Uma das peças importantes da engrenagem do time do Caxias no Gauchão 2024 veste a camisa 5. Depois de ser preterido durante o mau momento da equipe no começo da competição, Barba voltou ao time com a chegada de Argel, justamente num jogo emblemático da equipe, o clássico 288.
— O Argel chegou e já pegou um Ca-Ju pela frente e me deu essa oportunidade de jogar o clássico. O time foi bem e depois ele acabou dando continuidade. Foi onde conseguimos uma sequência boa. Mexeu com o vestiário, com os jogadores e eu entrei nessa leva aí. E, pra mim, pro clube, pro time, foi boa a chegada dele. Acho que o time ficou mais competitivo — revelou o volante em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
A equipe grená joga a sua permanência e possível ida para a decisão do Campeonato Gaúcho na terça-feira (26), na Arena, diante do Grêmio. Só com a vitória o time mantém vivo o sonho do bicampeonato.
— Está tudo muito aberto ainda. Assim como eles vieram em Caxias e conseguiram um resultado positivo, acho que a gente também tem condição de ir na Arena e buscar o resultado. No futebol, já existem tantas provas de que as coisas podem acontecer e mudar. O primeiro passo é acreditar nisso e colocar na cabeça que temos condições e vamos para competir mais uma vez, e conseguir reverter essa situação em Porto Alegre.
História de persistência
João Pedro De Giuli passou a se chamar "Barba" no Novorizontino. O elenco era composto por três "Joões", e ao vê-lo com esse traço característico no rosto, durante um treinamento, um integrante da comissão técnica do clube paulista o chamou de "Barba", para diferenciá-lo dos outros, e o apelido pegou.
— Eu nasci em São José do Rio Preto, mas morei em Mirassolândia, interior de São Paulo. Sinto falta de brincar na rua, sem responsabilidade nenhuma. Morei em uma cidade com cinco mil habitantes, então eu brincava na rua jogando bola. Eu era bom aluno. Não dava trabalho. Inclusive eu até estudei um período em Porto Alegre, dos 12 aos 17 anos.
Aos 25, e descendente de italianos, Barba revelou um desejo escondido:
— Recentemente, eu consegui tirar a cidadania italiana. Nunca estive lá, mas tenho muita vontade de conhecer a Costa Amalfitana (na Itália).
São-Paulino de coração, o atleta passou a defender as cores do Caxias nesta temporada. Fã de Steven Gerrard, Lampard e Busquets, o volante revelou que já pensou em abandonar a carreira.
— Cheguei até a me matricular na faculdade, em Administração. Eu tenho essa vontade de me formar. É uma coisa que eu penso, não decidi ainda. Não sei se vai ser em Administração, mas é muito cansativo. Eu tentei fazer, só que aí eu parti pra outra área. Eu tentei fazer fisioterapia online. Só que não deu certo. Eu mesmo tenho que administrar os meus horários, prefiro presencialmente.
Pensei em parar. Cheguei até em me matricular na faculdade. Isso foi quando eu estava na base do Novorizontino. E aí eu me matriculei em Administração. Eu tenho essa vontade de me formar.
BARBA
Volante do Caxias
Particularmente, o sonho de Barba é se tornar pai. Profissionalmente, o desejo é de chegar em uma Série A de Brasileiro.
— Eu saí de casa aos 12 anos, quando vim para Porto Alegre. Morava longe da minha família, dos meus pais. A maior dificuldade foi essa, de ter ficado longe numa época que eu estava me formando. Eu vim pra base do Inter. Fiquei seis anos treinando em Alvorada — destacou Barba, que ainda falou sobre a importância do futebol em sua vida:
— O futebol me deu muitas coisas. Conheci minha esposa, a Maria, no Novorizontino. Ela fazia parte do marketing do clube. A família é tudo pra mim. É a base, é o que sustenta, é o que dá apoio e força. No futebol, não tenho muitos amigos. Óbvio, a gente acaba conhecendo muitos jogadores, muitas pessoas, mas eu me aproximei de poucas, alguns até se tornaram padrinhos de casamento, mas são poucas as amizades.
Na atual temporada, Braba participou de 10 partidas com o Caxias, e se transformou numa espécie de cão de guarda, dando proteção a antes exposta defesa grená.
— O Caxias hoje está sendo um recomeço pra mim, graças a Deus. Foi o clube que me abriu as portas. E estou me sentindo bem, o clube me acolheu. Nós estamos gostando bastante da cidade, nos sentindo habituados. Se tivesse que definir em uma palavra, seria essa: recomeço.
Recomeço pode ser a palavra certa para o momento do Caxias. Em Porto Alegre, na terça-feira, a equipe grená terá que mostrar que não chegou às semifinais por acaso. E que tem condições de superar o favorito Grêmio, mesmo em meio a tantas adversidades que lhe espera. Num time com atletas que demonstraram tamanha persistência, como é o caso de Barba, não há motivos para duvidar.