Peça de confiança no esquema tático de Celso Roth, o volante Jean Irmer, 28 anos, é uma das lideranças no time do Juventude para a próxima temporada. O atleta foi anunciado em abril pelo clube e tem contrato até o fim de 2023. No currículo, Jean acumula passagens por clubes tradicionais do futebol brasileiro, como Vasco e Corinthians, além de ter experiências em Portugal, por Marítimo e Gil Vicente.
Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, Jean falou abertamente sobre o que pensa sobre o futuro do Verdão, sem deixar de esquecer aquilo que deu tanta dor de cabeça no passado recente, o rebaixamento à segunda divisão nacional.
— Eu não sou do tipo de ficar caçando fantasmas. Temos uma diretoria que ama o clube. Joguei no Paraná, que hoje está sem divisão, onde as pessoas só pensavam em salvar o deles, não o clube. Vejo um Juventude diferente. Uma direção com outro perfil. Não adianta colocar culpa nas contratações, nos treinadores que aqui passaram, aconteceu o óbvio e os fatos estão ai para provar — apontou o volante.
Jean considera que o clube perdeu uma das suas principais características nesta temporada e que foi determinante para ocorrer tantos resultados ruins dentro de campo:
— Acredito que o Juventude perdeu muita identidade, aquele espírito mais agressivo, mais aguerrido, de time que não é só de qualidade técnica. Faltou o principal adjetivo do Ju que é o fator casa. Muitas vezes, vim jogar contra no Jaconi, já sabendo que ia ser um jogo chato. Se tivesse identidade, os caras iam pensar duas vezes antes de vir jogar aqui.
Adaptação aos jovens reforços e ao treinador
Uma das dificuldades diagnosticadas internamente na equipe que foi rebaixada no Brasileirão foi a falta de comprometimento de alguns atletas mais novos que passaram pelo Alfredo Jaconi sem demonstrarem empenho. O volante alviverde garante que os jovens reforços contratados para o setor ofensivo do time, já demonstram nos treinos uma postura diferente.
— A gente não cai de paraquedas num lugar qualquer. Quem está aqui, chega num clube com história. Os meninos estão se doando ao máximo. Eles não são aqueles jovens que vem passear aqui para depois voltar de empréstimo ao clube de origem, tenho visto meninos treinarem como se fosse a última chance da vida deles. Vejo isso nos olhos, eles não reclamam do desgaste dos trabalhos físicos, se precisar fazer duas, três ou quatro atividades eles vão lá e fazem – revelou.
Com o encaminhamento de grupo, que vai ser fechado com os acréscimos de um meia e de um centroavante mais experientes, o técnico Celso Roth já começa a montar o time para a disputa do Gauchão. Jean gostou do que viu nas primeiras duas semanas da pré-temporada alviverde.
— É bom ter um treinador assim para orientar este grupo jovem. O Roth sabe ser lúdico, transfere no campo aquilo que pensa. Muitos falam que ele é atrasado, mas me surpreendeu porque ele não é nada disso. Quando chegou no final do Brasileirão, ele disse que a gente tinha que primeiro estancar os gols sofridos para depois termos mais tranquilidade para jogar — analisou.
Os trabalhos intensos do comandante alviverde chamaram a atenção do volante pela formatação tática proposta por Roth.
— No treinamento, o time tem uma postura de marcação em linha alta, jogadas com pressão lá em cima, um time vertical. Se precisar baixar a marcação, a jogada segue com transição rápida na saída de bola. E é impressionante a velocidade dos meninos, eles vão surpreender a todos. Além disso, a gente tem que ser aquele time chato que não toma gol, temos conversado bastante sobre isso — apontou.
Busca pelo acesso
Para o Juventude voltar à elite do futebol brasileiro, fazer um bom estadual pode ser determinante para a equipe ganhar corpo para a competição - diferente da participação desastrosa deste ano, quando quase foi rebaixado. Neste aspecto, Jean comemora o primeiro adversário do Gauchão ser um dos favoritos ao título.
— Eu prefiro ter logo um teste contra o Inter, que vai jogar a Libertadores, para ter um parâmetro do que virá, daquilo que precisamos ajustar. Se você pega de cara um Inter ou Grêmio, já ficam expostos nossos defeitos e sabemos do que precisamos para melhorar — avaliou.
A Série B de 2023 não vai contar com os chamados "gigantes do futebol brasileiro", mas nem por isso deixa de ser uma competição mais fácil, conforme o volante.
— Não podemos entrar de qualquer jeito. Equipes com como Ceará e o Atlético-GO vão investir pesado. Mas é um campeonato que está em aberto. Não podemos deixar pra resolver na metade do turno, pode ser tarde. Temos que ser protagonistas deste o início — destacou Jean.
Não podemos entrar de qualquer jeito. Equipes com como Ceará e o Atlético-GO vão investir pesado.
Além de um estádio remodelado, as estruturas do Centro de Treinamentos do Juventude passaram por reformas que deve, facilitar os atletas a desempenhar seu melhor futebol.
— Antes era tenso sair do treino no CT, com dois graus de temperatura, e ter de voltar para o Alfredo Jaconi. Como eu gosto de chegar antes do treino, fazer alongamentos, até entrar no ônibus e chegar no CT, a gente esfria o corpo e o rendimento pode não ser o mesmo. Esses detalhes podem fazer a diferença no final.
Promessa de gols
O mais importante na temporada que se aproxima é o Juventude alcançar seus objetivos no Gauchão, Copa do Brasil e Série B. Não bastassem tantos desafios, Jean lançou um novo. Uma cobrança que lhe é feita desde casa:
— Vou tentar fazer cinco gols de fora da área, uma hora a bola vai ter que entrar. Minha esposa está me cobrando muito — revelou.
Ninguém sabe se Jean vai conseguir cumprir a promessa, mas a dedicação do atleta com o clube passa a ser um dos pontos fortes da equipe de Celso Roth. Ter jogadores com essa atitude podem fazer a diferença no final da temporada.
— Que lá em dezembro a gente possa comemorar uma ótima temporada, com o acesso para a Série A. Todos no Ju merecem, pelo tanto que têm trabalhado e por ser um clube sério.