Como se nunca tivesse envelhecido, José Carlos Vilella Rabello Júnior é conhecido até hoje como o garoto da capa de 1982. Basta uma pesquisa na internet para ver a foto daquele menino de 10 anos que ficou marcado pela derrota de 3 a 2 da Seleção Brasileira de Falcão para a Itália de Paolo Rossi. Júnior estava na arquibancada do Estádio Sarriá em 5 de julho daquele ano, em Barcelona, no Mundial da Espanha. A imagem do choro ganhou o mundo após ser estampada na primeira página do então Jornal da Tarde do dia seguinte.
– Ganhar e perder faz parte da vida. O importante é não deixar de acreditar e sonhar – costuma dizer em entrevistas o advogado, que hoje mora em Santa Catarina e que já viu depois de 1982 o Brasil ser tetra em 1994, penta em 2002 e levar 7 a 1 da Alemanha em 2014.
Como se o tempo tivesse parado por um ano e três meses, Lucas De Meneghi Da Meda é reconhecido até hoje em Caxias do Sul como o "cara da capa" de 2015. Ele estava na arquibancada do Estádio do Vale em 5 de abril do ano passado, na derrota de 2 a 1 do Caxias de Vanderlei para o Novo Hamburgo de Leandrão. A imagem da desolação comoveu a nação grená após ser estampada na capa do Pioneiro do dia seguinte.
– Depois do rebaixamento, voltei de Novo Hamburgo e mal falei com a minha mulher Letícia, de tão brabo. No outro dia, acordei para trabalhar e tinha mais de 50 mensagens de diferentes pessoas no whats com a foto da capa do Pioneiro. A primeira coisa que pensei foi "era só o que faltava" – relembra o professor de inglês de 28 anos e integrante da torcida Grená da Cuba.
Mas, como diz Rabello Júnior, "o importante é não deixar de acreditar e sonhar". Lucas não deixou. Acompanhou o Caxias em quase todos os jogos pela Divisão de Acesso. Vibrou, gritou e até corneteou:
– Eu era um dos que não acreditavam no gordo do Jajá. Só que aí ele virou o Rei Jajá.
No último domingo, o "cara da capa" era um dos cerca de 1,8 mil grenás que comemoraram o acesso junto com os jogadores no pátio do estádio:
– Estou muito feliz, foi um alívio, tirou um peso das costas. Que seja uma vez só na história e que nunca mais aconteça esse rebaixamento.
Nesta quarta-feira, 463 dias depois, ele vira a página de tristeza de 2015 para uma de imensa alegria em 2016:
– Esses dias um aluno novo falou que me conhecia de algum lugar. Eu não disse nada e logo ele emendou "tu é o cara da capa do Pioneiro do ano passado, né?" Até eu, às vezes, me apresento como o "cara da capa" do jornal Pioneiro. Agora, terei duas, e não renego a primeira. Sou torcedor de todas as horas, amo esta camisa, amo este clube.