Qual o limite do amor de um torcedor pelo seu clube do coração? A resposta é clara: não há. Quando o assunto é apoiar e empurrar seu time não existem barreiras, nem fronteiras que possam impedir a manifestação de uma paixão genuína e particular.
Renê Carlos Bagatini, 60 anos, Moisés Gonçalves Rodrigues, o Moita, 37, e Giovani Bulla, 36, são três dos apaixonados pelo Caxias que vão viajar até Natal, capital do Rio Grande do Norte, para acompanhar o jogo diante do América-RN, que pode entrar para a história dos 87 anos da Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul.
Os três levam na bagagem a esperança de milhares de torcedores do Caxias. O sentimento é de presenciar um feito histórico: o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro. Eles e outras dezenas de apaixonados estarão acompanhados do amor e do otimismo na Arena das Dunas, em Natal.
— A expectativa é enorme. Faz anos que a gente vem viajando e sofrendo com o nosso time. A esperança é a última que morre. Para quem já foi em vários estádios nesse Brasil afora, acredito que desse ano não pode passar. Esse ano vem o acesso, por tudo que está acontecendo, pela união do grupo e da direção — comentou Renê Carlos Bagatini, representante comercial, que acompanha o Caxias desde 1978.
O torcedor vibra, sofre, decora a casa com as cores e o escudo do time, possui rituais de superstição em dias de jogos. Isso é amor que não se explica, se sente. Os fanáticos superam os limites da emoção para demonstrar a sua paixão pelo time do coração. Inclusive, só eles mesmos entendem certas atitudes e comportamentos.
Quando o Caxias entrar em campo na Arena das Dunas, o coração baterá mais forte e a expectativa tomará conta dos grenás em Natal e em todos os lugares.
— Não tem explicação. Já procurei encontrar alguma explicação ou definição. Isso supera muito o sentimento que temos. Não consigo definir o que me move a fazer isso. É ver as cores e a engrenagem que dá um respiro diferente. É um sentimento inexplicável — afirmou Moita Rodrigues, integrante da torcida organizada Falange Grená, e que acompanha o Caxias desde 1992.
Em 87 anos de história, o Caxias pode conquistar o primeiro acesso nacional em campo. Nas últimas temporadas, esteve muito próximo contra o Treze-PB, o Manaus e o ABC. No entanto, bateu na trave. Agora, mais maduro e com ensinamentos de anos anteriores, o time parece fortalecido e o sentimento do torcedor se renova em confiança por um capítulo diferente e histórico. Por isso, a vontade de estar presente no palco de um jogo emblemático para a trajetória do clube.
— Meu sentimento para essa decisão está muito melhor do que nos últimos anos, porque o Caxias montou uma sinergia entre torcida e time. Depois que chegou o técnico Thiago Carvalho mudou a energia e o jeito do time jogar. Tenho certeza que esse ano o Caxias vai subir. O estádio estará lotado, mas estaremos presentes como sempre estivemos nos últimos jogos — definiu Bulla, 36 anos, empresário que acompanha o Caxias desde 1995.
Amor incondicional
Renê, Moita e Giovani estão acostumados a viajar pelo Brasil com o Caxias. Portanto, esse jogo não será a primeira vez em que eles acompanham o clube fora do Estado. Todos esperam o primeiro acesso nacional e que seja escrito um novo capitulo na história do clube.
— São inúmeras viagens. Em Manaus, passei o maior sofrimento da minha vida. Meu amor pelo Caxias vem desde o nascimento. Meu primo (Bagatini) era goleiro do Caxias e eu vi toda a construção do Estádio Centenário — afirmou Renê.
— Eu cheguei em Caxias em 1992, através do meu tio. Ele já era envolvido no clube e aos domingos me convidava para vir ao estádio. Meu primeiro jogo, com seis ou sete anos, foi um Clássico da Polenta, um domingo de tarde frio. Meus filhos são Caxias, mas não poderão ir comigo para Natal. Quem sabe, na Série C, eles possam ir — lembrou Moita Rodrigues.
— Estou no Caxias desde 1995. Aprendi a gostar do Caxias aos 12 anos. Fui em diversos jogos dentro e fora do Estado, em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal — relembrou Bulla.
Será uma viagem marcante. Um jogo que pode ser histórico para o clube e que certamente ficará marcado para cada um dos torcedores grená, os que ficaram por aqui ou os que estarão representando a todos lá na Arena das Dunas.