O Campeonato Gaúcho tem uma gigante hegemonia de Grêmio e Inter. Os dois maiores clubes do Rio Grande do Sul tem investimentos e receitas infinitamente superiores na comparação com as equipes do interior. E isso se reflete nos títulos estaduais e nas campanhas durante a maior competição do nosso estado. Em 102 edições, 86 foram vencidas pela dupla Gre-Nal.
Por essa predominância de Grêmio e Inter, existe somente um bicampeão do Estado no interior e é o Guarany de Bagé. O Caxias pode tornar-se o segundo. Neste sábado (8), às 16h30min, diante do Tricolor, na Arena, em caso de uma segunda conquista do Gauchão por parte do Caxias, o grená irá igualar o clube de Bagé, que levantou a taça em 1920 e 1938. Portanto, já são 85 anos, desde que um time do interior do Estado venceu o bicampeonato do Rio Grande do Sul.
— É histórico, principalmente no Rio Grande do Sul que tem uma hegemonia muito grande da dupla Gre-Nal. Vencer o título é romper essa barreira de conquista. Isso foi feito poucas vezes. Desde o Renner em 1954, só o Juventude, Caxias e Novo Hamburgo conseguiram. Então, é raro. É a quarta vez em 88 anos do Caxias que chega à final do Gauchão. A conquista é fundamental — lembrou o historiador Gustavo Côrtes.
Realizar essa faça terá um peso histórico gigante, pois em 102 edições do Campeonato Gaúcho, em apenas sete edições, Inter ou Grêmio não conseguiram ficar no G-4 do Gauchão. Dentre as equipes do interior, o Caxias, juntamente com o Juventude, é o clube que mais vezes finalizou o campeonato entre os quatro primeiros com 26 temporadas no G-4. Em 2000, o time grená calou o Olímpico. Agora, tentará silenciar a Arena.
— O título de 2000 foi o de maior relevância, quase que único na história do Caxias, porque os outros foram em Copinha e de turno. Foi um fato inédito para o clube. Foi um fato extraordinário, porque ninguém tinha essa expectativa. As dificuldades financeiras eram enormes. O título alavancou a carreira de vários profissionais como Tite, Gilmar, Paulo Turra, Adão — relembrou o funcionário do clube e historiador Jorge Roth, que completou:
— Não vejo muitas semelhanças de 2000 com agora, porque o problema de ordem financeira era imenso na época. Hoje, temos uma condição financeira melhor, com salários em dia. Talvez, a única semelhança agora é o empenho, qualidade e persuasão do técnico Thiago Carvalho. O Caxias já demonstrou que pode vencer em Porto Alegre.
Invencibilidade
Além do bicampeonato, algo inédito na era mais moderna do Campeonato Gaúcho, o Caxias poderá conquistar o título com uma grande invencibilidade num pequeno número de jogos na comparação com 2000. Na primeira conquista, a equipe grená fez 28 partidas em toda a campanha e a sequência maior sem perder foi de no máximo oito confrontos.
Dessa vez, se confirmar o título, no tempo normal ou nos pênaltis, será inevitavelmente com mais uma partida sem perder. O empate leva para as penalidades. A vitória garante o bicampeonato. Se conquistar o Gauchão 2023, o Caxias terminará a competição com incríveis 14 partidas de invencibilidade.
— É um feito. Esse ano, o Caxias ainda não perdeu fora de casa também e um detalhe. O Caxias pode entrar para a história sendo campeão gaúcho e sem ganhar da dupla Gre-Nal e do Juventude. Pouca gente se tocou nisso. Se empatar com o Grêmio e ganhar nos pênaltis, será campeão sem vencer no tempo normal esses três, mas o que importa é título. Seriam seis empates e uma derrota contra a dupla Gre-Nal e o Juventude — finalizou Gustavo Côrtes.