O Caxias do Sul Basquete quer voltar a disputar o Novo Basquete Brasil (NBB) na temporada 2019/2020. O projeto está em andamento para que no NBB 12 haja a mesma emoção que foi vista entre 2015 e metade de 2018 no Ginásio do Vascão. O sonho de retomar a equipe adulta na cidade, após o ano de licenciamento, faz com que a mobilização em torno do time se intensifique. Até porque a data para declarar o interesse em participar do torneio deve ser feito à Liga Nacional de Basquete (LNB) em breve.
O Caxias Basquete foi marcante também para quem entrou em quadra. Seja a favor da equipe gaúcha ou contra. As três temporadas em que o time jogou na elite foram marcantes para que a entidade criasse uma identidade com a comunidade que vive do esporte.
Um dos símbolos dos principais momentos da equipe foi o armador Cauê Verzola. Natural de Franca-SP, uma das cidades do Brasil que mais respira basquete. O jogador participou da conquista da Liga Ouro, em 2015, – que garantiu a vaga na elite — e da campanha do NBB 10, quando o Caxias Basquete chegou no sexto lugar, a melhor participação da equipe na competição.
— O que fica de mais marcante, na minha opinião, é o envolvimento com a comunidade. Acredito que o esporte de alto rendimento não faz sentido sem as pessoas estarem presentes, sem a ligação entre equipe e comunidade — afirma o armador, lembrando que essa sinergia entre arquibancada e quadra foi um processo construído com o tempo:
— Isso o Caxias do Sul Basquete conquistou e fico feliz de ter participado disso tudo. Fiquei muito chateado quando fiquei sabendo que o time teria que passar esse último ano licenciado.
Na última temporada, Cauê Verzola atuou pelo Bauru-SP. Do interior paulista, após a boa campanha do time gaúcho no NBB 10, ele acreditava que veria uma sequência no que deu certo da temporada anterior. Mas não foi o que aconteceu:
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— Eu saí de Caxias e considerava uma equipe emergente. No primeiro ano no NBB, jogou playoff. No segundo, o rebaixamento. Começamos a nos reerguer e o projeto deste último ano (2107/2018) foi muito especial. A figura do Rodrigo (Barbosa, técnico), do time que foi montado, o Léo Figueiró (auxiliar técnico em Caxias e que comando o Botafogo no NBB 11), a participação da comunidade. Estávamos evoluindo, crescendo. Iríamos deixar o nome do Caxias do Sul Basquete bem solidificado no cenário nacional.
Organização destacada
Além da figurinha carimbada, a temporada do NBB 10 com o Caxias Basquete foi o momento de confirmação para o ala Pedro. O jovem chegou pouco conhecido na cidade, mas acabou se tornando uma das peças importantes na equipe que chegou às quartas de final. Depois de atuar pelo time gaúcho, jogou no Brasília-DF, equipe da sua cidade natal. Ele recorda que o profissionalismo das pessoas que administram a equipe foi algo marcante na sua passagem:
— Caxias nunca deixou a desejar. Foi um clube que sempre honrou com seus compromissos e dava tudo do melhor para todos os jogadores. É uma equipe com excelentes pessoas e profissionais.
Agora de fora, Pedro consegue observar também que a participação do time caxiense na elite é um diferencial para o esporte e para a região:
— É fundamental, nos já vimos a importância na temporada retrasada. É uma cidade que comparecia e que apoiava em todos os jogos, que com certeza sente falta de lotar o Vascão.
O Caxias do Sul Basquete ainda é relevante para a comunidade local. Mas quem passou pelo time também guarda a equipe como um exemplo. O retorno à elite da modalidade no país é uma necessidade que o esporte do Rio Grande do Sul clama. Afinal, os gaúchos têm tradição com a bola laranja.
"Era difícil jogar e ganhar no Vascão", diz Murilo Becker
Além daqueles que jogaram pelo Caxias Basquete, o time marcou também para muitos adversários. Natural de Farroupilha, o experiente pivô Murilo Becker, de 35 anos, participou de todas as edições do NBB.
Neste último ano, atuou pelo Botafogo, onde levou a equipe carioca até a fase semifinal da competição — a melhor campanha do time carioca na elite.
Segundo o atleta, nos anos em que esteve no convívio dos grandes do país, o time gaúcho fez uma mobilização contagiante:
— A equipe do Caxias conseguiu com que a cidade respirasse o esporte, que vissem o basquete de uma forma diferente. Trabalhei nessa temporada com pessoas que estavam em Caxias (o técnico Léo Figueiró e o ala Cauê Borges), e eles me falavam que foi uma cidade especial.
Murilo foi rival do Caxias Basquete jogando por Bauru, Vasco e Vitória. O pivô recorda bem o que enfrentou pela frente quando encarava a equipe caxiense:
— Caxias era uma equipe muito difícil de ser batida. Mesmo sem ter jogadores tops na época. Mas eles conquistaram seu espaço e hoje são vistos com outro patamar. Era difícil jogar e ganhar no Vascão.
Assim como toda a comunidade do basquete, Murilo aguarda que o Caxias volte às disputas no adulto. Ele sabe da importância para a modalidade no Rio Grande do Sul ter uma equipe na elite:
— É um pecado para nós gaúchos não termos uma equipe em alto nível no cenário nacional. Tudo se envolve na equipe adulta. As crianças se espelham nos atletas e o basquete começa a ser visto de outra forma. É um Estado onde temos praticamente tudo. Há material humano e sabemos que pode se chegar muito longe. Precisamos muito de uma equipe gaúcha no NBB.