O Projeto Conquista surgiu em três atos, que se complementaram de forma muito rápida. De uma especialização em projetos sociais, realizada em Curitiba, o casal trouxe uma ação do “Made in Favela” para a Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Corona. Era a atividade para realizar concertos na instituição.
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– Fizemos o Made in Favela e, na segunda-feira, teve o futebol kids. Nós convidamos o time que ganhou para tomar um café aqui, porque uma aluna da FSG queria fazer um documentário sobre essa ação. Ali, nós perguntamos: o que vocês acham que podemos fazer no bairro? A resposta deles: futebol. Os próprios jovens começaram a nos ajudar no projeto – conta Hood.
A casa onde ocorreu essa reunião é o último ponto determinante para o pontapé inicial do Projeto Conquista. A residência, no fim da rua Margarida Turella Bonatto, voltou às mãos de Hood após uma reintegração de posse. E, a partir daí, começaram a se desenhar as atividades, que vão desde danças urbanas, ritmo e poesia (rap), apoio escolar (crianças com dificuldades em alguma matéria recebem ajuda nas tarefas), xadrez, jiu-jitsu, teatro, grafite e futebol – e mais recreação específica para meninas.
O grande diferencial do projeto está na inserção da comunidade. Assim como ele surgiu, de uma demanda citada pelas crianças, todo o resto vem na mesma fórmula. Os alunos e seus pais passam os desejos que têm, Dj Hood e Liane correm atrás. Neste caminho, o staff saiu de duas pessoas para 13 voluntários dando aulas de graça para todas as turmas.
– Aqui é o loteamento Conquista e queremos que todos se sintam pertencentes das atividades – destaca Hood.
Ao final de cada atividade, há uma alimentação e tudo é buscado por meio de doações. Seja o dinheiro, os materiais e até a pista de skate em construção. Realmente, tudo é doado pelo grupo envolvido com o Conquista.
Ajudar ao próximo é o principal legado
O hip hop é um movimento surgido em meados da década de 1970 nos Estados Unidos, e chegou no Brasil nos anos 1980. Foi naquela época que Hood conheceu essa cultura que usa a música (o rap), a dança (o break) e a arte (o grafite) como um meio de denúncia da realidade das ruas e periferias do Brasil. Ao mesmo tempo, busca uma melhora da realidade de vida para todos os envolvidos nesse contexto.
Basicamente, o movimento hip hop representa a vida de Hood. Desde o momento que começou a fazer bases de rap até as ações e projetos em que sempre esteve ativo, ele tenta mudar realidades. E isso é inspirado no próprio exemplo.
– Eu morei na rua e muitas pessoas me ajudaram. Foi aí que botei na cabeça que, quando pudesse ajudar alguém, iria fazer. Quando começo com o hip hop em Caxias do Sul, há mais de 20 anos, a gente teve essa ideia de comunidade. Quem teve a vivência de rua, está no DNA (ajudar o próximo) – conta o DJ.
Nessa trajetória, ele tem ao lado Liane, que é a grande cabeça do projeto. É ela que tem tudo anotado e sabe de cor todas as atividades, horários e as histórias que existem no Conquista. E experiência os dois acumulam de muito tempo, do ministério em que trabalham ao longo da semana, onde vivenciam realidades de pessoas em recuperação social, até as inúmeras atividades já feitas.
O Projeto Conquista é só mais um passo da caminhada.