A economia de Caxias do Sul está em alta e a expectativa é de mais crescimento até o fim do ano. Em comparação com julho deste ano, agosto tem crescimento de 4,9%, graças ao equilíbrio dos setores de serviços, comércio e indústria, com respectivos crescimentos de 5,7%, 5,3% e 4,4%. Os números foram divulgados na terça-feira (4) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), na apresentação do desempenho da economia caxiense.
— Os dados são positivos. A tendência, se nada acontecer, é de se manterem positivos — acredita a presidente de Comércio da CIC, Idalice Terezinha Manchini.
Se comparado com o mesmo período do ano anterior, o desempenho é ainda melhor. A economia como um todo cresceu 7,5%, com destaques para o comércio, com uma alta de 17,2%, e serviços, com 9% - indústria ficou com 3,5%. O resultado positivo no varejo demonstra a recuperação sobre a pandemia. No período específico, a alta também é motivada pelo Dia dos Pais.
— Isso em função da maior circulação de pessoas, de mais consumo e a geração de emprego, que gera mais renda e mais consumo. A inflação menor também faz sobrar mais dinheiro no caixa das pessoas, os juros menores, o índice de confiança do consumidor está melhorando e o mercado está aquecido. As pessoas estão voltando a trabalhar, isso melhora o humor das pessoas e, por consequência, gera consumo — explica o gerente administrativo financeiro da CDL Caxias, Carlos Alberto Cervieri.
Uma observação importante é que as eleições 2022 não trouxeram efeitos para o desempenho da economia.
Na onda da indústria
O comércio espera crescer ainda mais com o Dia das Crianças, Black Friday, em novembro, e, por fim, o Natal. No acumulado do ano, inclusive, o varejo é o setor que mais apresentou crescimento: 10,8%. Indústria, enquanto isso, tem 2,9% e serviços, 0,5%. A indústria, que se manteve estável no último ano, também auxilia no crescimento dos outros dois segmentos.
— Tu tem um movimento natural para comércio e serviços, com demanda reprimida do ano passado. É natural, que a partir do momento que tu abriu as portas para receber o público, ele vem corrigindo, vem perdendo os efeitos negativos históricos e vem avançando. A indústria, embora com o período pandêmico, não parou como um todo. Por consequência disso, tivemos um efeito de investimentos na própria indústria devido a demandas que tínhamos no mercado. Esse efeito veio, tinha demanda por produto, a indústria conseguiu e colocou isso no mercado. Teve contratações, a contratação gera um efeito positivo, na questão que influencia comércio e serviços, porque tu vai ter de consumir um pouco a mais, e é uma roda que acaba girando — analisa Tarciano Mélo Cardoso, membro da diretoria de planejamento, economia e estatística da CIC.
Em outras palavras, serviços e comércio aproveitaram a onda da indústria. Como ainda explica Cardoso, o setor que mais emprega em Caxias tem "uma base forte" e por isso, não está "performando menos", mesmo que os índices possam parecer mais tímidos. A indústria caxiense aproveitou oportunidades no mercado interno, que surgiram por conta da pandemia e fatores como o aumento do preço do frete marítimo.
Maria Carolina Rosa Gullo, também integrante da diretoria da CIC, acrescenta ainda que benefícios de transferência direta de renda, como o Auxílio Emergencial e Auxílio Brasil, e programas de financiamento para manutenção de empregos criados na pandemia também "ajudaram a fazer o dinheiro circular".
— É uma combinação de fatores. E o processo de reindustrialização é importante. Acredito que seja ele que está puxando e alongando ainda mais esse período de bonança no mercado de trabalho, de ainda estar contratando, na medida em que as empresas se reinventaram — completa Maria Carolina.
Geração de empregos
Na geração de empregos, em agosto, Caxias criou 1,1 mil postos de trabalho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A indústria se destacou com 702 vagas de saldo, referente a 3,1 mil contratações e 2,4 mil demissões, enquanto serviços gerou 401 postos, com 2,8 mil admissões e 2,4 mil demissões. A construção e agropecuária perderam, respectivamente, 36 e 25 vagas de trabalho. No caso do agronegócio, o período de colheita de grandes safras não começou, o que explica o saldo negativo.
O comércio, enquanto isso, gerou 59 vagas, com 1,7 mil contratações e 1.650 demissões. Apesar do pequeno saldo positivo, o varejo está se aproximando dos melhores números de mercado de trabalho da história de Caxias. São 27.734 empregos, se aproximando de 2013 (27.846 postos de trabalho) e 2014 (28.328), que foi o melhor ano do município.
Balança comercial equilibrada
Entre importações e exportações em agosto deste ano, a economia caxiense tem saldo de 0,8%, com crescimento de 8,5% nas exportações e 13,9% nas importações. Em comparação com agosto do ano passado, a exportação teve crescimento de 64,1% e as importações de 36,7%, com saldo de 141,7%. O mês também teve o melhor acumulado dos últimos 12 meses, com saldo de 33,6%.
O principal destino das exportações são Chile, Argentina, México e EUA, com 42% dos produtos sendo materiais de transporte. Já 53,56% das importações são de máquinas e aparelhos, compradas, principalmente, da China, com destaque também para Itália e Alemanha.