24 pessoas da delegação da ACBF viveram momentos de apreensão na manhã desta quarta-feira (1º). O ônibus que transportava a equipe de volta a Carlos Barbosa ficou preso em um bloqueio na BR-470, na Serra das Antas, em Veranópolis. Deslizamentos de terra impediram a continuidade da viagem. Por conta da correnteza e até de árvores caídas, os profissionais tiveram que deixar o veículo e caminhar pela estrada. Uma retroescavadeira e um caminhão reboque ajudaram.
A ACBF retornava da cidade de Francisco Beltrão, no Paraná, onde jogou na terça-feira (30) pela Liga Nacional de Futsal. O confronto contra o Marreco acabou empatado em 2 a 2.
— O carro imediatamente a nossa frente andou. E no que ele passou, teve um deslizamento na frente do nosso ônibus. A gente acabou presenciando tudo aquilo ali. Ficamos apreensivos, porque se olha pra baixo e é uma correnteza absurda. Se você colocar o pé, leva seu tênis. Se você descer, a correnteza te leva. E a retroescavadeira também ajudou bastante a gente nesse ponto. No momento em que a gente pegou a carona com o caminhão reboque já estava mais tranquilo — contou Lucka Cyríaco, assessor de imprensa da ACBF, que completou:
— Ficamos ali estagnados no local. Assustados, porque a gente vê pela televisão. Pessoalmente é bem diferente, é uma adrenalina muito maior. E passou um tempo, acabou ocorrendo outro deslizamento, dessa vez atrás do ônibus. Então, a gente estava entre um setor ali, digamos que bem perigoso. Até que um funcionário da Defesa Civil entrou no ônibus e orientou pra que a gente descesse e seguisse a serra sentido Veranópolis.
A partir daí, o grupo de profissionais da ACBF começou o deslocamento caminhando. Inclusive, atravessando algumas barreiras de árvores e pedras. Por conta da correnteza e da força da água, chegou um ponto que não conseguiram mais avançar.
— Por sorte, do nosso lado esquerdo, bem onde tinha essa correnteza, tinha uma casa. Essa casa estava com uma família que mora lá. E eles deram abrigo pra gente por algumas horas — lembrou Lucka, que completou:
— A cena que mais marcou foi o pessoal escalando as árvores e as pedras por onde tinha acontecido um deslizamento pouco antes. Tivemos que escalar aquilo ali. Foi uma cena que eu não vou esquecer mais. Acredito que nenhum de nós. Porque foi uma situação que ninguém tinha passado. Espero que ninguém passe de novo. Mas é uma cena que vai ficar na minha cabeça. Parecia que a gente era militar do exército.
Retroescavadeira e caminhão reboque
O resgate da equipe teve ajuda de retroescavadeira e um caminhão reboque. Em vídeos divulgados pelo clube, é possível acompanhar os atletas pendurados nas máquinas até chegarem a uma área de maior segurança.
— A gente ficou ali pra esperar talvez a correnteza baixar ou a chuva baixar, diminuir. Mas nada, não diminuiu. Pelo contrário, só aumentava. Até que chegaram máquinas, as máquinas vieram liberando toda a serra, desde lá de cima até o ponto onde a gente estava. Naquele ponto ali os caras conseguiram socorrer a gente, colocaram pra dentro das máquinas. E tiraram a gente daquela região que tinha bastante correnteza. E aí a gente seguiu o nosso caminho a pé. Depois desse susto todo a gente seguiu a pé — disse Lucka, que finalizou:
— Pegamos carona com um caminhão reboque que trouxe a gente até Veranópolis pra que um outro ônibus pudesse vir buscar a gente. O nosso acabou ficando pela serra. Agora a gente está aqui hospedado em Veranópolis. Vamos ficar até normalizar a situação.