Aos 70 anos, Guiomar Chies é um dos protagonistas da história do jornalismo de Caxias do Sul, em especial o esportivo. No Pioneiro, foi o titular da coluna Pelotaço de 1971 a 1989, vivendo da fase semanal do jornal até a diária, das velhas máquinas de escrever ao computador.
E, nesse espaço, teve como uma das grandes marcas da seção A foto que não foi publicada, na qual colocava imagens diferentes, com uma pimenta extra.
A trajetória de Guiomar começou ao estilo mais tradicional. O gosto pela leitura o levou a produzir jornais nos tempos de estudante. Em 1967, ingressou na Caldas Júnior, de onde produzia material para jornais de Porto Alegre. Quatro anos depois, a convite do diretor Guilherme Brandalise e do redator Mário Gardelin, ingressou no Pioneiro.
Naquela época, era bancário à tarde e conciliava as atividades jornalísticas. E fez a proposta de uma coluna, na última página, para tratar de esportes. A boa aceitação o levou a assinar o espaço e, logo, ter outra ideia: por que não aproveitar algumas fotos que sobravam das coberturas esportivas? Surgiu A foto que não foi publicada. Naquele tempo, o custo das fotografias era alto. Assim, não eram produzidas muitas cópias, mas sempre ficava alguma de fora.
As primeiras coberturas jornalísticas de Guiomar, no final dos anos 1960, eram muito diferentes das atuais. Quando havia um jogo ou outro fato importante em Caxias, texto e filmes com as fotos eram enviados por ônibus para a Capital. Em alguns casos, os árbitros ajudavam.
O problema era nas situações que ocorriam mais tarde. Em muitas oportunidades, Guiomar apurava o que havia ocorrido e se dirigia a uma central telefônica em frente ao Hospital Pompéia. Lá, esperava na fila para conseguir uma ligação, feita pela telefonista. Se desse sorte, o processo para falar com Porto Alegre durava uns 40 minutos.
Nos tempos mais antigos, o grande parceiro era o fotógrafo Vasco Rech, tanto na empresa da Capital como no Pioneiro.
- Trabalhamos 11 anos na Caldas Júnior sem férias e não faltando a um jogo sequer - lembra. - Era um trabalho profissional, mas tinha muito de amadorismo.
Uma das situações mais curiosas ocorreu num clássico no Jaconi, entre Juventude e Flamengo, antecessor do Caxias. Guiomar lembra bem:
- Eu e o Vasco ficávamos atrás das goleiras, um de cada lado, para acompanhar melhor os jogos. Num lance, o Balzaretti (Juventude) chutou forte e a bola foi na rede. O goleiro Barreira ficou desesperado, pois viu que ela tinha furado a rede, e foi até o árbitro, José Cavalheiro de Morais. Este veio falar comigo e eu disse que, de fato, a bola tinha entrado por fora. Assim, ele anulou o gol.
Casado com dona Gema, teve os filhos Túlio Fernando, Márcio Leandro, Rodrigo Rafael e Marguia Fátima, que viveu apenas uma semana. Depois de trabalhar na rádios Caxias, São Francisco e Miriam, Banrisul, Câmara de Vereadores, entre outros, Guiomar está aposentado.
Ele escreveu os livros Os poderes fazem história e Os 50 anos da paróquia de Santa Catarina. Hoje, se dedica a pesquisas.
Por Onde Anda
Guiomar Chies ajudou a construir a história do jornalismo esportivo caxiense
Durante 19 anos, ele escreveu a coluna Pelotaço no Pioneiro
GZH faz parte do The Trust Project