Escolas da rede particular de ensino de Caxias do Sul irão aplicar um aumento de 8% a 13% nas mensalidades de 2023. Os índices de reajuste foram constatados a partir de levantamento da reportagem junto a 10 instituições da cidade entre a quinta (3) e sexta-feira (4)— oito responderam sobre o encarecimento para ofertar os ensinos Fundamental e Médio, uma ainda não tinha definição e outra não retornou ao contato até o fechamento da reportagem. Todos os percentuais informados pelas escolas estão acima da inflação, a qual está na casa de 7,17%, segundo o IPCA acumulado de 12 meses (referência mês de setembro).
O presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), Oswaldo Dalpiaz, explicou alguns motivos que levam a este cenário. Ele diz que as escolas costumam fazer a previsão orçamentária do próximo ano por volta dos meses de agosto e setembro do ano anterior. Diante desta antecipação e, por vezes, por cautela nas finanças, os índices aplicados se sobressaem à inflação do momento.
— Dificilmente, o ciclo evolutivo da inflação permanece em dezembro, janeiro e fevereiro, assim como veio em agosto, setembro e outubro. Normalmente, há uma diferença grande. Por prudência, às vezes, os gestores acabam reajustando um pouco além da inflação. Às vezes, também, coloca-se um pouquinho a mais da inflação para recuperar a defasagem do ano anterior (referindo-se, por exemplo, à migração de estudantes para a rede pública no período mais grave da pandemia). Mas, em princípio, as escolas são muito prudentes e dão o passo conforme o mercado, a necessidade e também aquilo que pretendem ofertar — avalia o presidente do Sinepe/RS.
Dalpiaz esclarece ainda que as escolas que têm oferta de Ensino Médio terão mais gastos no próximo ano letivo, diante das alterações nas cargas horárias previstas para o primeiro, segundo e o terceiro ano, o chamado Novo Ensino Médio. Isto também implica no cálculo do reajuste das mensalidades.
— Estas escolas têm mais custos do que tinham há dois anos. O Novo Ensino Médio está exigindo novos investimentos, novas capacitações, novos espaços, novos tempos... Porque antes tínhamos uma obrigatoriedade de 800 horas (anuais). Agora, passou para mil horas. Isso acaba pesando muito na folha — detalha o representante da entidade.
Além do custo com pessoal, outros itens como investimentos estruturais e tecnológicos e demais despesas são levados em consideração pelos gestores das instituições para aplicarem o aumento nas mensalidades, segundo ele.
— A escola procura sempre a sua sustentabilidade. Nisto, há sempre uma preocupação para se fazer um reajuste olhando os dois lados: o da escola e, ao mesmo tempo, a possibilidade de pagamento dos pais. A escola precisa ser sensível a isto — finaliza Dalpiaz.
O Sinepe/RS deve divulgar nas próximas semanas um levantamento estadual sobre os reajustes para 2023. No ano passado, a pesquisa junto a 114 escolas indicou um acréscimo médio de 9,8% nas mensalidades para 2022.
Percentual de reajuste nas mensalidades para o ano de 2023*
:: Cetec - UCS: 12,5%
:: Colégio Murialdo: 13%.
:: Caminho Rede de Ensino: de 8% a 12% conforme o seguimento, série e unidade.
:: La Salle Carmo: em torno de 11% em todos os níveis.
:: Colégio São José: ainda está indefinido, mas a projeção é de 10% a 12%.
:: La Salle Caxias: cerca de 12%.
:: Colégio São Carlos: Educação Infantil e Ensino Fundamental (1º ao 9º) será de 10%. No Ensino Médio, será de 8,1%.
:: Escola Raio de Luz: ainda sem definição.
:: Colégio Adventista: média de 8,7% em todos os níveis.
:: Colégio São João Batista: não retornou até o fechamento da reportagem.
*Percentuais de acréscimo divulgados pelas próprias escolas.