Para que no futuro do Caxias esteja o tão esperado acesso à Série B em 2025, o clube foi buscar alguém com DNA grená para comandar o departamento de futebol. E, aos 71 anos, José Caetano Setti retorna para sua segunda casa.
— Estamos assumindo essa bronca com muito entusiasmo, muita vontade e muito trabalho. Sempre que convidado eu voltei para ajudar. O Roberto de Vargas é um grande amigo e quando eu recebi o convite, eu disse: "Se tu fores e me convidar, eu vou". E hoje estou aqui — destacou o vice de futebol, em entrevista ao Show dos Esportes, da Gaúcha Serra.
E o primeiro ato de Setti em sua volta ao Estádio Centenário foi a contratação do técnico Luizinho Vieira, profissional com bagagem em Séries B e C do Brasileiro.
— Todo mundo achava que eu iria trazer o Luiz Carlos Winck. Eu conversei com ele, nós trocamos ideias e ele está bem empregado (no Brasiliense). Mas o momento do Caxias precisa de uma novidade, um impacto. Aí eu fui para Criciúma umas quatro vezes pra fechar com o Luizinho, e eu falei para o presidente irmos mais uma vez, agora juntos, pra pegarmos a assinatura. Saímos na madrugada aqui, para o Luizinho não se arrepender, né? — brincou.
A obsessão grená em 2025 será a Série C, mas antes de lutar pelo acesso, Setti ressalta a importância das outras competições que o time terá pela frente.
— Precisamos desse acesso para a Série B, mas antes disso, precisamos de um grande Gauchão, já sair bem, para conseguir uma boa Copa do Brasil, para depois ir para o grande sonho, que é o acesso.
O sentimento de torcedor
Como dirigente, Setti comandou uma base vencedora na década de 1990 e times competitivos que lutaram pelo acesso à Série B, entre 2013 e 2014, e Série C, entre 2016 a 2019.
Cinco anos depois, o profissional retorna ao Caxias, sem perder de lado seu DNA de grande torcedor, ainda dos tempos de Flamengo.
— Trabalhei com 12 presidentes. Eu me dei conta que se botarmos dois anos com cada um, já são 24 anos, mais seis de amador. Então, eu tenho uma boa parte da minha vida dentro do Caxias — destacou Setti, que ainda relembrou a infância:
— Meu pai não tinha outra opção, Flamengo ou Flamengo, e nos levava a campo. No meu bairro, eu tinha primos meus que os pais, ele conquistou todos, levava eles pro campo. Eu me lembro que tinha um dia que ele dizia: "Tu roubou meu filho!". Daí eu falei: "Não, teu filho agora é que está salvo".
Setti tem como ídolo o atacante Gaspar, que atuou no antigo Flamengo, na década de 1960. Ele também não esconde o orgulho do trabalho que construiu na base grená, que rendeu à categoria o título da Taça Lindenberg, na Alemanha, e boas participações na Copinha e Taça BH.
Presente em uma das mais tristes eliminações da história, para o Manaus, na Série C de 2019, Setti revela a mágoa que ainda está guardada.
— Quem estava lá viu, eles nos tiraram a vaga. Simplesmente foi um absurdo aquele jogo, porque teve pênalti, teve gol ilegítimo que deram; um cara deu uma voadora no Foguinho (meio-campista). Ser humilhado, ser agredido... aquilo lá foi o dia mais triste da minha vida.
Tristeza que acaba quando o time vence um clássico. Aliás, Setti era dirigente do grená em 2017 quando o clube venceu três Ca-Jus. E questionado se ele já vibrou com alguma derrota do Juventude, ele é objetivo:
— Todas! Respeito demais o Juventude, mas eu tenho que ganhar todas.
Amante de árvores, Setti mantém em sua casa plantas para que pássaros como o beija-flor e o sabiá se aproximem do ambiente. Homem de família e prestes a completar 72 anos, ele ainda alimenta uma grande sonho.
— Que o Caxias faça um grande Gauchão, brigue pra ganhar esse título, que a gente já deixou escapar pelo meio das mãos algumas vezes. Faça uma Copa do Brasil, para o torcedor dizer, que essa vez valeu. E subir. Esse acesso aí é meu sonho, porque é o sonho da torcida do Caxias. Então, se transformou no meu.