Caxias e Juventude foram denunciados pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) e serão julgados por supostos casos de injúria racial durante o Campeonato Gaúcho. Os dois clubes irão ao tribunal na próxima sexta-feira (5). A 3ª Comissão Disciplinar do TJD irá julgar os dois casos. Ambos foram denunciados no artigo 243-G, §§2º e 3º, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
As partidas citadas são Caxias e São José, pelas quartas de final do Gauchão, no Estádio Centenário, e o confronto de ida da semifinal do Gauchão entre Juventude e Inter, no Estádio Alfredo Jaconi. O artigo em questão fala em "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".
Além de multa, os clubes podem perder mandos de campo. Já os torcedores denunciados e identificados também poderão ser punidos com a proibição de irem aos estádios pelo prazo mínimo de 720 dias. A pauta de julgamentos está prevista para começar às 9h30min. Outros quatro processos também serão analisados pela comissão. A ordem do dia não foi informada.
RELEMBRE OS CASOS
CAXIAS X SÃO JOSÉ
No dia oito de março, na partida entre Caxias e São José, no Estádio Centenário, um torcedor Grená foi detido após fazer um suposto gesto de injúria racial em direção a jogadores do time visitante. O torcedor foi identificado com o auxílio da torcida do Caxias e levado até Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Caxias do Sul. Na ocasião, o árbitro Douglas Schwengber da Silva relatou em súmula:
— Aos 28 minutos do primeiro tempo fui chamado para comparecer próximo a linha lateral entre as áreas técnicas pelo quarto arbitro, Eduardo Bastos, que me relatou que foi informado sobre um ato de Racismo, relatado pelo assistente do EC São José, Rafael Porto Silveira, o jogador que sofreu o ato Racista foi o Tiago de Souza Nascimento — descreve a súmula.
Na época, o Caxias emitiu uma nota informando identificou o indivíduo. O clube declarou que "repudia veementemente o racismo e qualquer outro tipo de preconceito, e que sempre fará de tudo para combater em nosso estádio ou em qualquer outro lugar".
JUVENTUDE X INTER
No dia 17 de março, no Estádio Alfredo Jaconi, o Juventude recebeu o Inter pela partida de ida das semifinais do Gauchão. Na época, após denúncias de torcedores do Inter, a Brigada Militar (BM) retirou um torcedor do Juventude por suspeita de cometer injúria racial. Ele teria feito gestos em direção aos torcedores visitantes.
Na Polícia Civil, o suspeito foi liberado após ser ouvido pela delegada plantonista Alessandra Xavier. Conforme ela, as versões de possível autor e vítima são diferentes, e um inquérito policial foi aberto para apurar os fatos. Já o árbitro do jogo, Lucas Guimaraes Rechatiko Horn, descreveu na súmula:
— Na volta do intervalo, fui informado pelo delegado da partida de um suposto caso de injúria racial ocorrido no intervalo do jogo por parte de um torcedor do Juventude, que teria feito gestos em direção a um torcedor colorado, que estava na ferradura norte do estádio. Fui informado que o autor foi identificado e encaminhado à Delegacia de Polícia pelo 4º Batalhão de Choque no próprio intervalo do jogo, não havendo necessidade de qualquer paralisação ou demais providências por parte da equipe de arbitragem — diz a súmula.
Na época, o Juventude disse que o “acusado foi prontamente identificado por torcedores do próprio Juventude”, além de afirmar que “atos deste tipo são absolutamente inaceitáveis e não serão tolerados pelo clube, que tomará as devidas providências para não permitir que esta ação passe impune”.