Em muitos casos, eles são os responsáveis por passar o amor pelo futebol para as novas gerações. Levam ao estádio, presenteiam com a primeira bola e, claro, estão sempre apoiando o sonho dos filhos. Eles são pais e mães.
Em agosto, mês do Dia dos Pais, quatro deles deixaram recados, repletos de orgulho, aos filhos, que defendem as cores do Caxias na decisão do Campeonato Gaúcho. A segunda partida contra o Grêmio será no domingo, às 16h, na Arena, em Porto Alegre.
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Adevaldo Alves Martins, recorda-se que os filhos, o lateral-direito Ivan e o gêmeo Igor, passavam o dia chutando bolas na frente de casa, em um terreno abandonado, sem perceber o tempo passando. Ele conta que o início do jogador na carreira foi repleto de dificuldades. Ivan começou a praticar futebol na escolinha do XV de Jaú, e, num dia, surgiu a possibilidade de realização do sonho.
— Teve um dia que surgiu um peneirão numa outra cidade, aqui perto de Jaú, veio um pessoal do Palmeiras e eles (Ivan e Igor) foram fazer a peneira e passaram. Lembro que tinha que ir para São Paulo, no CT do Palmeiras, para fazer a avaliação. Nós não tínhamos recurso nenhum, mas eles estavam entusiasmados. Então, começamos a fazer rifa de mortadela, frango, essas coisas. Conseguimos arrecadar um dinheirinho, mas não tínhamos o valor da passagem. Então, conversei com o responsável pela ambulância, que ia levar uns doentes para São Paulo, e embarcamos junto com os doentes, às duas da manhã. Não dormimos a noite inteira — conta Adevaldo.
Ao chegar na capital paulista, eles ainda enfrentaram outros percalços. Para chegar ao CT, tiveram que caminhar cerca de três quilômetros. Adevaldo lembra que, ao ver o cansaço de Ivan, e do seu irmão, Igor, ele pensou que não conseguiriam:
— Chegamos lá (no CT), eles entraram, mas não pude entrar. Então, fiquei lá fora. Vi que eles sentaram numa sombra e eu, vendo eles, falei "Meu deus do céu, o que vai acontecer?". Comecei até a chorar e pensar "Não vai dar certo, estão muito abatidos". Mas foram bem, fizeram a avaliação naquele dia, passaram, fizeram outra avaliação e passaram de novo. Ficamos três dias lá. Quando voltamos para Jaú, veio um novo retorno e tínhamos que voltar para São Paulo, mas não tínhamos como ir, não tínhamos dinheiro. Não tinha solução. Acabamos não indo e ele ficou treinando aqui no XV, até que surgiu a Portuguesa, e ele começou a se profissionalizar.
O pai de Ivan se emociona ao relembrar a história do filho no esporte. Mas entende que tudo valeu a pena. Com a distância, eles se comunicam mais pelas redes sociais e Seu Adevaldo faz questão de ouvir todos os jogos do filho e diz estar muito orgulhoso de todo o esforço de Ivan para realização do sonho.
— Queria falar que ele sempre foi um menino de ouro para mim, sempre foi um guerreiro. Desejo que ele vá bem na final, faça um golzinho para mim e que Deus abençoe ele muito, porque ele sempre foi um menino de coragem. Estamos muito contentes, por ele estar lutando, ter persistido e chegado até ali. Então, que faça um bom jogo e se possível, marque um golzinho para nós — vislumbra.
Jorge Oliveira, pai do meia Diogo Oliveira, também faz questão de acompanhar todos os jogos do filho. Com muito orgulho, lembra quando Diogo insistiu para entrar em uma escolinha de futebol, com seis anos.
— Naquela época, não existia categoria para seis anos, apenas para nove/dez anos. Então, eu fui numa escolinha, que é perto de casa, e o professor Fernando, que já é falecido, mandou que colocasse ele junto com as crianças grandes. Com seis anos, nós fizemos um jogo, nesse mesmo clube que ele treinava. Veio um clube convidado, aqui mesmo da cidade, e ele, no meio das crianças maiores, fez dois gols. Quer dizer, Diogo sempre teve aptidão para o futebol. Eu, vendo o interesse dele, resolvi encaminhar, porque eu também gostava e gosto muito de futebol — relembra.
Hoje em dia, não é diferente, Jorge orgulha-se dos gols do filho e fala, com emoção, sobre talento de Diogo:
— Ele nunca deu trabalho, é um garoto esforçado, interessado. Diogo, quando era criança, e não tinha clube ainda para treinar, ele saia sozinho, ia para o campo e treinava, ficava chutando no gol. Ele sempre foi muito interessado, então ele merece o momento que está passando — conta.
Nesta final, Seu Jorge só deseja que o filho tenha sucesso, porque apoio ele sempre vai encontrar junto à família:
— Meu filho, sempre que você pensar em apoio, pensa em mim, que eu estou aqui, sempre te dando aquele apoio e torcendo que você faça aqueles golaços, porque cada golaço que você faz, a gente fica eufórico aqui. Então, eu te desejo muita sorte, muito empenho, felicidade, um bom jogo e que sejas campeão, que você merece — deseja.
Também a mais de 1,460 quilômetros de distância, está o pai do zagueiro Thiago Sales, José Sales, no Rio de Janeiro. Mesmo longe, ele faz questão de acompanhar o trabalho do filho. Ele recorda-se da infância de Thiago, quando brincavam juntos.
— Sempre jogou comigo e com os amigos, porque moramos perto de praia. Então, também jogávamos futevôlei. Eu ficava brincando de bola com ele, cabecear, chutar, sempre treinando. Então, a vida toda ele sempre lidou com bola — relembra.
Com a distância, eles se comunicam por redes sociais e por telefone. E, assim, conseguem fortalecer o vínculo.
— Ele representa tudo para mim e para a família. As família paterna e materna são muito ligadas nele, porque só tinha ele de pequeno na família. Então, ambas são apaixonadas. Ele é o número 1 de todas as famílias — completa Seu José, que aproveita para desejar um triunfo grená na decisão:
— A expectativa é que venha sempre o melhor para o Caxias, porque vindo para o Caxias, vem para ele também. Estamos na expectativa, unidos, só esperando o dia do jogo. E a mensagem que eu deixo para ele é que faça um golzinho para comemorarmos o mês dos pais, porque ele sempre consegue. E, também, que faça um bom jogo, para que o Caxias consiga uma vitória — completa.
Orgulhoso e empolgado ao falar do filho, também é Ilvo João Pitol, pai do goleiro Marcelo Pitol. Entusiasmado, ele conta que, com a proximidade, consegue ver o filho mais rotineiramente.
— Nós conversamos muito por telefone. E, quando ele vem para cá, para o sítio dele em São Leopoldo, estamos sempre juntos. Quando ele sai de Caxias, ele já me liga "Oh, pai, estou indo". Eu já vou lá e espero ele com churrasco, carreteiro ou galinhada — conta.
Seu Ilvo expõe o sentimento de ter um filho atleta. Para ele, o orgulho é indescritível:
— A pessoa se sente muito orgulhosa vendo o filho ali, batalhando, lutando por aquilo. Eu sinto o maior orgulho da minha vida. Eu sempre comento com ele esse lado. Todos da minha família e os amigos que ele tem aqui, se orgulham muito dele. Ele é muito dedicado, entra num jogo e não quer perder nem jogo de cuspe. Ele gosta demais — conta.
Nesta final, Seu Ilvo é convicto, e ele confia em um título grená:
— Eu estou esperando que vai dar tudo certo e seremos campeões. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. E nós estamos aqui, do lado dele, para alcançar essa grande conquista que vai ser o bicampeonato do Caxias.
O Papai Lacerda
Para finalizar, a pequena Maria Paula, filha do técnico Rafael Lacerda, também mandou uma mensagem de apoio ao comandante grená. Junto com o irmão Martim, e com a ajuda da mamãe Flávia Lacerda, ela fez um desenho representando o sentimento por Lacerda.
Junto com a criação, ela também cantou uma música em homenagem ao pai, com os dizeres:
— Papai que saudades que eu tô de você, eu já pedi para o meu anjinho para te proteger. Pai, você é o melhor pai do mundo. Beijos. Te amo — disse.
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