Encerrada neste domingo (15), a 24ª edição das Surdolimpíadas oportunizou a chance de atletas de 77 países mostrarem o seu melhor em 20 modalidades. Para a maioria deles, os 15 dias de competições também deu a oportunidade de abrir os olhos à inclusão da comunidade surda na sociedade. Mas para outros, a vinda a Caxias do Sul também representou a possibilidade de sair do seu país de origem e recomeçar a vida em um local de paz.
Ainda durante a realização da Surdolimpíadas, um cubano abandonou sua delegação e, com a ajuda de um caxiense, embarcou para outra cidade do sul do país. Ao fim dos Jogos, a demanda por acolhimento humanitário já chegou ao setor jurídico do Centro de Acolhimento ao Migrante de Caxias do Sul.
O advogado Adriano Pistorello confirma que foi consultado para auxiliar na permanência de duas pessoas vindas do Afeganistão. O desejo dos afegãos foi levado por Pistorello também a Policia Federal, que deverá receber os estrangeiros na tarde desta segunda-feira (16).
Para estrangeiros que correm o risco de ter seus direitos violados em seu país de origem há duas possibilidades, o pedido de refúgio amparado pela ONU e que hoje protege cidadãos vindos da Venezuela, Ucrania, Síria e Afeganistão, e o Acolhimento Humanitário. O trâmite do primeiro, para ser considerado refugiado aos olhos do governo brasileiro, demora de três a quatro anos para ser concluído.
A outra opção, o Acolhimento Humanitário, é previsto em uma portaria nacional. Esse modelo não prevê proteção, acolhe também haitianos, e pode ser liberado em até 40 dias. Os dois dispositivos dão a possibilidade do estrangeiro criar um CPF e uma carteira de trabalho.
— Nós conseguimos fazer todo o processo de que eles estejam regulares no território nacional, e depois eles vão ter que ter o apoio de alguém que os ampare nesse processo de instalação — explicou Pistorello
Ainda segundo o advogado, afegãos já foram acolhidos na Serra Gaúcha após o Talibã assumir o poder do país no Oriente Médio. Um grupo de cerca de 20 pessoas está em Garibaldi.