Com o fim do calendário oficial de jogos no Brasil, os olhos dos amantes do futebol se voltam para as partidas amistosas de atletas e ex-atletas. E, na manhã deste sábado (9), a Serra gaúcha foi o local escolhido por nomes de peso para uma partida beneficente. Campeões mundiais com a Seleção Brasileira, Romário (1994) e Denílson (2002) trouxeram a já tradicional Pelada dos Amigos para Gramado. A iniciativa, que começou há 18 anos em Balneário Camboriú, teve a primeira edição realizada fora do litoral catarinense.
O jogo, que arrecadou brinquedos e alimentos para serem distribuídos na cidade, foi realizado no Ginásio Pedro Tissot, junto ao complexo da Vila Olímpica, no bairro Várzea Grande. Longe dos gramados desde 2009, quando se aposentou, Romário contou que ações como essa o motivam a seguir dentro do esporte.
— É sempre uma satisfação estar em um lugar que as pessoas gostam de ti, que te querem, principalmente pelo motivo, ajudar as pessoas que mais precisam. Para mim é um grande prazer.
O Baixinho chegou ao ginásio por volta das 10h55min. A sua espera, uma verdadeira legião de fãs. Dos mais velhos aos mais novos, todos queriam uma foto ou autógrafo de Romário. E o primeiro felizardo foi o Davi Fernandes Thile, 9 anos. Ele, que foi acompanhado do padrinho Jairo Júnior, disse que, mesmo sem ter visto o craque jogar enquanto estava em atividade, tem o eterno camisa 11 da amarelinha como ídolo e referência.
— Foi incrível, um cara que ganhou o tetra, uma pessoa especial para o Brasil. Foi muito legal — disse Davi que sonha em um dia ser atacante, assim como Romário.
Adversário dentro de campo nessa manhã, o pentacampeão mundial Denílson relembrou a já antiga parceria com Romário que, inclusive, motivou a criação da Pelada dos Amigos. Na primeira vez jogando em Gramado, aproveitou para tirar fotos e autografar camisas de crianças e adultos.
— Você chegar e ser bem recebido, ainda mais por crianças que vieram prestigiar um pouquinho o nosso trabalho, ao lado de amigos como o Romário, que eu conheço há muito tempo, fomos campeões juntos com a Seleção Brasileira, é sempre prazeroso.
Mas, a amizade de Romário e Denílson, capitães das equipes, ficou de lado assim que o juiz apitou o início da partida. O Baixinho, mesmo aos 57 anos, mostrou alguns lampejos que o consagram como o melhor jogador do mundo em 1994 e ídolo de toda uma geração. Em poucos minutos, sua equipe chegou a abrir 4 a 0, distância logo encurtada no marcado.
Quando o camisa 11 enfim marcou o seu gol, o ginásio todo festejou. Denílson, além de gol, distribuiu dribles, fez embaixadinhas e animou o público. A partida, que foi dividida em um tempo de 35 minutos e outro de 45, terminou em 13 a 7 para o time de Romário.
É claro que a dupla de campeões mundiais foram os mais festejados no Ginásio Pedro Tissot. Mas os gaúchos também puderam ver outros nomes marcantes do esporte em campo. Índio, campeão da América e do Mundo com o Internacional em 2006 e com passagem pelo Juventude em 2002, Alexandre Gaúcho, campeão da Libertadores em 1995 com o Grêmio, Titi, campeão gaúcho com o Caxias em 2000, Cristian, centroavante ex-dupla GreNal, e até mesmo o ex-boxeador Popó marcaram presença.
Inspiração fora das quatro linhas
A trajetória de Romário dentro e fora das quatro linhas motivou a ida de Jair Chiele, 51, ao ginásio para ver o Baixinho em campo. Fã do craque, daqueles que relembra de cabeça a campanha do tetra em 1994, ele também admira a forma como o ex-jogador exerce a paternidade.
Chiele é pai da pequena Manuela Zanatta Chiele, 7, que tem Síndrome de Down, mesma condição genética de Ivy Faria, filha de Romário. Ele, que considera o esporte uma das principais formas de integração social, agradeceu também pelo que o ex-jogador faz fora das quatro linhas. Romário, hoje senador pelo PL, afirma ter entrado na política por causa da filha, em uma luta por direitos e superação de preconceitos. Manuela e Chiele tiraram fotos com o ídolo e também ganharam autógrafo.
— A gente sempre batalha pela inclusão, junto com o esporte. Isso que faz a gente ter energia para buscar e cada vez ir mais longe —contou.
A felicidade da família ficou completa quando o Baixinho balançou as redes no ginásio.