O mercado formal de trabalho de Caxias do Sul abriu 1.132 vagas em outubro. Trata-se do quinto mês consecutivo com mais contratações do que demissões em 2024. Os dados mais recentes foram divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) na quarta-feira (27).
A indústria foi o setor que mais se destacou em outubro, com saldo de 453 carteiras assinadas, seguida pelos serviços (367) e comércio (214). A agropecuária e a construção civil também ficaram no azul, com 72 e 26 vagas respectivamente.
Para a diretora de Planejamento, Economia e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), Maria Carolina Gullo, Caxias do Sul vive um bom momento economicamente, o que se reflete na contratação de mão de obra. Ela explica que o setor de serviços deve se manter aquecido diante das contratações sazonais de primavera e verão.
— Há um apelo maior por alguns serviços ligados a turismo e lazer (neste período). Bares, restaurantes, parques, enfim, tudo aquilo que tem uma sazonalidade ligada ao clima (manterá a tendência de contratar mais do que demitir) — analisa a economista.
Por outro lado, a indústria, na opinião dela, é impactada por fatores como as compras governamentais e o agronegócio:
— Toda vez que temos boas safras, boas vendas, uma exportação forte, temos também impacto sobre a nossa economia aqui. Principalmente o setor industrial, que tem uma relação muito próxima com o agronegócio (por meio) das peças, autopeças, elementos para o setor agrícola — avalia Maria Carolina.
Em uma análise mais ampla, é possível verificar um crescimento também em relação ao ano passado. Entre janeiro e outubro de 2023, o saldo ficou em 4.891 postos de trabalho. Neste ano, no mesmo período, foram geradas 8.613 vagas, o que representa uma ascensão de 76% no comparativo.
A economista da CIC avalia que a diferença expressiva entre os anos pode ser explicada por uma dificuldade dos empresários em encontrar mão de obra qualificada. Para ela, a partir de relatos de gestores, algumas funções individuais passaram a ser feitas por mais de um funcionário, o que impacta no número de contratações, por consequência.
— Quando falamos de baixa qualificação, nós estamos falando não só da qualificação técnica, mas da qualificação também mais básica, da educação mais básica e até mesmo emocional. Esse "gap" (lacuna) na qualificação da mão de obra, por um lado traz mais números, contrata mais gente, mas, por outro lado, baixa a produtividade de todos os segmentos. Isso, no médio e no longo prazo, vai trazer algumas complicações para a economia — acredita Maria Carolina.
Em 2024, apenas em maio o número de demissões foi maior do que o de contrações, resultando em — 102 carteiras assinadas.