por casos recentes.
Domingo, dia 23 de junho, cerca de 50 jovens trocaram socos e chutes nas escadarias da Catedral, no Centro. Alguns rapazes e moças usavam roupas com os dizeres: "mais qui um bond, uma família".
Horas mais tarde, Robson Marques de Souza, 26 anos, foi morto a tiros por uma guarda municipal no bairro São Victor-Cohab. Supostamente, Souza era integrante de um bonde que picha prédios e intimida rivais na Zona Leste. O guarda relatou estar em casa, quando teve a moradia apedrejada pelo grupo.
Após perseguir os rapazes, o servidor disse ter sido surpreendido por alguns deles tentando invadir sua propriedade. Ele atirou várias vezes, matando Souza e ferindo um adolescente. A Polícia Civil investiga a relação entre as ocorrências.
Para especialistas em violência juvenil, essas demonstrações de fúria esconderiam dramas familiares e a falta de perspectivas. A influência dos bondes, porém, ainda é incompreendida. Inicialmente, os grupos competiam por pichações. Quem mais rabiscava prédios e muros, se destacava.
Como havia rivalidade entre os bairros, os jovens se juntavam para ir às festas e se proteger. O vandalismo descambou para uma disputa envolvendo moradores da Zona Norte e Sul. Hoje, a briga entre áreas distintas da cidade foi substituída por desavenças entre moradores do mesmo bairro.
- Morei em Porto Alegre e lá o movimento era forte. Vim para Caxias e comecei a montar o meu grupo na escola, galera foi se juntando. O cara não pensa muito quando se é novo. Se entra no bonde porque o proibido é melhor, tem o risco, a adrenalina - conta o ex-líder de um desses grupos.
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Violência
Bondes que atuam em Caxias do Sul se reúnem apenas para festas e brigas
Turmas não seguem nenhuma ideologia
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