Educar e ensinar não é simplesmente uma profissão. Ser professor é uma vocação. A arte de repassar conteúdos e de fazer com que seus alunos tenham capacidade de desenvolver o pensamento, é um dom que vai além de qualquer explicação palpável.
No caso da professora Paula Ghinzelli, da Escola Municipal Ramiro Pigozzi, no bairro Arco Baleno, em Caxias do Sul, a vocação de ensinar vem de casa. Filha de professora, ela carregou no DNA a vontade de transformar vidas através da educação.
— Minha mãe é professora. Então cresci indo em escolas. Desde pequena ela me levava junto. Quando estava no ensino médio, eu jogava handebol e essa vocação veio à tona. Ela dá aula de português, e eu fui para a educação física, onde me encontrei para a vida — diz Paula.
Paula tem 29 anos e é professora desde os 21. Pegou do exemplo da mãe Sônia a vontade de ensinar. E aquilo que aprendeu em casa, e com seus mestres, ela começa a passar também para os seus alunos.
— Tem um aluno do turno da manhã que pede para vir à tarde acompanhar as aulas porque quer ser professor de educação física. Já quer ter essa experiência antes mesmo de entrar na universidade. Isso para nós é muito gratificante. Quer dizer que o nosso trabalho valeu a pena. Que o quão desgastado a gente sai muitas vezes, vale a pena — conta Paula, que vibra com cada estudante que se diz espelhar em sua aula para escolher a carreira para o resto da sua vida:
— Eles vêm contar para a gente que, por causa da nossa aula, fez a escolha. Por causa dos jogos que a gente foi participar com a escola.
O reconhecimento do bom trabalho realizado por Paula acontece, segundo ela, a cada momento em que vai à sala de aula buscar seus alunos para o ginásio ou para uma das áreas disponíveis na escola para realização da prática esportiva.
A metodologia utilizada para que o desenvolvimento dos estudantes aconteça é um diferencial na forma de ensino da professora:
— Qualquer pessoa que vier em um ginásio e acompanhar uma aula orientada, vai saber que isso não é só sair da sala. Nossa aula não é um lazer. Temos um objetivo com isso. Eles sabem o porquê estão fazendo cada atividade.
A missão para Paula é fazer com que os estudantes tenham o mesmo prazer de estar apreendendo do que ela sente ao ensinar:
— Eles têm uma gratidão muito grande. Principalmente os que começam a ir para jogos, festivais. Eles se sentem pertencentes à escola. E isso faz a gente não desistir nunca.
Nada faz parar
Para quem escolheu ensinar, não é qualquer empecilho que vai impedir de ajudar na evolução dos alunos. Apesar da boa estrutura que encontra nos locais em que trabalha — além da Ramiro Pigozzi, ela dá aula na Escola Ângelo Chiele, em Farroupilha—, Paula por vezes acaba tendo desafios diferentes no meio do caminho. Quando a chuva é muito intensa, como aconteceu na semana passada, algumas goteiras surgem no ginásio. É preciso fazer algumas adaptações na ideia original, mas jamais liberar os alunos daquilo que foi planejado.
— Os alunos valorizam o nosso trabalho. Eles nem sabem o que é uma aula livre. Esse não é meu jeito de trabalhar – conta Paula, que reconhece a evolução dos alunos com cada trabalho realizado no dia a dia:
— Gosto de ver a evolução deles. Cada degrau que eles sobem, cada coisa que eles consigam a partir de nossa dedicação. Fico muitas vezes ao meio-dia, depois do horário. Não meço esforços para ver a evolução deles.
Paula ainda é uma professora nova e que tem muito tempo pela frente para ensinar e dividir experiências e conhecimentos com seus alunos. Porém, pensando em um futuro, o que ela espera é que a recordação do período em que viveu com os estudantes seja de felicidade:
— Espero que lembrem da minha aula com alegria, que remeta a lembranças boas. A nossa aula não vale a pena se eles não saírem com um sorriso no rosto.