Dizer que a chance para Lucas Zanella ter suas primeiras oportunidades no comando do Juventude foi algo rápido, seria injusto com que já está há mais de uma década no Estádio Alfredo Jaconi. Aos 32 anos, o técnico interino alviverde passou por diversas etapas dentro do clube até a possibilidade de ficar à beira do campo aparecer.
Porém, é inegável que tudo aconteceu de forma muito rápida. Após a derrota do Juventude para o Athletico-PR, no dia 1º de outubro, a saída de Umberto Louzer do comando alviverde era uma tendência, mas a confirmação só veio na segunda-feira (3) pela manhã, um dia antes de o Papo receber o Corinthians, no Jaconi.
Zanella foi avisado pela manhã e teria um treinamento pela tarde. Até então auxiliar técnico fixo da comissão alviverde, foi alçado para o comando da equipe em um jogo complicado. Mas o 2 a 2 diante do Corinthians e a nítida mudança de postura da equipe alviverde, incluindo um poder de reação que parecia perdido no tempo de Louzer. Para o técnico, porém, a oportunidade só foi realizada após o final dos 90 minutos na terça-feira (4).
- Pessoalmente, começou a cair a ficha depois do jogo. Fiquei muito tempo envolvido, foi um pouco de surpresa, fizemos a estratégia na conversa, na base do vídeo e da palestra. E depois que terminou a partida, consegui assentar e "pô, está acontecendo" - admitiu Zanella, valorizando o respaldo recebido antes de encarar o Timão:
- E a confiança que a direção deu para continuarmos até o próximo jogo, deu essa segurança para nós e conseguimos respirar, trazer a comissão junto nas estratégias de jogo e do treinamento, e como lidarmos com isso. Ficou meio que numa intensidade maior ali até a partida do Corinthians. Acabou o jogo, conseguimos respirar e colocar agora as ideias conforme o trabalho vai passando.
De fato, a ideia inicial para Zanella era comandar o time na partida contra o Corinthians e diante do Santos. O segundo jogo dessa série será na noite desta segunda-feira (10), às 20h, na Vila Belmiro, no litoral paulista, pela 31ª rodada do Brasileirão. Porém, faltando oito partidas para o término da Série A e o Juventude com o rebaixamento quase que irreversível, um novo desempenho satisfatório do time pode estender o período do técnico até o fim do campeonato.
SUPORTE DA COMISSÃO
Junto da experiência acadêmica de Zanella - agregada ao longo trabalho de campo até conquistar essa oportunidade -, a comissão técnica alviverde também tem peças com a vivência do jogador. Além do preparador de goleiros Márcio Angonese, o auxiliar técnico do sub-20 e ex-atacante Adaílton foi colocado para trabalhar junto do interino.
A mescla da experiência de campo com a juventude e vivência de outras formas do futebol, são pontos destacados por Zanella para que esse momento seja importante para o clube e não só para seu crescimento individual na função.
- Estamos conversando muito, trocamos ideias todos os dias, antes e depois do treino, em relação a isso. Temos as pessoas experientes, que são ex-atletas, no caso do Márcio e do Adaílton, que conseguem agregar num processo do vestiário para comissão. E temos os que não foram atletas, que sou eu, o Marcão (Marcos Galgaro, preparador físico), o Ricardo (de Sá, fisiologista), o Josué (Romero, analista de desempenho), o Luan (Garcia, analista de desempenho) e todos que estão no processo. Estamos tentando dividir as opiniões, dividir a discussão para que consigamos entender os dois lados da moeda. E isso está sendo muito importante. É o crescimento do Juventude em relação ao ao momento e não do Zanella. Estamos tentando fazer com que, mesmo que eu esteja na beira do campo, sejam decisões tomadas de forma conjunta com a equipe de trabalho.
Matematicamente, o Juventude não tem possibilidade de rebaixamento nessa rodada. Porém, mesmo que evitar a queda para a Série B seja uma missão que já não dependa exclusivamente dos resultados do time alviverde, a partida contra o Santos e a reta final do Brasileirão podem valer muito, para Zanella e vários dos seus atletas.
- A ideia é manter os jogadores com espírito de garra e de luta jogo a jogo. Entender que temos uma competição a parte, que depende só de nós algumas coisas. Da mesma forma que para nós, que estamos no comando agora, é jogo a jogo, para eles também - concluiu.