As áreas escolhidas pela prefeitura para concentrar o comércio ambulante no Centro de Caxias do Sul estão sendo demarcadas. O trabalho de pintura é realizado por servidores, que iniciaram o serviço ainda na segunda-feira (18) e finalizavam a tarefa na tarde desta terça-feira (19). Essa é mais uma etapa do projeto da administração municipal que busca destinar espaços específicos para os ambulantes que ficam hoje, principalmente, na Avenida Júlio de Castilhos, entre os bairros São Pelegrino e Centro. A ação é planejada desde o início da administração do prefeito Adiló Didomenico (PSDB).
Os novos pontos, anunciados ainda no ano passado, serão na calçada da Rua Dr. Montaury, entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Pinheiro Machado (incluindo trecho da Praça Dante Alighieri); na calçada da Rua Marechal Floriano, em frente ao Banco Bradesco e, no outro lado da via, e também na Marechal Floriano, entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Sinimbu.
Ao todo, o espaço será ocupado por 100 ambulantes, organizados em grupos de 30, podendo variar conforme o tamanho da calçada. Cada um deles terá seu próprio toldo, de um 1,5 metro por 1,5 metro, que será montado e desmontado diariamente, no horário comercial. A prefeitura obteve as tendas por meio de uma parceria e cederá a estrutura gratuitamente.
Questionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura não informou a partir de quando os ambulantes serão organizados no novo espaço. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego, Élvio Gianni, também não quis dar mais informações sobre a fase atual do projeto.
Em previsões anteriores, o objetivo da administração é de que os espaços sejam ocupados ainda no mês de abril para que se inicie a desocupação das calçadas na Júlio de Castilhos. O regramento dessa iniciativa foi formalizado no mês passado com o programa Organiza Caxias, que estabelece como projeto-piloto a regulamentação da ocupação do passeio público para a venda de produtos.
A administração avalia que existe um ganho coletivo com essa ação. Um dos pontos é a própria organização e consequente embelezamento da região central. Outro aspecto é permitir melhores condições para a mobilidade dos pedestres. Há ainda o entendimento de que o projeto permite que os próprios ambulantes deixem de ficar expostos às condições climáticas e a um ambiente extremamente desconfortável.
Antes dos vendedores ocuparem os espaços, eles estão sendo cadastrados. Segundo a prefeitura, os ambulantes não poderão ter atividade com vínculo empregatício e deverão pagar, anualmente, uma taxa para obtenção do alvará, no valor de R$ 116,45, para a venda de produtos. As estruturas não serão permanentes. Futuramente, depois dessa primeira etapa, a prefeitura pretende criar o que chama de um centro comercial popular, a exemplo do atual camelódromo.
Áreas ficarão na praça e também em frente à uma moradia
Apesar de as quadras do Centro onde o comércio ambulante ficará organizado terem sido anunciadas ainda no ano passado, os locais exatos onde as tendas serão fixadas nestes pontos ficaram visíveis nesta semana a partir do início do trabalho de demarcação das áreas.
Na Dr. Montaury, por exemplo, os vendedores ficarão próximos a um estabelecimento comercial e também em uma parte da praça Dante Alighieri, em frente à Casa da Cultura. Na Marechal Floriano, as marcações indicam que o comércio de produtos será organizado próximo ao Banco Bradesco e também no outro lado da via, no trecho entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Pinheiro Machado.
No outro ponto da Marechal, as estruturas na quadra entre a Sinimbu e a Júlio de Castilhos serão organizadas próximo ao banco Itaú e também em uma residência de madeira, em frente à Livraria do Maneco, que é considerada como um dos casarões mais antigos de Caxias habitado por descendentes de uma mesma família.
A moradora do local, Teresinha Lais Amoretti, 81 anos, entende que a prefeitura deveria ter feito uma consulta sobre a instalação das tendas em frente à residência, o que, segundo ela, não ocorreu. Teresinha disse que não entende quais os critérios estabelecidos para a definição dos locais, já que, no entendimento da moradora, os demais pontos são próximos de estabelecimentos comerciais e o dela é o único próximo de uma moradia.
— Eu sabia que essa quadra era uma das escolhidas (para concentrar o comércio ambulante), mas nunca imaginei que seria bem na frente da minha casa. É uma das poucas residências que se tem no Centro, a casa é de madeira, as janelas são baixas. Não sou contra, acho uma iniciativa valiosa, mas não sei se aqui é um bom local. Sei que é uma via pública, mas os outros locais são próximos de muros, paredões e só aqui é de uma residência — lamenta.
Teresinha disse que vai consultar os demais herdeiros da casa para buscarem alternativas junto ao poder público. O jornalista Rodrigo Lopes, que assina a coluna Memória, contou a história do casarão da família, que remete ao final do século 18. A construção e o destino que a família deu para o local também foram destacadas em um livro.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Caxias do Sul não quis comentar o assunto.