O sonho de Maria Eduarda Stumpf se tornou realidade, e ela vai viver intensamente, a partir do dia 28 de agosto de 2024, os Jogos Paralímpicos de Paris. O desejo de todo o paratleta é estar na maior competição poliesportiva do mundo. E Maria vive um momento especial.
A atleta ACTKD/UCS conquistou duas medalhas de ouro recentemente e foi recebida em Caxias do Sul com uma carreata. Em sua estreia nos Jogos Parapan-Americanos do Chile, no mês de novembro, ela faturou o lugar mais alto do pódio no taekwondo, na classe K44, categoria até 52kg. Depois, a jovem deixou os Andes e aterrissou na Inglaterra. Maria também foi ouro, desta vez na etapa final do Grand Prix, disputada em Manchester. Com as conquistas, ela chegou ao terceiro lugar no ranking mundial da categoria.
— Sem palavras, a ficha ainda não caiu, porque foi uma competição atrás da outra, e poder fechar o ano com duas medalhas de ouro em campeonatos assim, de peso, é sem explicação. Nos jogos Parapan-Americanos eu enfrentei a sexta colocada, uma brasileira, que a gente sempre está se enfrentando (risos). Depois, peguei a campeã mundial, a mexicana, e com ela sempre é uma luta acirrada, mas dessa vez a gente conseguiu um desempenho melhor — declarou Maria ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
Natural de Itaqui, a lutadora de 19 anos foi diagnosticada com lesão braquial no braço esquerdo, adquirida ainda no parto. Desde os primeiros dias de vida, precisou fazer fisioterapia. Em 2006, ela veio para Caxias do Sul com a família em busca de tratamento. E o esporte se tornou uma paixão.
— O amor pelo taekwondo só cresceu cada vez mais. Desde meu primeiro campeonato eu sempre soube que aquilo era pra mim. O taekwondo veio pra ser parte da Maria Eduarda. Amor ao primeiro chute (risos) — afirmou Maria, que não vê a hora de fazer as malas para Paris:
— Eu já estou com a roupa de ida. Realmente é totalmente diferente, antes era um sonho e agora está se tornando realidade. É uma emoção a mais, é começar um outro capítulo, não tenho palavras para explicar, é o sonho de todo atleta.
FOCO EM PARIS
O técnico da paratleta, Daniel Brisotto, admite que a meta nos Jogos Parapan-Americanos era chegar na final. O ouro foi a premiação de um trabalho de dedicação da jovem. Com os pontos conquistados, Paris virou realidade. As vagas para a Paralimpíada não são nominais, mas sendo a terceira melhor do ranking mundial, o técnico explica que falta apenas a divulgação do nome de Maria na lista dos convocados.
— Nos critérios que a confederação divulgou, e foi passado para a seleção das atletas, a Maria está em praticamente todos eles. Então, nesse quesito, na concorrência interna com a brasileira, a Maria está na frente. Hoje o que falta é só a publicação, que vai ser em janeiro. Ela acaba o ranking mundial em terceiro lugar, só que ainda faltam 100 pontos para entrarem, do Grand Pix. Aí ela abre uma vantagem ainda maior para a quarta colocada — afirmou Brisotto, que projeta a preparação para os Jogos de Paris 2024:
O trabalho muda, se antes nosso foco era 110% agora é 150%
DANIEL BRISOTTO
técnico de Maria Stumpf
— O trabalho muda, se antes nosso foco era 110% agora é 150%. Vamos trabalhar muito mais (risos).
Ainda conforme o treinador, além dos treinos, o foco é tirar a ansiedade, deixar a paratleta o mais leve possível para seguir treinando e descansando. Com os pés no chão, Brisotto vê um grande potencial de crescimento de sua atleta.
—A Maria tem tudo para se tornar aquilo que a mídia especializada no parataekwondo vem apontando. Eles a apontam como a nova estrela da modalidade. Eu sou muito pés no chão. Acho que sim, ela é uma das principais atletas do esporte no país, e acho que com o passar do tempo ela pode se tornar a número 1 — refletiu o treinador, que completou:
— O primeiro campeonato da Maria foi o Mundial, e a primeira luta contra a número 1 do ranking. Isso foi em 2021, é muito pouco tempo. Ela está ganhando experiência e hoje está tendo uma regularidade. Neste ano de 2023, foram oito torneios e ela medalhou em sete.