A economia de Caxias do Sul fechou setembro com crescimento em todos os indicadores. Em relação ao mesmo mês de 2021, o avanço foi de 7%. Esse valor é importante porque ele retira sazonalidade do comparativo, já que o mês segue um padrão de número de feriados e sem datas relevantes para o comércio. Os demais percentuais comparativos da economia caxiense também apareceram no positivo: 3,2% em relação a agosto, 3,8% no acumulado do ano e 3,9% no acumulado de 12 meses.
Os dados foram apresentados na terça-feira (8) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Quando os setores são analisados individualmente, o único índice que aparece no negativo é do comércio na comparação entre setembro e agosto de 2022, um decréscimo de 2,7%.
— Setembro tradicionalmente é o mês que apresenta a característica de não ter nenhuma data comemorativa, ao contrário de agosto, que teve o Dia dos Pais e foi uma das mais expressivas do ano todo — explica o economista Mosár Leandro Ness, assessor de economia e estatística da CDL Caxias.
No acumulado do ano, no entanto, o comércio registra crescimento de 11,3%, um índice apontado pelo professor como relevante, porque denota a expansão extremamente forte após o período mais grave da pandemia. A expectativa para o comércio segue positiva para o fim do ano, com a Copa do Mundo, a Black Friday e o Natal. Além disso, a projeção também é de que outubro, o próximo mês a ter os dados divulgados, feche com bons números:
— Em outubro, tivemos a Mercopar e o Dia das Crianças — assinala o gerente administrativo financeiro da CDL, Carlos Aberto Cervieri.
A indústria, setor que começou a recuperação ainda durante a pandemia, seguiu a trajetória de crescimento em setembro. Em relação a agosto, por exemplo, avançou 5%. O dado que mais chamou a atenção dos especialistas foi o uso de 83% da capacidade instalada nas empresas. Segundo eles, se trata de um nível acima do comum e perto do limite que costuma girar em torno de 85%, o que indica que as indústrias estão aquecidas em termos de pedidos:
— Isso é a indústria produzindo e a gente consegue ver isso também pela retomada dos empregos (Caxias gerou 7,6 mil vagas até setembro) — aponta o economista Tarciano Mello Cardoso, diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC.
A economista Maria Carolina Gullo, diretora de Planejamento, Economia e Estatística da CIC, assinalou que setembro teve 20 dias úteis, devido a feriados, enquanto agosto teve 23. De acordo com ela, essa redução de período de trabalho é um aspecto importante porque, mesmo assim, os índices da indústria seguem positivos na cidade:
— A gente está com o setor industrial muito forte ainda — salienta.
Serviços no positivo
No acumulado de 12 meses, os serviços apareceram com uma alta de 0,1%. Apesar de tímido, o crescimento foi comemorado. É que, nesse indicador, o setor não tinha avanços pelo menos desde setembro de 2021, conforme o histórico apresentado.
— Embora seja um crescimento pequeno, é importante, porque a gente não vinha conseguindo ficar no positivo — comentou Cardoso.
O economista adicionou que a expectativa é de que o setor continue a crescer nos próximos meses, em uma curva de recuperação ainda embalado pela melhora das condições sanitárias após o período mais grave da pandemia.
Mercado externo
Em setembro, o desempenho das exportações diminuiu em relação a agosto, enquanto o das importações aumentou. O saldo da balança comercial ficou em US$ 22 milhões — uma redução de US$ 5 milhões na comparação com o mês anterior. No ano, Caxias acumula US$ 699 milhões em exportação e US$ 494 milhões em importações. Cardoso salientou que os dados do ano sobre exportações demonstram um avanço em relação a 2019, um movimento de destaque, já que em 2020 e 2021 houve uma queda nesse indicador na comparação com o ano pré-pandemia.
Inadimplência
No Termômetro de Vendas, em que a CDL apresenta os dados do comércio, a entidade demonstrou o avanço inadimplência na cidade. O número de pessoas ou empresas com contas em atrasou avançou 0,42% na comparação de setembro de 2022 com agosto e 5,61% na relação de setembro dos dois anos. O estoque de dívidas, ou seja, os valores em atraso, teve um avanço foi de 0,38% em setembro sobre agosto. No ano, o estoque de dívidas é -0,42% e, em 12 meses, de –3,83%. Na avaliação desses dados, Ness apontou que é natural um aumento na inadimplência quando há aumento da atividade econômica. Para os próximos meses, a tendência, diz ele, é de que esse cenário se mantenha.