O choro de Londres voltou. Mas, desta vez, no Rio de Janeiro, Maria Portela não ficou paralisada. Foi justamente pelo excesso de vontade que ela falhou e acabou eliminada dos Jogos Olímpicos na manhã desta quarta-feira.
Após bater a marroquina Assmaa Niang na luta de estreia, com um yuko no golden score (prorrogação em que o ponto de ouro encerra o combate), a Raçudinha encontrou a austríaca Bernadette Graf nas oitavas de final. E a luta foi novamente para o tempo extra. No entanto, Maria cometeu uma penalidade e deixou o tatame da Arena Carioca 2 aos prantos, assim como em 2012, e foi consolada pela técnica Rosicleia Campos em uma espécie de "déjà vu" londrino.
Na saída, Maria preferiu não dar entrevistas. A família dela, que acompanhou as batalhas no ginásio, também não quis se manifestar. Com 28 anos, a dúvida que fica é se Maria terá uma terceira chance olímpica na carreira, em Tóquio, em 2020.
Um tanto incrédula na forma como Maria foi eliminada, Aglaia Pavani, professora que revelou a atleta olímpica no projeto social Mãos Dadas, em Santa Maria, questionou a decisão dos árbitros.
– Ela estava muito focada nesta Olimpíada. Estávamos certos de que ela chegaria. Isso me entristece. É um momento único. É uma Olimpíada dentro de casa. Mas a Maria fez bonito. Lutou com fair play. Infelizmente, não deu. A arbitragem entendeu que era falta. Talvez, eu esteja olhando com os olhos do coração. Mas ouvi algumas opiniões que me levaram a ter dúvida quanto à punição – ponderou Aglaia, que vibrou de perto na Arena Carioca 2.
Mesmo que Maria tenha encerrado a sua participação sem medalha, mais uma vez, Aglaia reafirmou a importância da judoca e valorizou a participação dela em sua segunda Olimpíada na carreira:
– A Maria segue sendo um exemplo de superação para todos nós. Ela abdicou de muita coisa para lutar por nós. Uma menina saída de um projeto social, sem apoio nenhum, chegar onde chegou foi maravilhoso. Saio daqui emocionada e agradecida a ela pela emoção que me proporcionou. Agora, vamos esperar pelo Mundial de 2017 – concluiu Aglaia, que retorna do Rio de Janeiro a Porto Alegre na noite desta quarta-feira.
Dez judocas e uma medalha
Em cinco dias de judô na Olimpíada, o Brasil conquistou apenas uma medalha, a de ouro, com Rafaela Silva (até 57kg) na última segunda-feira. Porém, frustrou as expectativas com judocas como Sarah Menezes (até 48kg), Érika Miranda (até 52kg) e Felipe Kitadai (-60kg).
Até agora, 10 atletas brasileiros entraram nos tatames da Arena Carioca 2. Também na manhã desta quarta-feira, Tiago Camilo (-90 kg), 34 anos, caiu nas oitavas de final e anunciou a sua aposentadoria. O experiente atleta conquistou prata em Sydney (2000) e bronze em Pequim (2008). Mais quatro judocas do país ainda lutam até amanhã, no último dia de disputas da modalidade.