O Juventude pode, novamente, dar um salto de patamar no cenário do futebol brasileiro. O clube está próximo de retornar à Série A do Campeonato Brasileiro. Foram 13 anos na Primeira Divisão nacional. Depois do primeiro rebaixamento, em 2007, uma sequência de insucessos resultaram no clube afundar na quarta divisão nacional.
Em 2009, na última rodada da Série B, o Juventude precisava vencer e depender de outros resultados, mas perdeu para o Guarani por 2 a 1 em Campinas e foi rebaixado. Um ano depois, mais um vexame. O time alviverde ficou no empate em 1 a 1 com o líder Criciúma no Estádio Heriberto Hülse, porém, o resultado foi insuficiente para evitar o terceiro rebaixamento em quatro anos.
Em 2011, já na Série D, o Juventude foi eliminado para o Mirassol-SP, no Estádio Alfredo Jaconi quase lotado. Vitória por 3 a 2, mas insuficiente após a derrota por 2 a 0 no interior paulista no jogo de ida. E o pior: com a eliminação, o Ju ficaria sem série nacional em 2012 e teria que buscar a vaga na Copa Laci Ughini. Com Picoli no comando, o título veio com o triunfo sobre o Lajeadense pelo placar de 2 a 1, no Estádio Florestal, em Lajeado.
No ano seguinte, o cenário repetiu-se. Queda na Série D e obrigação na Copinha, conquistada em Pelotas, contra o Brasil-Pel, com o time comandado por Lisca.
Depois de três anos disputando a Série D, o Juventude confirmou o retorno à Série C do Campeonato Brasileiro em 2013. O acesso foi após um empate por 0 a 0 contra o Metropolitano, no Estádio Alfredo Jaconi. Durante quatro dos anos mais complicadas da história alviverde, o presidente do clube era Raimundo Demore.
— A dificuldade financeira era muito grande. As coisas foram muito complicadas.
RAIMUNDO DEMORE
ex-presidente do Juventude
— A dificuldade financeira era muito grande. As coisas foram muito complicadas. Em 2011, o Milton Scola me colocou no futebol e chegamos a Série D após conquistar o título do Interior no Gauchão. Em 2012, fizemos a melhor campanha da primeira fase da Série D e caímos para o Mirassol. Tivemos que conquistar a Copinha contra o Lajeadense para ter vaga no ano seguinte. Falhamos de novo e a história se repetiu. Só em 2013, com o time do Lisca, chegamos ao acesso para a Série C. Mas a lembrança é de toda a dificuldade para essa caminhada. Fui presidente de 2012 a 2015, e que bom que agora chegamos num patamar muito melhor — destaca Demore, ressaltando o trabalhando desenvolvido pelo clube e a sua força na comunidade:
— Estamos numa torcida muito grande para que isso (acesso a Série A) aconteça, pensando somente no retorno. Tenho que parabenizar essa diretoria pelo trabalho realizado e o Juventude merece voltar, porque trabalha muito, com todas as dificuldades que existem, tem uma base muito forte.
Em 2014 e 2015, o Juventude disputou a Série C e não conseguiu o acesso. No entanto, em 2016, sob o comando do presidente Roberto Tonietto, o Verdão retorna à Série B do Campeonato Brasileiro. O Ju visitou o Fortaleza e garantiu um empate em 1 a 1 diante de um Castelão lotado para conquistar o acesso para a segunda divisão nacional.
Teve uma junção das forças vivas do clube para a retomada. Foi uma sequência de trabalho de todos os presidentes que passaram
ROBERTO TONIETTO
ex-presidente do Juventude
—Foi um trabalho bem feito, que começou quando o clube caiu para a Série D. Teve uma junção das forças vivas do clube para a retomada. Foi uma sequência de trabalho de todos os presidentes que passaram. Um trabalho não só dentro do clube, mas fora. Um trabalho de estrutura e recuperação financeira. Espero que culmine com o acesso à Série A. Foi bastante difícil. Estávamos na Série C, após um trabalho muito bem feito pelo Demore — afirmou o ex-presidente Roberto Tonieto, que completou:
— Eu lembro que quando assumimos, no final de 2015, tínhamos três meses de salários atrasados, receitas quase nenhuma, poucos patrocínios e pouca perspectiva. Somente a ajuda de dirigentes, conselheiros e torcedores. Foi uma fase difícil. Fizemos muitos acertos trabalhistas. Tínhamos uma centena de processos trabalhistas com bens do clube indo a leilão. Foi um trabalho árduo da busca de dinheiro e renegociação da dívida.
Em 2017, o Juventude começou bem a Série B, fez boa campanha no primeiro turno, mas na segunda parte da competição não manteve o ritmo e não subiu. Porém, conquistou o objetivo da permanência. No ano seguinte, um rebaixamento e um passo atrás na retomada dentro de campo. Após perder, em casa, para Ponte Preta por 1 a 0, o Juventude foi rebaixado para a Série C com duas rodadas de antecedência.
Em 2019, novamente na Série C, dessa vez o clube estava sendo dirigido pelo atual presidente Walter Dal Zotto Jr. O Juventude foi empurrado por 18.413 torcedores (lotação máxima), goleou a equipe do Imperatriz-MA por 4 a 0 e garantiu presença na Série B em 2020. Um novo episódio positivo nesta retomada, que poderá continuar na Série A.
Com certeza, o acesso nos daria mais tranquilidade neste aspecto. Nós conseguiríamos resolver muitas questões que nos atrapalham no dia a dia do clube.
WALTER DAL ZOTTO JR
atual presidente do Juventude
— Seria a consolidação de um trabalho que começou na gestão do Roberto Tonietto. Quando eu fui chamado para trabalhar no marketing, fiquei um tempo. O Beto, desde o início do trabalho dele como presidente, procurou resolver muitas questões do clube. O Juventude conseguiu o acesso à Série B. Infelizmente, depois fomos rebaixados novamente, mas conseguimos o acesso no ano seguinte. Agora, seria a coroação de todo esse trabalho que vem sendo feito há alguns anos dentro do clube, de honrar compromissos, pagamentos em dia, de resolver questões antigas. Com certeza, o acesso nos daria mais tranquilidade neste aspecto. Nós conseguiríamos resolver muitas questões que nos atrapalham no dia a dia do clube. Quem sabe, para os próximos presidentes, que eles consigam se preocupar apenas com o orçamento do ano. Isso é um sonho para nós e estamos perto de alcançar essa meta — afirmou o atual presidente Walter Dal Zotto Jr.
O Juventude viveu anos difíceis. Após uma crise financeira, salários atrasados, o clube atolado em dívidas, um trabalho de reconstrução das diretorias passadas e da atual conseguiram melhorar a saúde financeira do clube e realizar uma parceria com a LA Sports em 2018.
— Eu penso que o Juventude está conseguindo honrar seus compromissos e isso é fundamental para que a gente tenha credibilidade junto ao mercado. A parceria que concretizamos com a LA há três anos foi fundamental para que nós pudéssemos sonhar com esse acesso e retomada do clube. Criamos ativos novos para o clube. Todas essas questões se somaram as pessoas experientes que já trabalharam no clube. Não existe uma fórmula, não é dinheiro, mas é um somatório de pequenas ações. Temos que ter tranquilidade e não podemos colocar todo o trabalho em cima desse jogo. Se não obtivermos o êxito, e isso não passa pela nossa cabeça, não significa que tudo que foi feito está errado — finalizou Waltinho.