O setor de TV por assinatura no Brasil sempre ficou aquém das expectativas. Estudo de 2000 da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) previa que, cinco anos depois, haveria 16,5 milhões de assinantes de TV paga no país. Passados 10 anos, essa base alcançou somente 7,9 milhões.
Um dos motivos é a falta de licenças - só 465 cidades têm TV a cabo ou MMDS (por micro-ondas), num total de 5,5 mil municípios. Na última semana, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu mudar esse cenário, acabando com a limitação do número de empresas de TV a cabo e acenando com a retomada da venda de licenças.
- Faz 12 anos que o mercado espera por isso - afirma Leila Loria, presidente do conselho da associação Neo TV, que reúne as empresas de TV paga que não estão afiliadas ao sistema Net.
Até a decisão da Anatel nesta semana, existia um número limitado de licenças de TV a cabo que poderiam ser vendidas e, por isso, elas eram objeto de licitação. Os últimos leilões aconteceram em 1998. Naquela ocasião, a agência colocou à venda uma licença para São Paulo (onde já existem Net e TVA) e não conseguiu vender.
Desde então, houve a explosão da banda larga e o interesse das operadoras de telecomunicações nesse mercado. O conselho diretor da agência decidiu esta semana suspender, "em caráter cautelar", o planejamento de implantação dos serviços de TV a cabo que havia sido aprovado pelo Ministério das Comunicações em 1997, antes da instalação da Anatel.
Além de definir o número de outorgas por cidade, esse documento também limitava a prestação do serviço a cerca de 900 cidades. De acordo com a própria Anatel, existem mais de mil pedidos de outorga de TV a cabo em tramitação na agência. A expectativa do mercado é que a licença custe R$ 9 mil.