Com o aquecimento da economia e aumento de postos de trabalho, além do surgimento de novas faculdades e cursos técnicos (e até novas profissões), algumas funções tradicionais deixaram de despertar tanto interesse como no passado. Segundo recrutadores, é difícil conseguir, por exemplo, uma boa empregada doméstica, serralheiro ou padeiro. Muitos dos profissionais em falta teriam migrado para outros postos, especialmente para a indústria, com o intuito de receber mais. Mas, mesmo no setor, há alguns postos difíceis de preencher, como soldador.
- Funções como auxiliar de serviços gerais estão as que mais demitem e também entre as que mais admitem. Como o salário não é tão alto, as pessoas saem em busca de valorização financeira - aponta o coordenador da agência do Sine/FGTAS de Caxias, Antônio Pescador.
A coordenadora da unidade de Lourdes da InovaRH, Sabine Schüür, complementa:
- Costureira era uma profissão bem comum no passado e hoje é difícil de conseguir, assim como auxiliar de limpeza. É uma questão cultural. Temos currículos de antigas domésticas, mas que, quando ligamos por causa de um serviço de limpeza, elas dizem que não querem porque preferem ir para uma vaga na indústria.
O coordenador do Sine acredita que essa mudança cultural aliada à falta de divulgação da importância de algumas funções foram fazendo com que elas se tornassem menos atrativas.
Outro setor afetado pela falta de interessados, especialmente por causa do horário de trabalho que inclui sábados e até domingos, é o comércio.
- Caxias tem uma mentalidade industrial. As pessoas querem trabalhar de segunda à sexta, até as 18h. Mesmo se a vaga tiver uma remuneração interessante, comparável ou até maior com a indústria, a maioria não tem interesse - acredita o proprietário da Talentum RH, Ricardo Soldatelli Borges.
Experiente atrás do balcão, João Alberto Brezolin, 60 anos, ocupa uma das funções que não tem mais despertado tanto interesse nos jovens. Açougueiro há 36 anos, ele garante que a profissão vale a pena.
- Eu gosto e me acostumei tanto que, se tenho que ficar em casa, sinto falta. Tem dias em que parece mais uma diversão do que um trabalho. Eu tenho prazer em fazer as coisas e ver que elas dão certo. E faço isso por satisfação pessoal, não para mostrar para o patrão - depõe Brezolin.
Leia mais sobre o assunto no Pioneiro deste final de semana.
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