Pelo segundo ano seguido, o Caxias avançou às oitavas de final da Série D com o drama dos pênaltis. Em 2021, em São Paulo, o grená sofreu o gol nos acréscimos diante da Portuguesa, na derrota por 1 a 0. No primeiro jogo, o Caxias havia vencido pelo mesmo placar. Um ano depois, novamente o time sofreu um gol no fim. A decisão diante do Oeste foi para os pênaltis e o goleiro André brilhou defendendo a batida de Tite.
Após a classificação, a torcida não conteve a emoção. A alegria transbordou pelos olhos, em forma de lágrimas. Um torcedor simbolizou a classificação grená: Ademar Castro Souza, 73 anos. Ele estava grudado na tela nas sociais do estádio. Enquanto enxugava as lágrimas da esperança pelo acesso, ele foi fotografado pelas lentes de Bruno Todeschini, do Grupo RBS.
A imagem ganhou as redes sociais, por simbolizar tudo que aconteceu na casa grená. Em pouco tempo, a foto chegou ao goleiro André. O camisa um fez questão de se encontrar com o torcedor nesta segunda-feira (1) no Estádio Centenário, e oferecer a camisa do jogo da classificação.
— Foi uma imagem muito marcante para mim, me tocou muito. Cheguei em casa e recebi mais de dez vezes a imagem. Fiquei olhando para ela e mandei uma mensagem para o Vitor (assessor) querendo saber quem era. Em três minutos conseguimos achar o seu Ademar. Eu creio que ele é a expressão da paixão da torcida pelo clube. Eles querem o acesso. Querem que sejamos vencedores com o clube. Essa sintonia com a torcida tem que continuar — contou o goleiro do Caxias.
IMAGEM VIRALIZOU
Emocionado com o presente, Souza ficou sabendo que a foto havia viralizado pelo Facebook. Ele não esconde o orgulho grená, assim como não guardou o choro ao ver seu time avançar de fase na Série D.
— Eu abri o meu Facebook e olhei a foto. Eu estava recuando na tela ali. Homem também chora e não deve ter vergonha. As emoções surgem. Me senti orgulhoso, foram me achar ali (risos). Eu estava com umas 12 pessoas da família. Sempre venho, a turma é sempre a mesma. Eu frequento sempre o Caxias, desde que é Caxias, sou sócio há 20 anos — declarou.
Souza é natural de Santo Ângelo. Ele veio ainda pequeno para Caxias do Sul e mora perto do Estádio Centenário. A paixão é antiga. Tão antiga que nem se recorda do primeiro jogo na casa grená. Mas o encontro com goleiro André ficará eternizado, e o presente já tem um lugar reservado.
— Eu agradeci ele, o nosso mão santa. Todo o grupo fez a diferença, mas ali foi só ele para fazer a diferença. Esta camisa vai para o quadro. Foi gratificante, uma coisa única. Nem imaginava isso, me pegaram chorando, azar (risos). Jamais pensei que fosse estar aqui hoje. O encontro com ele foi uma experiência única. Ganhar a camisa da defesa do pênalti é um momento único. Essa camisa representa tudo, está representando o acesso. Me deu mais confiança agora. Fácil não vai ser, mas desta vez nós vamos — acredita o torcedor.
QUASE FOI GOLEIRO
Aposentando, Ademar Souza relembra com orgulho do passado. Ele revelou que quando adolescente fez teste para ser jogador, ainda no antigo Flamengo. E a posição não poderia ser outra: goleiro.
— Só não fiquei por causa da altura. Eu era goleiro. Jogava futebol até pouco tempo, parei devido a um problema no joelho. Mas jogava futebol de campo. Pior que eu pegava pênalti também, era chegadinho a pegar (sorriu) — rememorou o torcedor, que não esconde a paixão pelo grená:
— Na hora do gol deles eu desabei. Na hora do pênalti não tinha porque ficar ali calado, só batendo palma. Comigo é diferente, deixei as emoções fluírem. Eu amo o time. Muita gente sofreu o mesmo que eu. Quando eu olhei para trás tinha muita gente chorando — finalizou.