Há um novo e ousado projeto da Marcopolo em fase de homologação. O Attivi Express é um modelo de carroceria urbana articulada e com chassis de propulsão elétrica indicado para médias e grandes cidades. O design é futurista e carregado de tecnologia. Para começar, os faróis são em full led. Espelhos retrovisores serão item do passado. Porque os motoristas desses ônibus vão ser guiados por um sistema de seis câmeras de alta definição, duas delas com infravermelho e monitores que cobrem um campo de visão maior do que os espelhos convencionais. Ou seja, é o fim dos “pontos cegos”, facilitando as manobras e aumentando a segurança.
– A mobilidade elétrica é uma tendência, porque os custos operacionais são muito inferiores quando se compara aos veículos a diesel, como a manutenção e o consumo – justifica João Magnabosco, gerente de Engenharia de Planejamento e Produto da Marcopolo.
Magnabosco revela que a Marcopolo tem em torno de 370 veículos, entre elétricos e híbridos, em operação espalhados pelo mundo. A maior frota de ônibus elétricos da companhia está na Índia, para onde foram vendidas 250 unidades entre 2018 e 2019. A maior aquisição, no entanto, será da Colômbia. Magnabosco explica que, de maio deste ano a fevereiro de 2022, a Marcopolo venderá 400 unidades para Bogotá, que serão utilizadas para 15 rotas, atendendo a cerca de 150 mil pessoas.
– A adoção da tecnologia elétrica no Brasil e no mundo está mais próxima dos ônibus urbanos, que operam em situação de arranca e para. Porque os veículos têm capacidade regenerativa de gerar energia enquanto o motorista freia o veículo, então o sistema recarrega a bateria. No Brasil, temos 75 veículos em utilização, sendo 30 modelos híbridos em Curitiba, e os demais são elétricos, em diversas cidades – comenta.
Com relação aos desafios do setor, sobretudo no transporte púbico, passa primeiro na tentativa de resgatar o passageiro que tem utilizado outras vias de mobilidade, em detrimento do ônibus. Mas também é preciso que haja interesse do poder público em aportar investimentos, além de viabilizar linhas de financiamento para fomentar a cadeia.
Na Randon, a ideia é antecipar soluções futuras
Soluções em tecnologia estão presentes em toda a cadeia do setor industrial. Na Randon, não seria diferente. A Suspensys, uma das empresas da companhia, lançou no final de 2019 uma solução de otimização energética chamada de módulo de tração e-Sys. É um desenvolvimento da própria empresa, vista como uma das mais inovadoras do setor instaladas no Brasil, testado na estrutura de última geração do Centro Tecnológico Randon (CTR).
O conceito utiliza o sistema auxiliar de recuperação de energia gerada durante a frenagem e descidas, capacitando a carreta a ajudar o caminhão a transpor aclives de forma mais eficaz e segura. Dependendo da aplicação, condição de carregamento e da condição da estrada, a economia de combustível pode chegar até a 25%, propiciando também menor desgaste dos componentes e menor emissão de resíduos.
– Na visão estratégica da Randon, precisamos dominar o quanto antes essa tecnologia da eletrificação e suas variações. Entendemos que precisamos acompanhar o desenvolvimento da tecnologia e criar as soluções. O impacto dessa cadeia não é a curto prazo, mas estamos olhando à frente para deixarmos as empresas mais prontas para o futuro – explica César Augusto Ferreira, diretor de tecnologia e inovação de produtos das Empresas Randon.
Entre os impactos a que se refere Ferreira está, por exemplo, o tipo de freio para essa nova tecnologia. Por isso, o diretor insiste tanto que é preciso desenvolver soluções antecipando as necessidades futuras, porque os componentes deverão ser adaptados a essa nova engenharia de uso dos produtos.
– Posso te dizer com toda a clareza que existem necessidades específicas que vão provocar alterações no material. Porque terá um atrito diferente no disco de freio, que vai interferir na pastilha, no tambor e na lona. E como a Fras-le é reconhecida por ser vanguardista, temos de antecipar as soluções das necessidades futuras – justifica Ferreira.
FNM volta ao mercado em parceria com a Agrale
O fato é de conhecimento do mercado. A tradicional marca FNM (Fábrica Nacional de Motores) vai colocar uma nova série de caminhões nas ruas. Também é de conhecimento público que a FNM fez uma parceria com a Agrale na fabricação de modelos elétricos urbanos de 13 a 18 toneladas, que serão montados na Unidade 2, em Caxias do Sul.
Ainda há um certo mistério quanto ao lançamento. Procurado pela reportagem, Zeca Martins, diretor de Relações Institucionais na FNM Elétricos, explicou que, por questões contratuais ainda não poderia dar mais detalhes do caminhão.
Em divulgação recente da Agrale, parceira da FNM neste projeto, o diretor-comercial Edson Ares Sixto Martins citou algumas das soluções inovadores da companhia, colocadas em prática nos últimos anos. Entre elas, em 2010, a fabricação do ônibus Hybridus (diesel-elétrico) que reduz o consumo de combustível em até 30% e a emissão de poluentes na mesma proporção. Já em 2012, a empresa apresentou o Agrale Marruá Utilitário 4x4 100% elétrico na Conferência Mundial do Meio Ambiente RIO + 20.