Não foi necessariamente o que esperavam, mas o empate de 2 a 2 entre Senegal e Japão não frustrou totalmente torcedores senegaleses que acompanharam a partida em Caxias. Isso porque, apesar de não conseguir a vitória, o time africano ocupa a segunda colocação da chave na fase de grupos e depende apenas de um empate na última rodada para passar às oitavas.
O singelo pontinho conquistado neste domingo, entretanto, não foi proporcional à festa promovida por um grupo de cerca de 40 senegaleses que participou da segunda edição do Almoço Ser Legal no salão da comunidade Nossa Senhora de Fátima, no bairro Fátima Alto. Nos dois momentos em que a equipe de Senegal esteve à frente do placar, os batuques e a cantoria preencheram o espaço comunitário.
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O evento, no entanto, não se limitou a uma mera reunião para assistir o jogo. Junto aos senegalEses, cerca de outras 100 pessoas compareceram ao almoço, motivados pela curiosidade em apreciar a culinária típica do país africano. Ao final, a unanimidade dos elogios ao sabor da comida só não era maior do que o entuasiamo compartilhado pela seleção do Senegal.
— É muito legal conhecer uma cultura de um país tão distante e na nossa própria cidade. A comida é maravilhosa e a empolgação deles é contagiante. Senegal ganhou mais uma torcedora — afirmou a professora aposentada, Marcia Lucena.
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O cardápio foi preparado pelo chef e professor de Gastronomia do Senac em Porto Alegre, Mamadou Abdoul Vakhabe Sène. Os pratos principais foram: "mafé" (arroz com molho de amendoim, carne e legumes) e "vermicelle" (massa cabelo de anjo com molho de frango, legumes e especiarias).
Morando na capital gaúcha há mais de 30 anos, Mamadou ressalta que a união das paixões comuns, futebol e culinária, certamente pode reforçar a integração entre brasileiros e senegaleses.
— É uma forma de aproximar as culturas, superar ignorância e estereótipos. Nada melhor do que uma boa comida para as pessoas se sentirem felizes e confraternizarem. Ainda mais combinando com futebol — destaca.
A afirmação do chef de cozinha se traduziu na aprovação do público:
— Muito bacana ver essa troca de culturas. A comida é realmente ótima e todos são muito acolhedores. Se Senegal jogar com o Brasil ficarei em dúvida para quem torcer — comentou o servidor público Jacson Alexandre Rossi.
— Essa integração é fantástica. Já é um povo que faz parte da nossa cultura e ajuda no crescimento da nossa cidade. Todos deveriam conhecer a culinária deles — destacou o empresário Fernando Gonçalves dos Reis.
Senegaleses divididos
Para os senegaleses, a preferência entre Brasil e Senegal é dividida, embora, o país de origem ainda seja a preferência num eventual confronto entre as seleções:
— Por enquanto estou torcendo para os dois, mas se der Brasil e Senegal vou estar dividido. Um é meu país de coração e outro de sangue, não seria uma decisão fácil — conta o empresário Babacar Gning.
Já para o artesão Buba Sow, um eventual confronto entre as equipes poderia ter resultado facilitado por parte da seleção brasileira:
— Brasil já venceu muitas vezes, acho que eles poderiam deixar essa (Copa) para o Senegal.
O 2º Almoço Ser Legal foi promovido pelo coletivo Ser Legal, originado da campanha Senegal, Ser Negão, Ser Legal. O movimento foi criado pelo senegalês Cheikh Mbacke Gueye (Cher) no ano 2015 e realiza ações em prol da inserção da comunidade senegalesa em Caxias. Conforme o Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), atualmente, há cerca de 700 senegaleses residindo na cidade.