Na carreira do volante Tetê, 31 anos, nada foi tão fácil. E diante de tantos obstáculos, os duelos contra o América-RN, que valem o acesso à Série C do Brasileiro, são transformados em grandes oportunidades. Neste sábado (20), a partir das 15h, no Estádio Centenário, ele e os seus companheiros do Caxias vão em busca de um inédito acesso nacional para o clube, tratando o momento de forma especial.
— Estamos pensando como uma final de campeonato. São dois jogos de sobrevivência — resumiu o jogador, em entrevista ao Show dos Esportes, na Rádio Gaúcha Serra.
Natural de Belém do Pará, Cleison Henrique Pinheiro da Silva sabia desde cedo que queria fazer do futebol a sua vida. Ainda como meia, ingressou nas categorias de base do Remo aos 11 anos. Ficou por lá até os 17. Porém, uma série de fatores o fizeram colocar em xeque o seu sonho:
— Precisei me mudar de bairro lá em Belém, morar distante do Remo e não conseguia conciliar os treinamentos com a escola. Passei a treinar em um projeto, do professor Chuvisco, e lá fui acolhido com muito carinho. Foi um momento muito difícil e pensei em largar tudo, teve separação dos meus pais. Pensei em parar com o futebol. Foi ele (professor) que me abraçou, que disse que iria me ajudar. Fiquei lá por dois anos —relembra Tetê.
O destaque veio em uma competição sub-20, defendendo o time do projeto de sua cidade natal. Ele chamou a atenção do Ferroviário-CE, seu primeiro clube no profissional. Depois, Tetê ainda rodou por uma série de times, como Tuna Luso, Maranhão, São Raimundo-PA e Águia, até optar por uma mudança radical, vindo ao Sul do Brasil, em 2019, para defender o Concórdia-SC.
Antes de chegar ao Caxias, Tetê ainda foi vice-campeão catarinense pelo Camboriú, comandado por Luan Carlos. Lá atuou como zagueiro pelo lado esquerdo no esquema 3-5-2. Por conta disso, a adaptação a um novo jeito de jogar e também no Rio Grande do Sul fizeram com que o jogador demorasse um pouco a se encaixar.
— Quando cheguei no Caxias era outro modelo de jogo, de mais força, da competição gaúcha. Fui me adaptando aos poucos. Infelizmente, o Luan (Carlos) teve que sair, o Thiago chegou e implementou o modelo dele, algo que gosto muito, de propor jogo. Compramos a ideia e crescemos no momento certo da competição.
De Belém do Pará ao Centenário, muita coisa aconteceu. E antes de decidir uma final em estádio de Copa do Mundo, Tetê faz questão de valorizar esse momento com o Caxias:
— Passa um filme na nossa cabeça. Quando entro em campo, lembro dos momentos difíceis que passei, que tive na carreira. Vão ser grandes jogos.
Concentração e nova oportunidade
Com o apelido de infância dado pela família, Tetê quer conquistar pelo Caxias algo que lhe escapou entre as mãos há cinco anos. Em 2017, quando defendia o Maranhão, o jogador foi titular nos dois confrontos do acesso, mas acabou derrotado pelo Operário-PR.
— Falo sempre para o pessoal aqui, que pensei que não teria outra oportunidade de brigar por um acesso na Série D. Tive a chance em 2017, deixei passar. Agora, não vou deixar escapar. Ninguém vai tirar isso de mim. Todos estão neste mesmo pensamento. Que temos totais condições e vamos com todas as forças buscar esse acesso — relembra.
Tive a chance em 2017, deixei passar. Agora, não vou deixar escapar. Ninguém vai tirar isso de mim.
TETÊ
volante do Caxias
O volante já disputou 11 partidas pelo Grená, mas ganhou a titularidade durante o mata-mata. Ele entrou no segundo tempo da partida contra o Oeste-SP, em Barueri, e foi titular no duelo de volta da segunda fase, no Centenário. Agora, sabe que o duelo tem particularidades diferentes,
— A concentração precisa ser o mais elevada possível. As primeiras ações do jogo têm que ser nossas. Não adianta a gente encher o estádio e não dar uma boa resposta em campo. O reflexo vai ser pela nossa atuação. O Thiago Carvalho tem nos pedido no dia a dia para manter o foco, treinar já com a cabeça no jogo — explica o volante, citando a importância de abrir vantagem nas quartas de final:
— É fundamental a gente conquistar o resultado positivo em casa. O torcedor vai nos apoiar, nos incentivar. Respeitamos o América-RN, mas precisamos dessa vitória, fazer um jogo seguro e garantir uma boa vantagem.