O Comitê Organizador da 24ª Surdolimpíadas marcou para a próxima sexta-feira (3), às 14h, uma entrevista coletiva. Na oportunidade, o CEO dos Jogos, Richard Ewald, juntamente com Gustavo Perazzolo, presidente do Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD), prestarão os esclarecimentos à comunidade sobre o que foi realizado e contratado para que o evento acontecesse na cidade. O encontro com a imprensa será na Sala Florense, Bloco M da UCS.
Os Jogos foram realizados em Caxias do Sul entre os dias 1º e 15 de maio. Foram 77 países representados, com mais de 4 mil participantes. Uma grande rede de fornecedores foi contratada para que o evento saísse do papel. Entretanto, mais de 15 dias após o encerramento, muitos reclamam do atraso e da falta de pagamento.
Para que o futebol fosse realizado, por exemplo, o comitê contratou mais de 40 profissionais gaúchos. O presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio Grande do Sul (Safergs), Maicon Zuge, afirma que o contrato não foi cumprido. A dívida passa dos R$ 130 mil.
— Espero que na sexta-feira já estejam com a solução pronta, pois temos quase 50 árbitros para receber. Um contrato que não foi cumprido até hoje. Estamos ansiosos esperando. Temos árbitros que vieram do Exterior e foram embora sem receber — contou o presidente da Safergs.
Fábio Oliveira é responsável por duas empresas que prestaram serviços durante os 15 dias do evento. Ele forneceu som, luz e geradores no Sesi para abertura e encerramento dos Jogos, e geradores para a pista de atletismo. Do total, recebeu uma entrada de 30% e os outros 70% ficaram pendentes. O empreendedor ainda tem R$ 200 mil para receber.
— Tentamos negociar, mas não evolui. A esperança é de que no dia 3 eles nos deem uma esperança nesta coletiva — afirmou Oliveira à reportagem.
Responsável por colocar os painéis de LED nos locais de prova, Eclair Vila Mendes recebeu uma parte do valor contratado. Ele ainda espera receber R$ 270 mil pelo serviço. Em determinado dia dos Jogos, os telões ficaram desligados devido ao atraso.
— Foram sempre empurrando, usando desculpas, que o dinheiro vinha de fora, que tal país não veio. Então, já tinha que diminuir os jogos. Se tem um orçamento para fazer os jogos, ou tem dinheiro ou não tem — ponderou Eclair.
TRANSPORTE, HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO
Para transportar as 77 delegações dos 56 hotéis credenciados, uma grande operação precisou ser montada. A empresa que organizou essa logística diária foi a Brocker Turismo, agência oficial de transporte dos Jogos.
Segundo Adriane Brocker Boeira Guimarães, diretora-geral do Grupo Brocker, mais de 50% do montante total da operação ainda não foi quitado. A empresa precisou mobilizar 120 ônibus para transportar todos os atletas e membros de delegações.
— Foi uma operação imensa, de uma complexidade bem grande. Agora, simplesmente não estamos recebendo. É um problema muito grande. Estamos na expectativa dessa coletiva de imprensa — contou Adriane, que preferiu não falar em valores.
Há relatos também de atrasos com a rede hoteleira. A diretora-executiva do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh), Marcia Ferronato, afirmou que aguarda os dados do comitê na sexta-feira.
O restaurante Tulipa teve dedicação exclusiva para o megaevento durante os 15 dias nos pavilhões da Festa da Uva. Rodrigo Schio, sócio-proprietário, resumiu que uma parte foi quitada, mas há um grande valor pendente.
PRESIDENTE ICSD
No dia 13 de maio, antes do encerramento dos Jogos, o Pioneiro conversou com o presidente do Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD), Gustavo Perazzolo. A entidade organiza o evento a cada quatro anos. Na época, questionado sobre os atrasos nos pagamentos dos prestadores de serviços, ele justificou que o trabalho seguia mesmo após as Surdolimpíadas para quitar todos os valores.
— Na realidade essa não é uma dificuldade. Tivemos uma organização e planejamento quanto a isso. A gente teve uma situação relacionada a fluxo de caixa, são pagamentos internacionais. Então, a gente buscou resolver isso o quanto antes para as competições continuarem, e elas estão acontecendo. Nosso trabalho não termina ao fim dos Jogos. O comitê continua trabalhando para fazer toda parte de pagamento de fornecedores e relatório. Tudo isso continua após a festa de encerramento, o comitê está trabalhando — explicou Perazzolo.