Caxias do Sul é um município feito de sotaques. Primeiro, dos indígenas, nossos povos originários. Depois, de maneira muito expressiva, dos imigrantes italianos. A partir daí, não pararam mais de chegar pessoas de fora. Há, por exemplo, uma forte comunidade dos Campos de Cima da Serra em Caxias. Gente de Bom Jesus, São José dos Ausentes, Vacaria, Cambará do Sul e entorno.
Muitas pessoas também de várias partes do Rio Grande do Sul e de outros estados. Nos últimos anos, a cidade recebeu uma leva de senegaleses e haitianos. Agora, são os venezuelanos que chegam em maior quantidade.
São as mãos e mentes dessas pessoas que promoveram e ainda promovem o desenvolvimento da cidade. Elas estão na indústria, no comércio, nos serviços. Nos bares, restaurantes, lojas e fábricas. Migrantes e imigrantes que deixaram suas cidades, cada um por algum motivo, para tentar uma nova vida em Caxias.
Neste 1º de maio, Dia do Trabalhador, reunimos diferentes rostos e sotaques. São apenas alguns personagens que contribuem de forma fundamental para o progresso da região da Serra e nos ensinam a respeitar a diversidade.
"Aqui consegui emprego e meu filho está na escola"
O terremoto de 2010 e as consequências da tragédia fizeram com que milhares de haitianos buscassem outros países nos últimos anos. O Brasil foi um dos principais destinos e Caxias, importante polo metalmecânico brasileiro, entrou na rota dos refugiados de lá pra cá, e a cidade segue recebendo imigrantes haitianos.
Somente neste ano, entre janeiro e março, o Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) atendeu a 78 haitianos – e há uma expectativa de que eles continuem chegando, já que o país passa por uma grave crise política desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021.
Entre os haitianos que Caxias recebeu na última década, está Maselaine Dume, 31. Ela chegou com o filho há cinco anos e se juntou ao marido que já estava no Brasil desde 2014. O esposo morava em São Paulo e, como ficou desempregado, resolveu tentar algo na Serra gaúcha por recomendação de um amigo.
— Durante o tempo em que esteve no Brasil sozinho, ele nos visitou uma vez. O nosso filho era pequeno e sentia muita saudade. Ele perguntava se o pai ainda estava vivo — lembra.
Assim que chegaram em Caxias, conseguiram emprego. Maselaine em uma padaria e o esposo como sushiman. Durante a pandemia, ela foi demitida. Mas logo arranjou trabalho em um restaurante da área central, como auxiliar de cozinha, onde está há quase dois anos.
— É um lugar bom para trabalhar. As gurias são gente boa. Fui muito bem recebida — celebra.
A nova vida, bem diferente da que tinha no Haiti, permite Maselaine sonhar. Apesar da falta que sente da família, não pensa em voltar, a não ser para visitá-los. Está feliz e realizada em Caxias.
— É muito difícil viver no Haiti, não tem emprego e agora não tem presidente. Aqui consegui emprego, e meu filho está na escola. Eu decidi ficar por causa dele, quero que estude. Não vou ficar andando de cidade em cidade — diz.
Além disso, Maselaine tem agora mais um motivo para permanecer no Brasil: a família vai ganhar mais um integrante. Grávida de três meses, ela ainda não sabe o sexo da criança, mas já escolheu nomes de menino e menina.
— Como será brasileiro, vai ter nome brasileiro: Daniel ou Ana Vitória. Ana Vitória porque já perdi outras dois bebês e descobri o significado da palavra — se emociona.
Projeto reconhecido internacionalmente
Um programa de apoio às mulheres migrantes, desenvolvido por uma planta industrial caxiense, alcançou projeção internacional. O trabalho feito pela unidade da Legrand Caxias foi um dos três escolhidos pela multinacional francesa entre projetos apresentados pelas filiais da empresa espalhadas pelo mundo. A iniciativa vai além de abrir vagas para trabalhadores estrangeiros, segundo explica Pablo Cunico, gerente da Legrand de Caxias:
— As mulheres são um público bastante vulnerável como migrantes, porque, muita vezes, vêm sozinhas com filhos, como chefe de famílias que passaram por muitas dificuldades no seu país de origem até tomarem a decisão de deixarem tudo para trás e tentar a sorte em outro país. O nosso projeto consiste também em dar esse suporte psicológico — exemplifica.
O coordenador de Recursos Humanos da Legrand em Caxias, Andrei Comerlato, conta que o projeto começou a ser desenhado no início de 2022 e a premiação internacional foi no final do ano passado, em evento promovido pelo núcleo de diversidade da Legrand, na Itália. O aporte foi de cerca de R$ 60 mil para a iniciativa.
Como todo o começo, foi difícil essa mudança, mas fui muito bem recebida no Brasil, tanto pelas pessoas, como vizinhos, quanto órgãos públicos e empresa. Meus colegas me ajudaram muito com a adaptação
YETZI COROMOTO SOSA MARICUTO
Venezuelana
— Mas não é um projeto pontual, o que a gente quer é torná-lo contínuo — defende Comerlato.
Gabriela Pedrotti Zawacki, analista de RH da Legrand, acrescenta que são oferecidas aulas de português com uma professora que vai até a empresa.
— Ao longo do ano, também já estão agendados encontros para tratar de cultura brasileira e regional, legislação trabalhista e outros assuntos que, às vezes, para o próprio brasileiro já é difícil — elenca Gabriela.
Yetzi Coromoto Sosa Maricuto é uma das oito mulheres imigrantes venezuelanas que trabalham nesta indústria de um total de 15 estrangeiros. É também a única que não está atuando na área operacional. Yetzi atua na área fiscal, porque na Venezuela era supervisora de operações e serviços de um banco. Está há sete meses no Brasil depois de entrar por Pacaraima (RR) com a filha de 14 anos. E está há dois meses na Legrand.
— Como todo o começo, foi difícil essa mudança, mas fui muito bem recebida no Brasil, tanto pelas pessoas, como vizinhos, quanto órgãos públicos e empresa. Meus colegas me ajudaram muito com a adaptação — conta.
A decisão de se mudar para o Brasil ocorreu quando ela perdeu o emprego na pandemia. Por pesquisas e conselhos de amigos, chegou a Caxias, mais precisamente ao bairro Desvio Rizzo, onde mora. Ela enviou o currículo pela internet e duas semanas depois foi chamada para a entrevista e trabalhar na Legrand. Yetzi não sabia do programa que acolhia mulheres imigrantes e se disse ainda mais encantada ao saber, pela possibilidade de ter mais mulheres de sua pátria natal por perto.
Valéria Neves, gerente corporativa de Pessoas e Cultura, Marca e Reputação das Empresas Randon, também destaca o trabalho que vem sendo desenvolvido na companhia voltado para estrangeiros. De 16 mil colaboradores no país e no exterior, são 450 imigrantes contratados, sendo da Venezuela, Senegal, Haiti e outras localidades.
— Por isso temos ações voltadas a essa população, como a integração dos funcionários já traduzida para diversos idiomas, cursos de línguas dentro da organização, por meio de plataformas online, e a possibilidade de carreira. Hoje somos uma empresa aberta à diversidade e entendemos que essa pluralidade faz parte do nosso dia a dia e ela é muito bem-vinda — destaca Valéria.
"Caxias é boa"
A Caxias de tantas cores e sotaques abriga também a comunidade turca. Fatih Taskin, 33 anos, é um dos imigrantes turcos que adotaram a cidade nos últimos anos. O jovem chegou ao Brasil em 2010 e morou em São Paulo e Rio de Janeiro, onde se formou em Ciências da Computação. Casou-se em 2018 e, com a vinda dos sogros, também turcos, para a Serra, resolveu mudar-se em 2019.
Inicialmente, trabalhou como projetista em uma loja de móveis. Depois, foi sócio de um restaurante de comida típica turca. Atualmente, cria gado de corte em São Francisco de Paula e trabalha na empresa do sogro, uma fábrica de pistão hidráulico.
— Caxias é boa tanto no clima quanto no social. Não posso dizer economicamente ainda, porque a gente está se estabelecendo. Um dia adoraria dizer economicamente também — destaca o jovem, que é membro do Hizmet, movimento civil mundial enraizado na tradição espiritual e humanística do Islã e que vem sendo perseguido pelo governo da Turquia.
— A gente tenta se integrar, tenta fazer parte da vida dos caxienses. Isso faz com que a gente goste da cidade. Caxias tem uma história fundada pelos estrangeiros, pelos italianos. Isso facilita também a nossa estadia, porque Caxias aceita os imigrantes como parte da sociedade — acrescenta o jovem, natural de Ancara, capital turca.
Assim como Fatih, Ilyas Sahinoglu também escolheu Caxias para viver. O educador nascido no norte da Turquia já morou em Bangladesh e Dubai antes de chegar ao Brasil e até tentou ir para os Estados Unidos, mas não obteve o visto. Aqui, apesar da dificuldade com o idioma, já se sente em casa.
— As crianças não querem ir embora. Nós agora pensamos em alternativas para nos estabilizarmos financeiramente. Era temporário, mas agora é permanente — diz.
Quase imperceptível
Quem conversa um pouco com Leyti Ndiaye, que está há nove anos no Brasil, demora um pouco para identificar a nacionalidade, porque o sotaque do senengalês está quase imperceptível.
A adaptação aos idiomas foi em função da necessidade, já que, antes de chegar a Caxias, passou por Equador, Peru, e, no Brasil, ainda conviveu um pouco com o sotaque paulista. O primeiro emprego em Caxias foi em um frigorífico, mas Leyti não seu adaptou ao frio. Foram dois meses no bairro de Ana Rech e já são nove anos na Legrand.
— Quando eu cheguei, não falava nada, só bom dia e oi. Mas sempre fui curioso, tentava conversar com as pessoas e agora acho que estou falando bem.
Quem também está há bastante tempo em Caxias é Lujohnson Julien, haitiano que atua na área fabril da mesma companhia há 11 anos.
— Eu vim como refugiado. Não deu para vir com a família. Agora eles estão todos grandes. Já tenho um filho morando e trabalhando em Caxias. Ele tem 25 anos, trabalha na Randon há quatro anos. E agora estamos juntando dinheiro e pensando em comprar uma casa e trazer o restante da família, que estão com 22, 20 e 15 anos — projeta o haitiano.
A ideia é que eles busquem as mesmas oportunidades de trabalho que o pai e o irmão tiveram em Caxias.
Mudanças por amor
Aldo Javier Tamagusuku, que atua na área de Negócios Digitais das Empresas Randon, está em um limbo em se tratando de sotaques. Há 20 anos em Caxias, ele ainda deixa transparecer que é argentino. Mas, quando volta para Cordova, sua cidade natal na Argentina, os familiares já não reconhecem seu espanhol.
— Quando eu cheguei, achava que sabia falar português, porque minha namorada era brasileira e falávamos em casa. Mas aqui descobri que as pessoas não me entendiam e eu não entendia elas. Eu chegava em casa com dor nas articulações de tanto tentar falar essa nova língua. Passaram-se 20 anos, já falei com fonoaudióloga, mas quando abro a boca, todo mundo sabe que sou de fora. Virou a minha marca — destaca Aldo.
Caxias foi o lugar que ele e a esposa, Sheila Moterle, decidiram que seria o ideal para a criar a filha Mayumi, de 12 anos.
— A minha vinda a Caxias do Sul foi por amor e eu permaneço aqui por amor. A minha esposa é caxiense, morou três anos na Argentina. Estávamos fazendo faculdade e, em 2003, decidimos vir para cá. Eu já sabia que era o segundo polo metalmecânico do Brasil, a minha formação é técnico industrial e tinha decidido vir para cá. Mas não foi fácil, eu cheguei em Caxias com 170 dólares, muitas ilusões e muitos sonhos, mas sabia que aqui poderia colocar em prática o que sabia — recorda.
Desde criança, sempre amei o Brasil. Meu sonho era morar neste país.
LEANDRO ROGELIO AGAPITO
Argentino
Aldo começou como auxiliar geral em uma pequena indústria, depois entrou na Frasle, em 2006. Em 2011, decidiu empreender com a esposa. Ambos abriram uma fábrica de uniformes de rúgbi.
— Caxias tem muita influência nisso. O DNA empreendedor da cidade acabou me influenciando — conta o argentino.
Em 2018, ele retornou para as Empresas Randon, onde está até hoje, com a esposa tocando o empreendimento.
Outro argentino que veio trabalhar em Caxias por amor é Leandro Rogelio Agapito, que é soldador na Marcopolo.
— Desde criança, sempre amei o Brasil. Meu sonho era morar neste país. Comecei desde cedo trabalhando com meus tios em Santa Rosa — conta o argentino, que tem um avô brasileiro.
Natural de Leandro N. Alem, cidade da região de Missiones, já está há dois anos em Caxias.
— Aqui tem tudo para dar certo. Tem serviço e a cidade é muito boa. Não tem como não se acertar aqui — defende Leandro.
O italiano Antonino Sansica trabalha como montador no centro de fabricação da Marcopolo e veio parar na Serra porque conheceu a esposa caxiense pela internet. Os três meses que reservou para conhecê-la pessoalmente no Brasil resultaram em casamento e a mudança de país.
— Acho Caxias uma cidade tranquila para mim, até por conta dos italianos que vieram para cá colonizá-la. Eu não sabia disso, descobri depois de vir, mas me senti muito acolhido — comenta o italiano, natural de Trapani, na região da Sicília, no sul da Itália.
Oxente, que frio!
Em um país com dimensões continentais, o sotaque diferente é um dos menores desafios enfrentados por quem troca a região Nordeste do país pelo Sul. O frio tem sido uma das maiores dificuldades para Jonathan Santana dos Santos Moraes, sergipano que atua na área fiscal da Legrand. Ainda mais para quem vai passar o primeiro inverno em Caxias.
— Toda nossa adaptação agora está sendo para o frio. No resto, estou achando a cidade muito receptiva em qualquer lugar que a gente vai — conta o sergipano, que morou também em São Paulo, ou seja, já perdeu um pouco do sotaque e já conheceu um pouco de frio.
Já a mineira Nathalia Souza, embora seja de um Estado em que as temperaturas não são tão altas como no Nordeste, a engenheira de testes também apontou o frio como uma das principais dificuldades de quando chegou em Caxias.
— Na primeira semana, tinha previsão de neve e eu nem tinha blusa de frio — relembra a profissional, que atua no Centro Tecnológico Randon (CTR).
A escolha de Caxias não foi pelo clima, obviamente, mas porque a área de atuação que escolheu para trabalhar é em um dos poucos campos de prova do setor automotivo do país.
— E eu me encontrei muito profissionalmente aqui. E, convivendo com os colegas, eu já peguei eles falando: "aquele trem ali não dá certo" — brinca a mineira.
"O que mais gosto em Caxias é o que a cidade está me proporcionando"
Há pouco mais de um ano, Maria Thaynara Jorge Freire, 26, trocou o Ceará pelo Rio Grande do Sul. Desembarcou em Caxias em dezembro de 2021 e teve o verão pela frente até encarar o seu primeiro inverno na Serra gaúcha. A neblina característica da região não assustou a jovem. Na sua cidade, São Benedito, a cerração também era comum, mas as temperaturas não eram tão baixas. Thaynara precisou trocar as sandálias pelas botas, mas tirou de letra:
— Eu me adapto muito fácil, muito rápido. O frio ainda incomoda, mas os próprios caxienses dizem que não se acostumam.
Caxias é uma cidade grande, mas não tão grande como Porto Alegre. É muito boa para viver e conquistar inúmeras coisas
MARIA THAYNARA JORGE FREIRE
Carioca criada no Ceará
Os mesmos caxienses estranham a troca de Thaynara. Por que deixar o calor do Nordeste pelo clima do Sul? Por uma oportunidade de emprego, ela responde. Farmacêutica, estava em busca de trabalho, mas com dificuldade de colocação. Um amigo da Paraíba, com quem ela tinha estuda na Universidade de Campina Grande e que vivia em Caxias, conseguiu marcar uma entrevista para a jovem em uma rede de farmácias. Ela passou e não teve dúvidas: partiu Caxias!
— O que mais gosto é o que me trouxe, o meu emprego, o meu crescimento profissional. Ainda não tive tempo de explorar a cidade, mas o que mais gosto em Caxias é o que a cidade está me proporcionando. Caxias é uma cidade grande, mas não tão grande como Porto Alegre. É muito boa para viver e conquistar inúmeras coisas — comemora a jovem que, em pouco tempo, tornou-se gerente de uma das unidades da empresa onde trabalha.
Embora ame a sua terra, Thaynara não pensa em voltar para o Ceará. Aqui, vê muitas oportunidades de crescimento profissional, além de considerar um lugar com mais qualidade de vida. A mãe dela, inclusive, já manifestou desejo em se mudar para Caxias quando se aposentar.
— Eu tenho planos de ficar, mas me deixo livre para crescer com a minha empresa. Conforme me der oportunidade, quero aproveitar. Minha intenção é crescer — diz, determinada.
Cuscuz para matar a saudade de casa
Apesar do sotaque nordestino, Thaynara é natural do Rio de Janeiro. Os pais, cearenses, resolveram voltar para casa quando ela tinha seis anos. Aos 19, ela mudou-se para Campina Grande, no interior da Paraíba, para estudar. Depois de formada, voltou ao Ceará:
— Não tenho muito apego. Sempre fiz o que era melhor pra mim.
Mas, mesmo se considerando "boa de adaptação", ela sente saudades da família e da comida do Nordeste. A tapioca é uma das coisas que mais sente falta, já que a goma daqui é diferente, assim como a carne de sol. Faz falta também o baião de dois e o doce de leite do Ceará. A jovem tem compensado com as massas e o churrasco gaúcho.
– Encontrei a farinha para o cuscuz e sou realizada (risos). O pinhão não me agradou ainda. O sagu achei bom – conta Thaynara, que até já encontrou um amor caxiense.
"É a minha cidade"
Sandrine dos Santos tinha 22 anos quando a prima estava de férias em Alagoas e a provocou: "vamos comigo pra Caxias, lá tem emprego?". Estudante de Letras e sem trabalho formal na época, pensou: "por que não?". Deixou a sua cidade, Junqueiro, e embarcou com a prima rumo ao Sul.
Logo na segunda semana na Serra, conseguiu emprego em uma rede varejista em um dos shoppings da cidade. Hoje, é assistente de relacionamento do Sindilojas, o Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul, e cursa Administração.
Apesar das diferenças culturais, ela se adaptou bem.
— Amo Caxias. É a minha cidade agora. No início, foi bem difícil no sentido da recepção das pessoas. Como o nordestino é bem falante, eu senti a diferença. Mas eu aprendi a respeitar a cultura de Caxias — diz.
O que não deu ainda para se acostumar foi com o clima. Descobriu que tem sinusite e rinite e sofre com as mudanças bruscas. Mas ainda assim não troca mais Caxias por outro lugar. Constituiu família e pretende ficar por essas bandas.
— Casei aqui e tenho uma filha de cinco anos. É minha gauchinha, ama churrasco — conta.
Dados
- Nos três primeiros meses de 2023, o Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) atendeu a 874 pessoas.
- Como o atendimento é regional, nem todas são de Caxias.
- Somente em março, 223 venezuelanos foram atendidos pelo CAM. Do Haiti, foram 34.
- Estrangeiros de Senegal, Colômbia, Peru, Argentina, Cuba e Paraguai também aparecem entre os atendimentos.
- Em março, o CAM fez 89 atendimentos no programa de empregabilidade. Dezoito pessoas foram encaminhadas para vagas de trabalho e para cursos profissionalizantes.