O futebol é um esporte que proporciona momentos únicos, como a alegria da comemoração de um gol ou a união de diferentes torcidas e nações em uma competição. E, dentro da contagem regressiva para a próxima Copa do Mundo, no Catar, os alunos do Colégio São João Batista, de Caxias do Sul, vivenciam um pouco dessas experiências.
A bola, aqui, é sinônimo de felicidade e expectativa. A escola, que tem cerca de mil alunos, está realizando o seu próprio Mundial. Uma vez por mês, nos domingos pela manhã, as crianças, do Pré 2 até o 5º ano, que participam das atividades extracurriculares de futsal, entram em quadra para defender os seus respectivos países. A turma foi dividida em 12 equipes. São três grupos, com quatro seleções em cada.
Mais de 100 estudantes estão disputando o troféu de campeão da Copa, que será definido no dia 11 de dezembro. Mas, enquanto a final não chega, eles estão prestes a viver o seu momento de jogador internacional. No próximo domingo (9), ocorre a terceira rodada do "mundialito". Na ocasião, os alunos irão receber um álbum de figurinhas. Mas não é o da Copa do Catar, febre no mundo. Nas páginas, eles poderão colocar os seus próprios cromos.
É isso mesmo. Os alunos irão virar figurinhas da Copa, com pacotinhos e tudo. Renan Buttelli, 28 anos, é coordenador disciplinar do colégio e contou que a iniciativa veio da necessidade de criar eventos além da sala de aula.
— Surgiu de uma necessidade de realizar eventos internos, além do treinamento. Normalmente a gente faz festivais, jogos competitivos. O professor Anderson veio com a ideia. Pegamos esse gancho e bolamos com as crianças esse evento interno — explicou.
A troca de figurinhas da Copa do Mundo ganhou Caxias do Sul, assim como o país. E os jovens do São João Batista também terão essa oportunidade de se surpreender com os pacotinhos.
— Na terceira rodada da nossa Copa vamos distribuir o álbum para eles e comercializar os pacotes para as famílias. Assim, eles vão poder trocar figurinhas, colar. Eu, quando mais jovem, tinha essa troca e adorávamos. É trazer para perto esse momento com a família também — comentou o coordenador disciplinar do colégio, que revela como está a ansiedade da turma:
— Eles já estão em êxtase, trocando figurinha da Copa do Catar dentro do próprio colégio. É uma febre. Mas o nosso interno eles já estão super empolgados, perguntado quando chegam as figurinhas — contou.
A CARA DA FELICIDADE
Com a bola no centro da quadra, os pequenos entram perfilados e com a bandeira do país que estão representando. O protocolo de Copa é levado a sério pelos alunos. Nos uniformes, as cores das nações, o número e o nome dos mini craques. Na torcida, pais, amigos e colegas.
Com a camisa da Alemanha, Arthur Lazzaretti Rech, 11 anos, desponta como futuro jogador. Do futebol moleque, ele tem pinta de artilheiro, com oito gols em dois jogos. Rech está gostando dos jogos e não esconde a alegria da vitória em cima do Brasil, por 9 a 7, na estreia. Sobre virar cromo de Copa, o sorriso aparece, assim como a ansiedade de querer ver como ficou sua figurinha.
— É legal virar figurinha. É a gente sendo jogador. Pretendo ser jogador. Agora na Copa vou torcer para o Brasil, o Neymar é muito bom, vai ser o craque, meu jogador preferido — contou o postulante ao cargo de artilheiro da Copa da escola.
Otávio Lazzaretti Zeni, 11 anos, carrega o peso da amarelinha. Ele achou bem criativa a ideia da Copa dentro da quadra do colégio. Assim como o adversário da Alemanha, Neymar é o ídolo. E sobre o responsabilidade de defender a seleção canarinho, a palavra escolhida é respeito.
— É um pouco pesada a camisa, é Brasil, nosso país, temos que respeitar. Quando recebi a notícia que ia ser do Brasil fiquei muito feliz. Me inspiro no Neymar para jogar, ele é diferente, é completo, um belo jogador — disse Zeni, que admite ter ficado nervoso para a foto da figurinha:
— Eu achei muito top a ideia. Fiquei nervoso na foto, mas achei bem legal. Vou guardar para o futuro — revelou o pequeno.
Com o sonho de conhecer a torre Eiffel, Erick Zim, 10 anos, defende a seleção francesa. Ele gosta de fazer gols, mas também sabe defender, como descreve o próprio jovem sobre as suas características em quadra. Ele não vê a hora de poder colar a sua figurinha no álbum.
— Bem divertido poder me colar na álbum. Na foto, coloquei uma cara normal, mas achei legal. Vou comprar bastante figurinha para terminar rápido — sorriu Zim.
APRENDIZADO E INCLUSÃO
O torneio também conta com a participação das meninas. Os times são mistos. Cerca de 40% dos alunos que entram em quadra são compostos por pequenas atletas. Para o coordenador Renan Buttelli, os jogos vão além da busca do título. É um momento de socialização.
— O esporte é uma ferramenta de inclusão, independente de quem está a mais tempo ou tem mais habilidade. O esporte é para todos. As meninas participam, não é um time só formado por meninas ou meninos. Cuidamos alguns níveis, fazemos uma mescla para ser um evento para eles evoluírem — explicou o profissional, que conta ainda com o auxilio de Anderson de Souza e Daivan Baldin.
Professor de educação física do colégio, Ramon Dias Schmidt, 34 anos, revela que os alunos estão procurando os professores para saber mais sobre os países, jogadores das seleções. O conhecimento adquirido ultrapassa as linhas da quadra e chegam nas salas.
— Eles procuram, a gente conversa com eles. Querem conhecer os jogadores, as seleções e acabam se interessando. Tudo é conhecimento, desde o esporte até geografia. A gente consegue ver que é um momento muito especial para eles. Essa questão da Copa, usar as seleções, uniformes, jogar contra países se torna muito legal. Alguns têm o primeiro contato com o esporte futsal e com a própria Copa, pela idade deles — afirmou.
Para os professores, a palavra escolhida para descrever o momento é "gratificante". Eles vibram com o interesse dos pequenos. Dentro das salas de aula, as professoras fazem o trabalho pedagógico, aliando as temáticas de história e geografia. Agora, os jovens atletas contam os dias, mas não para o pontapé inicial no Catar. Eles querem abrir os pacotes das suas figurinhas.
GRUPOS
GRUPO 1 - Pré 2, 1º ano e 2º ano
Brasil, Portugal, Inglaterra e Holanda
GRUPO 2 - 3º ano
Espanha, Brasil, França e Portugal
GRUPO 3 - 4º ano e 5º ano
Alemanha, França, Brasil e Argentina
TERCEIRA RODADA
DOMINGO, 9/10
8h - Brasil x França (4º e 5º anos)
8h40min - Argentina x Alemanha (4º e 5º anos)
9h20min - Portugal x Espanha (3º ano)
10h - França x Brasil (3º ano)
10h40min - Inglaterra x Portugal (2º, 1º e Pré 2)
11h30min - Brasil x Holanda (2º, 1º e Pré 2)