Com o Juventude de volta à Série A do Campeonato Brasileiro 14 anos depois, o perfil dos jogadores contratados muda significativamente. Além de salários mais elevados, os atletas da Primeira Divisão, na maioria dos casos, têm personalidades fortes e alguns até com problemas e polêmicas extracampo. A direção alviverde sabe disso e tem buscado entender essa mudança, também tentado encontrar meio jurídicos para se precaver em futuras situações.
— Esse é um fato novo que estamos enfrentando pela exigência do campeonato. Ela nos obriga conviver com isso e administrar. Ter competência, um pouco de tolerância e um pouco de paciência. Como está difícil contratar aquele jogador pronto, confirmado, isso não dá pra fazer. Temos que trazer atletas focados que querem voltar à vitrine, de ter um lugar aqui que será acolhido para se desenvolver. Estamos preocupados com o aspecto de comportamento, a ponto de estabelecer isso em contrato. Se o atleta não vingar aqui por comportamento ou atitude que possamos perder o grupo, poderemos devolver sem multa e penalidade — confirmou Osvaldo Pioner, vice-presidente de futebol do Juventude, que completou:
— Estamos discutindo para se colocar em contrato. Está apalavrado, mas queremos deixar documentado. Já sabemos dessas situações. Os atos de indisciplina, com um grupo menor e com vestiário fechado, quem sabe a gente vai absorver. Se não absorver, a gente vai devolver.
Em fevereiro, o Juventude chegou a acertar com o atacante Wesley Pionteck, 24 anos. O jogador cumpre pena em regime aberto por ter agredido a ex-namorada. A repercussão negativa fez a direção do clube desistir da contratação. O recém-contratado meia Wescley foi denunciado por agressão pela namorada em 2016, mas o processo não teve andamento. O volante Matheus Jesus enfrentou problemas de comportamentos no Corinthians e no Bragantino. No Guarani, o atacante Junior Todinho apareceu em um vídeo numa uma casa noturna, sem máscara e em meio à pandemia. Ele foi multado pelo clube.
— A gente faz, de todo o atleta, uma triagem muito séria desde o aspecto deste profissionalismo, de lesões e comportamento. Se levanta todas as informações. A gente está convivendo agora na Série A, com uma situação diferente de uma C e uma B. Não que fosse fácil, mas teria muitas opções para contratação. A exigência era menor. Estamos sendo um pouco mais flexíveis — disse Pioner, que completou:
— Quando veio aquele atleta (Wesley), nós entendíamos por ele ter sido condenado, a sociedade poderia absorver. Seria uma oportunidade. Mas, claro, quando chegou aqui vimos o impacto. Sobre o Wescley, foi uma discussão de família que teve há cinco anos. Ela não se consumou e não houve sequência nesta reclamatória. O casal continua casado, teve dois filhos e estão vindo juntos. Não tem como ver o problema na coisa. Houve uma discussão de casal, isso não se consumou e não houve processo, bem diferente daquele outro caso. Nós precisamos qualificar o grupo e, ao mesmo tempo, cuidar esses detalhes pra não ferir a sociedade e o torcedor.