O mês de novembro teve saldo de 1.445 postos de trabalho criados no mercado formal de Caxias do Sul. Além de ser o quarto mês consecutivo com resultado positivo, é também o melhor desempenho desde o início da pandemia e segundo melhor do ano, atrás somente de fevereiro, quando 2.063 vagas foram criadas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quarta-feira (23).
O saldo é resultado da diferença entre as 5.876 admissões frente aos 4.431 desligamentos. O segmento que teve melhor desempenho foi a indústria, com 521 vagas criadas, seguido pelo comércio, com 512. O setor de serviços gerou 352 postos de trabalho e o agropecuário, 76.
O único segmento que teve saldo negativo na geração de empregos foi a construção, com 16 postos de trabalho suprimidos.
A economista e professora da Universidade de Caxias do Sul Maria Carolina Gullo afirma que os números demonstram a retomada da economia, puxada principalmente pelo setor industrial, e que o saldo positivo reflete o período que a Serra permaneceu na bandeira laranja do modelo de distanciamento controlado, até o fim de novembro, permitindo uma maior flexibilização das atividades.
— O que vivíamos no mês passado, com bares, restaurantes atendendo em horário ampliado, alguns eventos funcionando, inclusive a Mercopar, se refletiu nesse resultado positivo. Precisamos fazer a ressalva de que entramos em dezembro com um cenário mais restritivo e pode ser que isso não se repita. De qualquer sorte, a indústria ainda tem potencial para contratação, tendo em vista as notícias que a gente tem de que uma boa parte das empresas está com a demanda aquecida, com carteira de pedidos já preenchida para o primeiro trimestre — analisa.
No acumulado do ano, o saldo ainda é negativo. A diferença entre as 51.404 admissões e os 54.719 desligamentos que ocorreram ao longo de 2020 resulta em 3.315 postos de trabalho a menos. O saldo negativo mais expressivo no montante do ano concentra-se no setor de serviços, o mais afetado pelas restrições da pandemia. São 1.749 postos a menos, seguido por indústria (-940), comércio (-398) e construção (-318). O único segmento que tem saldo positivo em 2020, até agora, é o agropecuário, com 90 vagas criadas.
— Quando o setor de serviços achou que ia melhorar em função da bandeira laranja, veio a bandeira vermelha e as restrições. A gente fica na expectativa para saber como as pessoas vão se comportar nas festas de final de ano, para que esse efeito restritivo não pese ainda mais nesse segmento — afirma a economista.
Segundo Maria Carolina, a tendência é de que o acumulado do ano ainda melhore, mas não chegue a alcançar um resultado positivo.
— Isso é natural tendo em vista que o nosso setor industrial está buscando muita competitividade e, dentro disso, está procurando aumentar a produtividade da mão de obra. Então, se espera contratar menos, mas uma mão de obra mais qualificada e capaz de produzir mais — projeta.