Os prejuízos da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio continuam sendo contabilizados. Em, Caxias do Sul, a economia recuou 7,2% no quinto mês do ano em comparação a abril. Todos os setores apresentaram desempenho negativo, conforme os dados divulgados na manhã desta quinta-feira (4) em coletiva na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC).
Conforme o levantamento, a indústria teve a pior performance, com -7,6%. Em segundo lugar, ficaram os serviços, que registraram -7,3%. O comércio, por sua vez, caiu 5,5%. Os especialistas da CIC e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) afirmaram que esperavam que os números fossem ainda mais negativos, acima dos dois dígitos, em função de todas as perdas que o Estado sofreu. Os prejuízos estão relacionados a transtornos logísticos, atrasos de fornecimento, demanda reduzida e indisponibilidade de sistemas.
O diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC, Tarciano Mélo Cardoso, analisa que a chuva faz com que as pessoas, naturalmente, saiam menos de casa, o que impacta diretamente nas vendas no comércio e na demanda para determinados serviços, como restaurantes e opções de lazer, por exemplo.
Em relação à indústria, a queda pode ser explicada, na opinião dele, pela parada de algumas fábricas, queda no faturamento por cancelamento de pedidos e demanda reprimida diante dos problemas logísticos ocasionados por bloqueios em rodovias.
— Tivemos uma redução da capacidade instalada (na indústria) de maio contra abril, mesmo maio sendo um mês que teria mais dias úteis. Mas, em função do que ocorreu, tivemos essa redução. Além disso, as compras industriais retraíram 14% e as vendas, 17% — acrescentou o diretor da CIC.
Embora os setores tenham sido fortemente impactados, os números ainda são melhores do que os do mesmo mês de 2023. Na comparação com maio do ano passado, o crescimento na economia caxiense é de 5,3%. No acumulado do ano, puxado pelo setor de serviços, o aumento é de 10% e, nos últimos 12 meses, de 5,5%.
O presidente da CIC, Celestino Loro, também pontuou que é preciso que haja mais agilidade no envio de recursos federais para que a economia do Estado entre em recuperação o mais rapidamente possível.
Vendas de maio frustraram comerciantes
Mesmo com o Dia das Mães, segunda data mais importante para as vendas, o comércio não apresentou bom desempenho em maio em Caxias do Sul. O volume de negociações registrou queda de 5,5% na comparação com abril.
— Uma queda de 5,5% é bastante expressiva, mas temos que entender que nós tivemos o pior desastre climatológico do Estado. Nunca antes nós tivemos uma tragédia como essa. Então, é natural pensar que isso iria acontecer —avalia o assessor de Economia e Estatística da CDL, Mosar Leandro Ness, acrescentando que as expectativas, mesmo que tímidas, se voltam, agora, para as vendas de Dia dos Pais, em agosto.
Uma pesquisa da CDL, feita após o Dia das Mães, indica que as vendas caíram 20% na comparação com 2023. A amostragem, realizada entre os dias 14 e 17 maio com empresários do varejo local, revelaram que 64,5% dos entrevistados tiveram resultados piores neste ano. Outros 25,8% afirmaram que as vendas foram iguais e apenas 9,7% registraram alta.
Mercado externo
As atividades ligadas ao comércio internacional também foram impactadas. Em maio de 2024, o saldo da balança comercial aumentou 1,8% em relação a abril de 2023, mas caiu 61,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior e 32,2% no acumulado de 12 meses.