Mais uma vez, Caxias do Sul é vanguarda. Reconhecida como a cidade polo do setor metalmecânico, Caxias passa a ocupar agora diversas etapas do mercado de veículos elétricos. Depois de Marcopolo, Randon e Agrale, é a vez da FNM entrar em cena. A FNM começa a vender o primeiro caminhão elétrico fabricado no Brasil. A primeira unidade foi apresentada na manhã desta terça-feira (27) na fábrica 1 da Agrale, parceira da tradicional FNM (a Fábrica Nacional de Mobilidades, que já foi Fábrica Nacional de Motores). A partir de agora, passa a ser reconhecida como uma empresa que desenvolve projetos de veículos elétricos.
Inicialmente, a empresa estatal brasileira foi concebida para produzir motores aeronáuticos, sendo considerada uma estratégia que levou em consideração o contexto da 2ª Guerra Mundial. Em 1946, a FNM lançou o primeiro avião motor.
A convite da FNM Elétricos e da Agrale, a reportagem do jornal Pioneiro foi convidada a testar o caminhão modelo 833. Antes mesmo de pisar no acelerador, a primeira reação é de estranheza com o silêncio do motor. Guiar esse caminhão é como dirigir um carro automático. Com uma particularidade a mais. A reação de aceleração e frenagem é mais rápida do que em um veículo mecânico. O motor dessa unidade testada é de 350hp, com torque instantâneo de 356,9 quilograma-força. O FNM 833 tem peso bruto total de 18 toneladas e uma autonomia, solicitada pela Ambev, de 100km. O tempo para recarregar as quatro baterias é de 4h.
Todo esse interesse pelos caminhões elétricos da FNM tende a aumentar. Porque desde o anúncio de que a Ambev havia feito a encomenda de mil unidades do veículo, o telefone não para de tocar. Aliás, o anúncio ao mercado nacional foi feito em uma data cabalística: 21/01/21.
— Além desse primeiro lote, de mil unidades, estamos com um pré-pedido de mais seis mil caminhões, um número que acredito ser bem expressivo — revela o carioca Ricardo Machado, CEO da FNM Elétricos.
As mil unidades para a Ambev devem ser entregues até o final desse ano. A parceria com a empresa se estabeleceu desde que a FNM Elétricos foi selecionada como uma das startups a fazer parte da Aceleradora 100+, que nasceu para desenvolver ideias de sustentabilidade. Ricardo entende que essa parceria está colocando não apenas a FNM de volta ao mercado, mas também está ajudando a desenvolver uma cadeia produtiva inovadora em Caxias do Sul.
— Nossos parceiros estão impressionados com a cidade. Por isso, vamos trazer para Caxias, a Octillion (empresa de baterias) e a Danfoss Editron (de motores elétricos), para se instalarem aqui dentro da nossa fábrica, que fica na Agrale. São empresas de alta tecnologia que vão fazer uma mudança radical na mentalidade da cidade — acredita Ricardo.
O CEO da FNM Elétrica revela ainda que a Agrale está preparada para fabricar de 150 a 200 caminhões, por dia.
— Estamos muito orgulhosos em participar de mais um projeto inovador em nossa história e certos de que essa iniciativa trará excelentes resultados para a Agrale e seus parceiros de negócio. Os produtos FNM possuem um sistema de propulsão elétrica e adotam as mais avançadas soluções existentes, o caminhão entregará alto desempenho e zero emissão de poluentes — destaca Edson Ares Sixto Martins, diretor comercial da Agrale.
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Zeca Martins, sócio de Ricardo Machado e, que trata das relações institucionais da FNM Elétricos, diz que a proposta é inovadora, porque não se trata apenas de vender caminhões, que estarão expostos em uma concessionária.
— Cada caminhão é feito sob demanda. Não fabricamos apenas caminhões, nós vendemos soluções em logística, desenhando o veículo para atender as necessidade específicas de cada cliente.
E o preço? Ah, esse é o maior segredo da FNM Elétricos.
— O preço de cada caminhão é o segredo da empresa que o comprou. Não abrimos para ninguém. Quem pode falar a respeito do preço é a empresa que comprou, se ela quiser — desconversa Ricardo.