Os consumidores estão procurando serviços e produtos com preços mais acessíveis para atender às necessidades do dia a dia e não impactar no orçamento do mês. Entre as alternativas estão os serviços de sapateiros, costureiras, lojas de roupas usadas – os brechós – e mecânicas de veículos. Apesar da crise, os setores são unânimes em afirmar que os negócios andam bem. Se não há um aumento significativo, também não houve redução do faturamento.
Leia mais
Cade aprova, sem restrições, incorporação da Neobus pela Marcopolo
A alegria dos produtores de vinho da Serra durou menos de 100 dias
Indústria e varejo de vinhos na Serra Gaúcha comemoram os bons números
O sapateiro Paulo Silva, 58 anos, diz que, normalmente, a procura por consertos no inverno tem um incremento de 40% a 50% em comparação com o verão. Este ano, no entanto, a procura aumentou antes do frio chegar. Nos primeiros cinco meses do ano, viu o trabalho crescer mais de 30%.
– Conserto entre 500 e 600 pares de sapatos por mês. A crise pegou e eles (clientes) mandam arrumar. Os sapatos novos estão caros e o conserto custa, em média, R$ 15.
O segmento de roupas usadas é outra opção para quem está com pouco dinheiro. Segundo a proprietária do Brechó Vila Germânica, Ana Maria Andrighetti, os preços variam de R$ 10 até R$ 140 para roupas de inverno. E é justamente nesse período do ano que as vendas aquecem o negócio.
Confira as últimas notícias do Pioneiro
– Há uns 20 dias, com a chegada do frio, houve um aumento nas vendas. O caxiense deixa muito para comprar com a chegada do inverno.
Apesar do bom movimento, Ana Maria diz que o mercado de brechós é insuficiente para manter o negócio e precisou diversificar a oferta de produtos.
– Trabalho com uma variedade muito grande de mercadorias, roupas novas, seminovas, tamanhos grandes, roupas para festas juninas, para a Semana Farroupilha. Também trabalho com roupas retrô para locação para filme, teatro, propaganda. Alugo roupas antigas de imigrantes italianos. Tenho um pequeno acervo.
Segundo Ana Maria, os brechós enfrentam a concorrência dos tradicionais bazares promovidos por entidades filantrópicas, que oferecem roupas e acessórios a preços insignificantes.
– Os clientes acham que tudo deve ter valor simbólico.
Costureiras em alta
A costureira Helena Basso, 59 anos, reforça o bom momento na área de reformas de roupas. Ela conta que há um ano o movimento dobrou e que poderia ter aumentado ainda mais se não tivesse outras profissionais que ingressaram no mesmo ramo em Forqueta.
– Acho que aumentou por causa da crise. A roupa pronta está muito cara. Estou tendo o dobro de trabalho e não consigo atender a todas as clientes que me procuram.
Helena conta que a maior parte é de reformas em peças femininas. Segundo ela, o número de clientes se deve também ao seu preço acessível – o conserto de uma barra de calça custa R$ 7 e a troca de zíper de jaquetas R$ 15.
– As mulheres estão querendo reformar as roupas do armário. Transformar casacos em coletes. Acredito que tenho bastante clientes porque sou barateira, no Centro é bem mais caro.
No mesmo ramo, Lídia Mascarello, 60, viu seu trabalho dobrar nos últimos meses.
– As pessoas estão comprando menos e reformando suas roupas. Não aumentei os preços, mas o faturamento cresceu – destaca Lídia.
– Não vejo a crise – comemora a costureira Belmira Tonin Barea, há 42 anos na profissão.
No setor mecânico, faturamento é estável
Outro setor que vê uma oportunidade no momento de crise é o de mecânica de automóveis. De janeiro a maio deste ano, a mecânica Passioner consertou 1.976 veículos. O faturamento da empresa é de R$ 1,03 milhão no período.
Apesar da situação estável, o sócio-proprietário da Passioner, Cícero Bridi, revela que, mesmo mantendo o número de atendimentos, estão ocorrendo cortes de 20% a 30% nos orçamentos para reduzir o valor final do serviço. A troca das palhetas do limpador de para-brisa e a de amortecedores estão entre os principais cortes dos clientes.
– Eles (clientes) autorizam o conserto somente do que for realmente necessário. Sem a palheta do para-brisa é ruim, mas o carro anda. Os amortecedores estão sendo usados até o fim da vida e os clientes nos perguntam se podem usar as pastilhas de freio por mais dois meses. O vazamento de óleo suja a garagem, mas muita gente acaba deixando (sem o conserto).
– Mesmo assim, não tenho do que reclamar – releva Bridi.