O Brasil vive momento de uma grande investigação sobre manipulação de apostas esportivas em jogos de futebol. Nas últimas semanas nomes de jogadores envolvidos foram divulgados pelo Ministério Público de Goiás. O atual técnico interino do Juventude, Adaílton Bolzan, atuou como jogador na Itália, país que passou por episódios importantes no assunto.
O ex-atacante atuou em times como Parma, Hellas Verona, Genoa e Bologna na Itália. Na temporada 205/2006, aconteceu o “Calciopoli”. A Juventus ganhou o Campeonato Italiano, mas depois o título foi homologado para a Inter de Milão. Nesta temporada, aconteceu um grande esquema de condicionamento de resultados em jogos, através de pressão junto à comissão de arbitragem.
Em 2011, cinco clubes da elite — Roma, Fiorentina, Genoa, Lecce e Cagliari — estiveram envolvidos em outro esquema de manipulação de resultados.
— Eu vivi isso na Itália. Tive companheiros de equipe que participaram disso. O único modo para resolver foi com medidas punitivas pesadas. Teve jogadores e pessoas fora do futebol presos. Teve gente excluída do futebol. O único modo da gente acabar é dessa forma. Essa situação atrapalha muito a vida de muitos profissionais, complica a vida de todo mundo. Não é o resultado de um jogo. Tem muito outros profissionais, que nem estão em campo, e dependem daquilo. Isso é interesse pessoal. Isso tem que ser punido de uma forma muito dura — relembrou Adaílton Bolzan, que completou:
— O jogador tem uma responsabilidade também social. Isso é uma demonstração que pode se fazer de qualquer forma. A gente critica outras coisas. Criticamos políticos que fazem isso e a aí faz isso. Com qual moral critica os outros? Se nós dentro do esporte não considerarmos pessoas que devem dar o exemplo, assim como acontecia no doping e agora nas casas de apostas. Antes tinham poucas casas de apostas no Brasil.
O esquema de manipulação no Brasil cooptou jogadores para provocar cartões amarelos e vermelhos. Sete jogadores se tornam réus. Entre os atletas estão Gabriel Tota e Paulo Miranda, que estavam no Verdão no ano passado. O lateral-esquerdo Moraes fez um acordo e reconheceu a prática de crimes envolvendo fraudes em apostas esportivas. Ele deixou de ser processado criminalmente.
O zagueiro Vitor Mendes foi citado em prints da investigação. O nome do defensor aparece em conversas por "WhatsApp" que apontam que ele teria recebido uma quantia financeira para levar um cartão amarelo. Nenhum deles ainda foi considerado culpado pela justiça. O processo segue em andamento. Na Itália, na época de Adaílton, os responsáveis foram punidos com veemência.
— As coisas vão mudar quando as punições forem severas. Se a gente pensar que dá pra dar um jeitinho brasileiro dessa vez, não vai mudar nada. Tivemos há alguns anos o caso dos árbitros e parece que foi esquecido. Hoje, tem que ser uma punição exemplar. A parte mais bonita do esporte é a competição saudável — afirmou Adaílton, que finalizou:
— Eu penso dessa forma, porque já passei por isso. Tive amigos que foram penalizados. Não é porque são meus amigos que não deveriam ser punidos. Concordo plenamente. Pagaram e espero que tenham entendido. Tem que dar o exemplo para todos os jogadores, de time grande ou pequeno, da Série A ou Série D.